Entrevista Nota 10: Maely Borges e os novos rumos da responsabilidade socioambiental

seg, 16 setembro 2024 19:29

Entrevista Nota 10: Maely Borges e os novos rumos da responsabilidade socioambiental

Nova chefe da Divisão de Responsabilidade Social da Unifor compartilha experiências no âmbito socioambiental, falando sobre sua carreira e a trajetória junto à Universidade


Mestre e doutora em Administração pela Unifor, Maely possui MBA em Gestão de Pessoas (Foto: Ares Soares)
Mestre e doutora em Administração pela Unifor, Maely possui MBA em Gestão de Pessoas (Foto: Ares Soares)

O compromisso da Universidade de Fortaleza, mantida pela Fundação Edson Queiroz, com a sociedade se mostra cada vez mais concreto e amplo em diversas frentes de atuação: do voluntariado à educação e capacitação profissional, passando ainda pelo campo de prática para seus alunos. Receber pelo 19º ano consecutivo o selo de “Instituição Socialmente Responsável”, por exemplo, é reflexo dessa dedicação.

Segundo a professora Maely Barreto Borges, a Unifor tem programas de responsabilidade social amadurecidos. A nova chefe da Divisão de Responsabilidade Social da Vice-Reitoria de Extensão e Comunidade Universitária (Virex), que assumiu o cargo em agosto deste ano, tem como linha de pesquisa os Estudos Socioambientais. Ela acredita que esse tipo de projeto é transformador para quem participa, pois conecta pessoas em um contexto único.

“A visão de sociedade, a interdependência, o exercício de dividir e doar são elementos transformados por essas histórias que estão envolvidas por uma ação de responsabilidade social. Compreender a sociedade na qual estamos inseridos, suas necessidades e como podemos nos ajudar faz o profissional mais consciente da possibilidade de ação de seu papel cidadão”, explica.

Maely conta que teve contato com a responsabilidade social quando foi aluna de Mestrado e Doutorado em Administração da Unifor. “Depois disso, passei a perceber os projetos sociais com um outro olhar. Não os vi mais somente com a perspectiva de voluntária, que faz parte da minha história desde a adolescência, mas passei a analisar os projetos com um olhar de gestão”, diz.

Ela é graduada em Administração de Empresas pelo Centro Universitário FTC (UniFTC) e possui MBA em Gestão de Pessoas pela Universidade Salvador (UNIFACS), ambas na Bahia. Antes de vir como docente para Unifor, em janeiro de 2024, ela foi coordenadora geral de Pesquisa no Centro Universitário Christus (Unichristus) e segue atuando como parecerista em revistas científicas nacionais.

Na Entrevista Nota 10 desta semana, Maely compartilha sua experiência no âmbito socioambiental e fala sobre a nova posição frente à Divisão de Responsabilidade Social, assim como sua carreira e a trajetória junto à Unifor.

Confira na íntegra a seguir.

Entrevista Nota 10 — Você chegou no início de 2024 para ministrar aulas na área de Administração, mas sua história com a Universidade de Fortaleza remonta ainda a outros momentos. Poderia compartilhar como se deu essa trajetória acadêmica junto à Unifor? 

Maely Borges — A Unifor tem um papel significativo na construção profissional de quem passa por ela. Estive na Unifor primeiro como aluna, [quando] concluí o mestrado e o doutorado em Administração. Ambos foram momentos de transformação profissional. Para além da própria formação de um mestre e doutor que já tem esse papel, do estudante entrar em contato com suas habilidades, limites e como se desenvolver melhor, a Unifor sempre teve em minha história o papel de transformação.

Ainda como discente, ao ser desafiada em algumas questões às quais todo aluno se submete, a Unifor me mostrou que existem novas possibilidades de atuação. Tive contato com a Responsabilidade Social Universitária enquanto estudante. Depois disso, passei a perceber os projetos sociais com um outro olhar. Não os vi mais somente com a perspectiva de voluntária, que faz parte da minha história desde a adolescência, e passei a analisar os projetos de Responsabilidade Social com um olhar de gestão.

Ao cursar o mestrado e o doutorado na Unifor, desenharam-se novas possibilidades que não se mostraram reais até então. Voltar para a Unifor na condição de professora trouxe novos desafios e sentimentos em relação a esta casa. Novas possibilidades de atuação se delinearam no âmbito do trabalho administrativo e da nova sala de aula. Desse modo, o desafio se tornou instigante.

Entrevista Nota 10 — Como mestre e doutora em Administração, sua linha de pesquisa tem sido focada em Estudos Socioambientais. Qual a sua experiência nessa área? E por que estudar sociedade e meio ambiente no âmbito corporativo? 

Maely Borges — A atuação das pessoas nos ambientes organizacionais foi algo que me chamou atenção desde a graduação. Entrei na Unifor como aluna achando que o meu interesse estava restrito ao setor de Recursos Humanos, quando descobri que havia muito mais a ser observado. O olhar sobre a diversidade foi o ponto de partida. Algumas pesquisas com grupo minoritários me fizeram trazer novas lentes, perceber a questão sob outra ótica e entender o papel das organizações nessas relações. Estar em alguns lugares enquanto pesquisadora me fez entender como esses atores se percebem, como percebem o outro e como se relacionam.

A partir desse ponto, para começar a trabalhar com a extensão universitária, o caminho se desenhou de forma clara. Fazer sentido ao conteúdo teórico por meio da prática, e uma prática que fizesse sentido para quem recebe essa produção dos alunos, sempre foi algo lógico para mim. Damos atenção ao que, de algum modo, nos gera valor. O aluno dá atenção ao conhecimento que para ele tem valor. Meu papel como professora, e agora como gestora da Responsabilidade Social da Unifor, é mostrar esse valor.

Na extensão universitária, tive a oportunidade de trabalhar com diversos cursos do Centro de Ciências da Comunicação e Gestão (CCG). Essa compreensão da extensão nos cursos do CCG na Unifor, com suas particularidades, delineou uma visão mais completa desse movimento da extensão na educação.

Entrevista Nota 10 — Em agosto, você assumiu a Divisão de Responsabilidade Social da Vice-Reitoria de Extensão e Comunidade Universitária na Unifor. Como foi receber esse convite e o que ele representa para você, tanto pessoal quanto profissionalmente?

Maely Borges — Este novo momento se apresenta como uma oportunidade para aplicar ainda mais o conhecimento teórico adquirido para a promoção de projetos de Responsabilidade Social que gerem impacto. São novos contornos profissionais que se apresentam e que me instigam a me desenvolver ainda mais.

Entrevista Nota 10 — Pelo 19º ano consecutivo, a Universidade de Fortaleza recebeu o selo de “Instituição Socialmente Responsável”, certificação emitida pela Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). Como você avalia os projetos e programas de responsabilidade social promovidos pela Unifor? Qual o diferencial dessas iniciativas?

Maely Borges — A Unifor tem programas de Responsabilidade Social amadurecidos. Na forma como os projetos de Responsabilidade Social são conduzidos e na equipe que é envolvida, é possível perceber o nível de seriedade e compromisso desde as ações mais simples até aquelas mais complexas. Não é à toa que o Centro de Recondicionamento Tecnológico (CRT) Edson Queiroz, localizado na Unifor, é modelo para as outras unidades. O que é desenvolvido no CRT da Unifor é replicado para as outras unidades da cidade de Fortaleza.

Entrevista Nota 10 — Poderia mostrar sua visão sobre o trabalho de responsabilidade social promovido pela Unifor? Qual a importância dessas iniciativas não só para a população, mas também para a formação de profissionais conscientes e humanos? 

Maely Borges — Ao participar de um projeto de responsabilidade social, dificilmente uma pessoa finaliza o processo da mesma forma que iniciou. Esse tipo de trabalho tem o poder de transformar quem dele participa, pois faz ligações entre pessoas e suas histórias que talvez não aconteceriam em outro contexto. As pessoas são tocadas pelas histórias compartilhadas de alguma forma. A visão de sociedade, a interdependência, o exercício de dividir e doar são elementos transformados por essas histórias que estão envolvidas por uma ação de Responsabilidade Social. Compreender a sociedade na qual estamos inseridos, suas necessidades e como podemos nos ajudar faz o profissional mais consciente de sua possibilidade de ação de seu papel cidadão.

Entrevista Nota 10 — E para os próximos anos, quais são suas metas frente à Divisão de Responsabilidade Social na Unifor? O que podemos esperar para o futuro? 

Maely Borges — A Responsabilidade Social tem muitas frentes, e as possibilidades já se delineiam. Atuações ainda mais intensas da Responsabilidade Social com grupos de pessoas idosas trarão uma nova percepção para e sobre esse público. A pessoa idosa mais ativa, que tem novos interesses e iniciativas, é um público que se percebe. O projeto “60+ – Viver com Dignidade” tem diversos atores envolvidos, e essa construção coletiva nos permite perceber a pessoa idosa sob as diferentes óticas.

Outra frente de atuação é a educação. Por meio de um outro projeto, “Moedas do Conhecimento”, a temática da educação financeira é trazida para o dia a dia dos alunos da Escola Yolanda Queiroz. Na primeira etapa, foram capacitados os professores para conduzir a temática nas suas áreas de conhecimento já previstas pela Escola. Nas próximas etapas, serão envolvidos os alunos da Escola e suas respectivas famílias. 

Aproximação com as comunidades da cidade de Fortaleza, aproximação das ações de Responsabilidade Social junto aos grupos de pesquisa são ações que também estão no planejamento.