sex, 16 agosto 2019 14:51
Entrevista Nota 10: Paola Tôrres e o ofício da medicina através da arte
Medicina e Literatura de Cordel são os combustíveis de Paola Tôrres, professora da Unifor há 25 anos. Autora do livro “Andei por Aí”, é também fundadora do Instituto Roda da Vida, uma Organização Não Governamental (ONG) que oferece Medicina Integrativa a pacientes oncológicos. Agora, ela se prepara para participar de uma das mais importantes realizações da Universidade, que leva sua idealização: a inauguração da Cordelteca Maria Baptista das Neves, próximo dia 20 de agosto, às 9h30, no Auditório da Biblioteca Central.
Unifor: Professora, gostaria de começar com um perfil seu…
Paola Tôrres: Meu nome é Paola Tôrres Costa, estou na Unifor há 25 anos, já fiz bodas de prata. Estou aqui desde antes da formação do curso de Medicina, que é o que leciono hoje. Na verdade, eu fui convidada pela nossa reitora Fátima Maria Fernandes Veras, que na época era diretora do Centro de Ciências da Saúde (CCS), para implantar o laboratório de imunologia na Unifor. Eu sou uma das primeiras professoras titulares dessas ditas ciências básicas. Eu venho de Pernambuco, eu venho oriunda da Universidade de Pernambuco e também tenho no meu currículo ter sido aluna de Ariano Suassuna em estética do pensamento. Então, eu posso dizer que a minha trajetória no sertão e o Ariano foram coisas que me influenciaram muito. Ariano foi um profundo influenciador do meu pensamento jovem quando estudei com ele, eu tinha 18 anos e entrei na faculdade com 16. Naquela época estava acontecendo o Movimento Armorial em Pernambuco, então, Ariano, Antônio Nóbrega, Braúlio Tavares e todas essas pessoas envolvidas me influenciaram muito. Teve um certo momento que eu até pensei em sair da medicina e fazer teatro, escrita e música, mas continuei na área da saúde porque achei que era uma maneira mais efetiva de ajudar pessoas. Eu também passei um tempo no Rio de Janeiro, fiz o internato e a residência médica lá. Em um réveillon vim para Canoa Quebrada e me apaixonei pelo Ceará. Nunca passou pela minha cabeça que eu iria morar aqui, imaginei outros locais, como Londres, Xangai e até Nova York, nunca o Ceará, mas eu me apaixonei por esse lugar e esse céu. Recebi uma proposta de trabalho aqui, mas fiquei meio “cabreira” e acabei voltando para o Rio de Janeiro depois do réveillon. Em julho, eu vim passar as minhas férias aqui no Ceará, para ver se realmente era isso que eu queria. Quando acabaram as férias, eu já estava com um apartamento alugado para voltar e morar aqui.
Unifor: Isso foi em que ano?
Paola Tôrres: Isso foi em 1994, desde então estou aqui e venho trazendo a minha família. Meu filho é cearense, minha irmã mora em Juazeiro do Norte, minha sobrinha, que também é minha afilhada, nasceu em Barbalha. O Ceará se tornou uma âncora para mim e para minha família.
Unifor: Sobre sua relação com Ariano Suassuna, qual a influência dele na sua vida?
Paola Tôrres: Eu não cheguei a ser amiga do Ariano, foi mais uma relação de professor e aluno. Mas ele era uma pessoa impressionante, pela autenticidade, a grandeza poética, a simplicidade e a tentativa de desenvolver uma linguagem armorial que realmente mostrasse que existia uma erudição nesse nosso fazer, na questão da poética do sertão, dos cantadores, dos violeiros e tudo isso que acontecia nesse universo mágico que perpetra o sertão. O Ariano valorizava muito essa coisa dos mestres da cultura. Eu acho que ele me ensinou muito a olhar de outra forma o sertão de onde eu vinha, comecei a olhar a grandeza do local que eu vim. Eu me redescobri e redescobri o sertão na capital, a partir do olhar do Ariano.
Unifor: Ele também foi responsável pelo seu ingresso nas artes?
Paola Tôrres: Um pouco. Na verdade. eu queria mesmo era ser “cantadora”, violeira. Na fazenda do meu avô tinha essa tradição do “cantador”, do violeiro, de fazer a louvação.
Unifor: Onde ele morava?
Paola Tôrres: O sítio era em Gravatá, no interior de Pernambuco. Meu pai era uma pessoa que ia para a feira escutar “cantadores” que faziam improvisação. Então, eu tinha a vontade de fazer isso quando era criança. Eu juntava dinheiro para comprar e colecionar folhetos de cordel. Com 8, 9 anos eu tinha uma maletinha com muitas coisas de cordel. Eu também escrevia folhetos, grampeava as folhas de papel, escrevia à mão e também fazia a capa. Eu fazia meu próprio cordel, logicamente, com versos toscos, mas já tentava imitar aquilo e brincava com meus amigos como se estivesse na feira vendendo os meus cordéis.
Unifor: E a medicina, como entrou na sua vida?
Paola Tôrres: A medicina entrou muito mais por uma necessidade social mesmo. Eu via muito o povo sofrendo. Eu rodei pelo estado de Pernambuco, morei no sertão, na zona da mata. Eu via isso como uma intervenção social para ajudar as pessoas. Eu me surpreendi muito, porque ontem eu estava dando aula para o primeiro semestre, recepcionando os calouros da medicina, e fiquei muito impressionada com muito jovens dizendo que entraram na medicina também por essa questão social, muito deles de movimentos cristãos, que veem a medicina como uma forma de ajudar o outro de maneira mais efetiva. Não que qualquer coisa humana não interfere na vida de outra pessoa, qualquer ser humano, qualquer trabalho humano interfere na vida de um outro. Não é que o trabalho do médico seja mais importante, não estou advogando nada disso, acho que a pessoa que recebe o paciente, que coloca ele na maca, já está fazendo medicina. Porque como o paciente é colocado na maca, como ele é acolhido, como é recepcionado, aquilo ali já é medicina. Até ele [paciente] chegar no médico, todas as pessoas que realizam essa condução são responsáveis por essa medicina. Então, a medicina não é exercida apenas pelo médico. Eu resolvi exercer a medicina porque achava que efetivamente eu poderia ajudar as pessoas nesse fazer médico, eu queria fazer uma transformação social.
Unifor: E a oncologia?
Paola Tôrres: A oncologia foi por acaso, eu estava fazendo clínica médica na enfermaria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, que é umas das instituições mais antigas da cidade, foi fundada na época do Império. Eu estava na enfermaria de clínica médica, rodando no internato, que é o 6º ano do curso e nós temos que rodar nas quatro clínicas, e encontrei a dona Maria da Dores, que era uma senhorinha que tinha uma doença chamada mieloma múltiplo. Aquilo ali me comoveu muito e eu saí da enfermaria e fui pedir um parecer na outra que era na hematologia, quando eu cheguei lá eu encontrei um grande outro mestre chamado professor Hildebrando Marinho e eu fui pedir um parecer, era mais ou menos no começo da tarde e saí cinco horas da tarde, fiquei lá a tarde inteira conversando com esse professor. Agora você imagina, esse homem passar uma tarde conversando com uma aluna, no caso eu, do 6º ano de medicina e essa conversa plantou uma semente. Quando eu cheguei aqui em Fortaleza, existiam seis médicos hematologistas, eu sou a coordenadora da disciplina de hematologia da Universidade e hoje nós temos 40 ou 50 especialistas na área. Parte disso é resultado dessa conversa, não que eu seja unicamente responsável por isso, mas sou também responsável por isso. Então, ele [professor Hildebrando Marinho] lá no Rio de Janeiro se senta com uma estudante de medicina, gasta um tempo nisso e vai impactar na saúde do estado do Ceará. Então, imagina a amplitude da atuação de um professor, de um médico e de um mestre quando ele desperta outros olhares. Foi a partir daí que eu me apaixonei pela onco hematologia e nunca mais larguei.
Unifor: Além de artista e médica, você também é professora. Como habitam esses entes em você?
Paola Tôrres: Durante muito tempo eu fiquei tentando encontrar o “fio de Ariadne”, que nós chamamos de o “fio da meada”, mas na verdade é o “fio de Ariadne”. Eu fiquei a minha vida toda tentando achar o “fio de Ariadne” dessa história toda. Existe muito o preconceito, que é o conceito prévio das coisas, de que, por exemplo, um médico não pode ser um artista. Ou você é médico ou é artista. Disseram isso para o Belchior, que saiu da faculdade de medicina porque ele não encontrava o lugar dele ali dentro da Universidade, como se você não pudesse expressar a arte na medicina. Existe um cara chamado Victor Flusser que criou o “Músicos do Elo”, que são músicos que entram nos hospitais e fazem, através da música, uma terapia com os pacientes. Então, podem existir médicos que gostem de cantar e que usem a música como uma terapia. Eles estão no lugar deles de músicos, de poetas e de médicos também. Eu acho que essas duas carreiras não são conflitantes, mas num determinado momento da minha vida eu tive que optar. Tem momentos que você precisa optar e, como a gente diz no popular, “dar a carga” em uma determinada coisa. Então, teve um momento da minha vida que eu tive que partir para uma formação acadêmica mais formal, que era fazer mestrado e doutorado, e eu fiz nas ciências básicas, em farmacologia no modelo animal, é uma coisa bem mais hard. Eu sempre digo que medicina, cordel e cantoria são os remédios que vieram para curar. Eu, hoje, uso a poesia e a música para comunicar, para ensinar, tanto para a comunidade, porque eu acho que é uma linguagem muito próxima, as pessoas entendem muito, o coração fica muito aberto quando você usa essa linguagem. Eu acho que eu consigo colocar mais pessoas para falar de linfoma num cordel, em uma bienal, em um espetáculo, como eu fiz no Mundo Unifor, do que em uma aula de linfoma formal. Eu acho que a arte tem esse mérito de ser maior.
Unifor: Eu conversei com uma colega sua de profissão e ela me disse que você usa a arte para estimular os alunos. Como você desenvolve essa técnica em sala de aula?
Paola Tôrres: Por exemplo, quando eu vou dar aula de neoplasias hematológicas, que são os cânceres que acometem o sangue, eu uso um cordel “Essa tal neoplasia”, que eu mesma fiz. Eu chego na sala, distribuo os cordéis e faço cada um ler uma estrofe. A partir disso eu vou dando aula, eu ainda uso a técnica CG, que é cuspe e giz, mas agora é chamada de CP, cuspe e pincel. A gente faz mesas para discutir ética e a poética do cotidiano. Já tem vários trabalhos, várias intervenções na medicina, fora e dentro do Brasil, mostrando que médicos que conseguem apreciar a arte, gostam ver quadro e ouvir música clássica, apuram e refinam mais o diagnóstico. Porque o paciente traz uma linguagem não-verbal, ele tem uma dor no corpo e no olhar, uma ferida na alma que muitas vezes não consegue sair através da palavra, mas sai através dos gestos, de uma energia e até por uma linguagem corporal que você capta de tanto que você viu aquilo, por isso que você vai para médicos que são experientes, porque eles têm a textura do sofrimento mais apurada.
Unifor: Qual a receptividade dos alunos a essa sua técnica?
Paola Tôrres: Eu posso dizer que a maioria dos alunos fica bem impactada e gosta, outros acham bem chato e boçal, sempre tem os que são do contra, mas eu acho que isso é a minoria, eu não creio que seja a maioria dos alunos que não vai achar que isso é alguma coisa benéfica. Mas, eu acho que tem sim os que vão dizer: nossa isso não tem nada a ver, eu estava esperando mais. Também tem outros que dizem: estava esperando que a aula fosse muito chata e a senhora vem e traz uma coisa dessa, quero fazer isso também.
Unifor: Vamos falar do Drauzio Varella, como foi que nasceu essa relação com ele?
Paola Tôrres: Resolvi fazer um documentário chamado “Caminhos da cura”, fui para o interior fazer esse projeto que foi parte do meu pós-doutorado de medicina integrativa, na Unicamp. Eu fiz um filme e está no Youtube, se vocês quiserem ver é só colocar “Caminhos da Cura - Paola Torres”. Quando eu fiz esse documentário e mostrei para o meu orientador, que era o Nelson Felicio de Barros, ele disse que eu deveria escrever um livro, e eu fiz o “Andei por aí: narrativas de uma médica em busca da medicina”. Eu resolvi fazer todo em cordel e convidei o J. Borges, fui lá “na cara e na coragem” para o J. Borges fazer uma xilogravura para a capa. Cheguei lá, conversamos tanto que ele fez não só a xilogravura da capa, mas ele fez uma minha e de cada paciente, porque eu mostrei o documentário e ele ficou muito comovido com aquilo. Ele me ajudou, porque aquilo seria uma fortuna e ele fez por um preço irrisório todas aquelas matrizes de xilogravura. O livro, modéstia à parte, é lindo. E esse livro foi parar na mão do Drauzio, que me convidou para fazer uma websérie com ele, chamada “Sertão de dentro”. O Drauzio veio para o Ceará, para Quixadá, e a gente foi para o sertão conversar com as pessoas. Acho que ele pensou que não tinha aquilo não, mas tinha e ele acabou descobrindo. Foi muito bom viajar e conversar com ele. Ficamos amigos, ainda hoje nos falamos pelo WhatsApp quase que semanalmente. Toda vez que o povo quer alguma coisa aqui, perguntam para mim e eu digo para ele que eu sou a porta-voz dele aqui no Nordeste. Todas as vezes ele me saúda como “querida porta-voz”. Eu fiz uma segunda edição desse livro e foi prefaciada por ele, coisa que me honra muito. Eu acho que ele é uma pessoa que realmente tem feito a diferença na forma como as pessoas entendem a medicina, simples e direta.
Unifor: E agora você está com o projeto da Cordelteca. Pode falar um pouco desse projeto?
Paola Tôrres: Isso é um sonho. Eu queria muito que Ariano estivesse vivo para ver isso. É interessante como a Unifor tem esse viés artístico, que eu presumo que tem muito a ver com o falecido chanceler Airton Queiroz, ele tinha esse amor pelas artes. Essa biblioteca que deve ser valorizadíssima, que a gente tem um patrimônio incrível, o acervo de livros raros e pinturas que a gente tem aqui. Veio essa vontade de propor que aqui na Unifor tivesse uma cordelteca, que o cordel, como patrimônio da humanidade, fosse preservado, digitalizado. Tem obras que podem ser perdidas, então eu queria muito que essa organização do cordel, de uma forma acadêmica mesmo, que começassem a ter discussões acadêmicas sobre o cordel, propiciando crianças, jovens e pesquisadores a terem a oportunidade de ver o cordel, de manusear, discutir e conhecer os cordelistas. A gente está criando um projeto chamado “Quintas do cordel” que vai ser na primeira quinta-feira de todo o mês na nossa cordelteca, onde as pessoas vão poder ter o contato real com os poetas, os cordelistas, cantores e revisteiros. Então, os jovens vão ter a oportunidade de conhecer todo esse mundo que remete ao nordeste, às questões mais profundas da nossa gente, que discute todos os temas de uma forma muito simples e em uma linguagem popular que chega ao coração do povo. Eu tenho um grande amigo, o Tião Simpatia, que escreveu o cordel sobre a Maria da Penha, entre outros, que hoje é acadêmico da Academia Brasileira de Literatura de Cordel e se alfabetizou com o cordel aos 15 anos. Hoje, ele é um escritor e cordelista, isso é uma coisa maravilhosa. Então, nós temos a nossa cordelteca agora e é um motivo de imenso orgulho, alegria e satisfação, para mim. Eu acho que é um momento ímpar, porque é uma cordelteca dentro da sala Raquel de Queiroz, que foi a primeira mulher na Academia Brasileira de Letras, era desbravadora. A Raquel era uma mulher incrível e aqui na Unifor eu tive a oportunidade de pegar um livro dela com dedicatória de Guimarães Rosa, eu nunca imaginei e tudo isso tem aqui no Ceará, dentro da nossa Universidade. Agora nós temos a nossa cordelteca com um acervo de mil títulos, isso é só o começo, a gente vai ter muito mais. No futuro, nós temos um projeto para digitalizar todos esses cordéis, como uma forma de imortalizar isso, os versos de Zé Pacheco, Leandro Gomes de Barros, Evaldo Viana, Cego Aderaldo, Patativa do Assaré, Leonardo Mota, entre outros cordelistas. O Ceará não poderia não ter um cordelteca dentro de uma universidade, com todos os cordéis catalogados. O cordel vai entrar na academia e vai receber o título de doutor Honoris Causa, que vai ser conferido pela Unifor.
Unifor: E sobre o seu livro que vai ser publicado na Bienal do Livro do Ceará?
Paola Tôrres: Nós fomos fazer um levantamento no Observatório de Oncologia das últimas duas décadas e quando você vai para base de dados populacionais, que falam dos registros de câncer nesse período, tem quase o dobro de casos em pessoas com menos de 50 anos e isso tem assustado muito. Antigamente, não existia câncer de mama em mulheres jovens, hoje você vê mulheres de 28, 30 anos com câncer de mama. O câncer de próstata em homens muito jovens também e eu só via isso acontecendo em pessoas bem mais velhas. Isso também me motivou a escrever um cordel chamado “Vamos falar sobre câncer”, em que eu abordo os aspectos do diagnóstico, tratamento e prevenção para as pessoas normais, não é para médico. Com esse livro eu pretendo chegar no coração das pessoas e falar sobre vida sedentária, obesidade, tabagismo e uso de agrotóxicos. Nós precisamos alertar a população para tudo isso, porque você vai ter um percentual desses cânceres que não podem ser prevenidos, mas mais de 35% dos cânceres podem ser evitados e prevenidos. Esse livro que vai ser lançado na Bienal, no dia 17 de agosto. Eu vou dar uma aula espetáculo com a Monja Coen Rōshi, estão todos convidados. Vai ser a médica e a monja conversando e a gente vai falar exatamente sobre isso, como nós temos que tirar o medo e o preconceito da palavra câncer. A gente tem que falar sobre isso, desmistificar a doença para que possa prevenir o que pode ser prevenido e remediar o que não pode, alertar a juventude sobre os hábitos de vida, reduzir o estresse e a preservação do meio ambiente para que essa doença, que segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2029, vai haver uma inversão. Hoje, o acidente vascular cerebral, o infarto, é a maior causa de morte da população. Em 2029, a principal causa de morte vai ser o câncer. A estatística é bem sombria, se a gente não tiver cuidado. O livro fala sobre isso de uma forma divertida, em forma de cordel, com as ilustrações do meu grande amigo e parceiro Klévisson Viana. Vamos ter a oportunidade de cantar isso na cordelteca da Unifor, usar esse espaço maravilhoso para a gente discutir essa e outras questões, o direito da arte, da gastronomia.
Unifor: Para finalizar, eu não posso deixar de pedir um trecho de um cordel!
Paola Tôrres: Eu pensei em “Medicina, cordel e cantoria é remédio que veio para curar”, um dos versos diz assim: “Ensinar e aprender é a receita e o segredo da boa formação. Para o mestre e o aluno, é mais que irmão. Confiança é um laço que se estreita. O legado com orgulho se respeita. É fazer com amor para mudar, no humanismo podemos confiar. Ele é o pão que partimos todo dia. Medicina, cordel e cantoria é remédio que veio pra curar”.