Esmaltec inicia produção de capacetes que reduzem necessidade de intubação de pacientes com Covid-19
seg, 4 janeiro 2021 11:25
Esmaltec inicia produção de capacetes que reduzem necessidade de intubação de pacientes com Covid-19
O capacete denominado Elmo foi criado a partir de um esforço de diversas instituições cearenses, incluindo a Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz
A Esmaltec, empresa do Grupo Edson Queiroz, uma das maiores fabricantes nacionais de eletrodomésticos, iniciou em dezembro de 2020 a produção do capacete hiperbárico, equipamento desenvolvido no Ceará e que auxilia no tratamento de diversas doenças respiratórias, entre elas a Covid-19.
"Desde o início da pandemia nosso foco sempre foi ajudar a sociedade e os poderes públicos a minimizar os impactos da Covid-19. Fomos convidados pela Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, para integrar o time de desenvolvimento do capacete hiperbárico, através da parceria com pesquisadores, universidades e entidades de saúde. A nossa equipe de engenheiros fez o projeto dos componentes exclusivos e investimos em moldes de injeção específicos e únicos para esse produto", afirma Marcelo Pinto, Diretor Superintendente da Esmaltec.
Uniram forças nesse projeto, além da Esmaltec e da Unifor, o Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Saúde (SESA), a Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) e a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), além da Federação das Indústrias do Ceará (FIEC), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Ceará), e a Universidade Federal do Ceará (UFC).
Utilizando um mecanismo de respiração artificial não invasivo, o capacete pode ser aplicado em pacientes considerados de baixa e média complexidade, ajudando a reduzir até 60% a necessidade de intubação, evitando também a internação em uma UTI.
Para iniciar a produção na fábrica, a Esmaltec precisou criar um espaço exclusivo: a sala limpa. Muito utilizada na indústria farmacêutica, por exemplo, a sala limpa são ambientes controlados, com uma série de especificações para evitar a presença de partículas ou microrganismos que podem alterar o produto. Além da construção do espaço, funcionários da fábrica foram treinados por especialistas para produção e manipulação do ambiente controlado.
"Não medimos esforços nesse processo. Reestruturamos nosso espaço físico para construirmos a 'sala limpa', que é exigência da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Entendemos que precisamos continuar atentos e a postos para ajudar a sociedade nessa luta, não só contra a Covid-19, mas a qualquer doença que possa colocar as pessoas em risco", completa Marcelo.
Como surgiu o Elmo
O Elmo foi inspirado na experiência de médicos italianos que usaram máscaras de mergulho no tratamento de pacientes com Covid-19 e no uso de capacetes hiperbáricos, utilizados em doenças de descompressão, que também foram usados na Europa e nos Estados Unidos no começo da pandemia.
“A versão cearense do capacete de respiração assistida se diferencia dos equipamentos similares principalmente por envolver tecnologias, processos e materiais todos disponíveis no Ceará, tornando desnecessária a importação de insumos”, ressalta o professor Herbert Rocha, do curso de Engenharia de Produção da Unifor e um dos coordenadores do Laboratório de Pesquisa e Inovação em Cidades (Lapin).
A Unifor participa da iniciativa desde o início do projeto, abrangendo quatro etapas: concepção do produto, criação das peças, testes de validação do protótipo e integração das ações com as empresas do Grupo Edson Queiroz.
Como funciona o Elmo
O objetivo do Elmo é ofertar oxigênio em alto fluxo para o paciente. O capacete tem três ramos, um de entrada de oxigênio, o ramo de inspiração, e outro de saída de gás carbônico, o ramo de expiração. O terceiro ramo é destinado para a medicação e/ou alimentação do paciente durante o tratamento hospitalar.
O fluxo de oxigênio entra no capacete por meio da válvula Elmo, que abastece uma jarra de umidificação de ar. Esse umidificador joga o fluxo de oxigênio para dentro do capacete, passando neste momento por uma filtragem. O capacete tem internamente uma pressão positiva, que induz o fluxo de ar para dentro do paciente.
Quando o paciente solta o ar de volta, ele vem com gás carbônico contaminado, que poderia contaminar a equipe de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. Para evitar a situação, tudo que sai da cápsula para o ambiente é através do ramo de expiração, que contém um filtro Hepa.
Além dos ramos, o capacete Elmo tem uma membrana responsável por garantir a vedação no pescoço do paciente, com cinco tamanhos diferentes, adaptáveis ao peso e à altura do usuário. Essa membrana é importante para evitar o vazamento de ar contaminado, protegendo, assim, a equipe de profissionais de saúde.