Exposição “Unifor Plástica” revela e consolida grandes nomes das artes no Brasil

ter, 8 fevereiro 2022 14:29

Exposição “Unifor Plástica” revela e consolida grandes nomes das artes no Brasil

Com o tema “Corpo Ancestral”, a 21ª edição da mostra tem entrada gratuita e pode ser conferida até este domingo, 13, no Espaço Cultural Unifor


A mostra reúne obras de artistas de diferentes cidades do Ceará e do Brasil (Foto: Ares Soares)
A mostra reúne obras de artistas de diferentes cidades do Ceará e do Brasil (Foto: Ares Soares)

No mesmo ano em que começou a transformar o Ensino Superior no Ceará com a criação da Universidade de Fortaleza, em 1973, a Fundação Edson Queiroz deu início à abertura de novos caminhos para a história da arte cearense. Foi nesta data que a instituição lançou a primeira edição da Unifor Plástica, hoje consolidada como uma das maiores vitrines da arte feita no Ceará e no Brasil. Realizada bienalmente, a mostra está na sua 21ª edição e pode ser conferida até o próximo dia 13 de fevereiro no Espaço Cultural Unifor

Com o tema “Corpo Ancestral”, quase meio século depois da primeira edição, a Unifor Plástica segue promovendo um constante diálogo entre estilos e gerações e se reafirmando como lugar que revela novos talentos, ao mesmo tempo em que consolida grandes nomes das artes, especialmente de cearenses. Essa vocação fica clara nesta 21ª edição, ao levar às salas do Espaço Cultural da Unifor obras de quem viu a Unifor Plástica nascer, de quem já passou por ela em diferentes momentos da carreira e de quem está despontando entre os grandes nomes da arte no Brasil.

Exemplo disso é a interlocução feita entre as obras de Letícia Parente (1930-1991), Sérgio Helle e Cadeh Juaçaba. De trajetórias completamente distintas, os três artistas representam bem a revisão histórica afetiva entre quem já passou pelos corredores de grandes galerias e quem está chegando agora, proposta principal dos curadores Marcelo Campos e Pollyana Quintella.


O artista visual Sérgio Helle é um dos veteranos na Unifor Plástica (Foto: Ares Soares)  

Teia de diálogos

Considerada a pioneira da videoarte no Brasil, Letícia esteve presente na primeira Unifor Plástica, em 1973, e está de volta nesta edição como uma das homenageadas, ao lado da artista visual Nice Firmeza (1921-2013) e do pesquisador e escritor Gilmar de Carvalho (1949-2021)

Também veterano nas artes, o artista visual Sérgio Helle iniciou a carreira nos idos dos anos 1970, expôs na Unifor Plástica pela primeira vez em 1983, foi premiado em edições posteriores e agora expõe seu trabalho novamente na mostra; desta vez, já consolidado como um dos grandes nomes da arte cearense. 

“A Unifor sempre fomentou as artes no Ceará, seja pelas exposições que promove ou quando dá visibilidade a novatos e artistas consagrados a um só tempo. Já visitei muitas exposições e fui a muitas palestras no Espaço Cultural da Unifor, um lugar de formação de público que nos dá acesso gratuito a obras de valor inestimável que só vemos em grandes museus do mundo”, diz Sérgio.

Já o artista multimídia Cadeh Juaçaba participa pela segunda vez da Unifor Plástica como um dos representantes da nova geração, trilhando os mesmos caminhos da sua principal inspiração nas artes: a tia-avó Heloísa Juaçaba, artista plástica que participou da primeira edição da mostra. “Me sinto lisonjeado de estar entre os artistas participantes da Unifor Plástica pela segunda vez e é bonito esse fio que me traz de volta à tia Heloísa, através de uma mostra que até hoje une diferentes gerações de artistas do Ceará e do Brasil”, celebra Juaçaba.


Cadeh Juaçaba é um dos novos talentos cearenses que vem se consolidando nas artes (Foto: Ares Soares)

Unifor Plástica  

A 21ª Unifor Plástica está organizada em torno de três núcleos. O primeiro, intitulado “Pós-utopia”, apresenta obras que questionam a ideia de futuro como metáfora do progresso. Já o segundo núcleo, “Corpo Ancestral”, as obras giram em torno do empoderamento, da fabulação de identidades e da reivindicação dos saberes ancestrais como estratégia de produção de sobrevivência e vitalidade. O terceiro núcleo, “Naturezas”, parte do pressuposto de que a divisão entre natureza e cultura, entre o “inato” e o “aprendido”, é uma forma de fazer política, de separar, ordenar, categorizar e distinguir.

“Como curador da 21ª edição da Unifor Plástica, penso na mostra como uma possibilidade de atualização da cena artística e de um pensamento que vai analisando os sintomas recorrentes de uma produção contemporânea. Esses sintomas aparecem quando a gente cria uma pesquisa mais ampla, não somente em Fortaleza, como em Juazeiro do Norte, como se deu agora, em ‘Corpo Ancestral’. Exposição é sempre um momento em que a gente faz relações entre um e outro artista, entre a ampliação desse campo conceitualmente e materialmente, entendendo que são linguagens diferentes e obras com riqueza própria”, diz Marcelo Campos.

A 21ª Unifor Plástica pode ser conferida até este domingo, 13, no Espaço Cultural Unifor.

Serviço

21ª Unifor Plástica – Corpo Ancestral
Curadoria: Marcelo Campos e Pollyana Quintela
Em cartaz até dia 13 de fevereiro
Visitação: terça a sexta-feira, de 9h às 18h | Sábados e domingos, de 10h às 18h
Local: Espaço Cultural Unifor (Avenida Washington Soares, 1321)
Entrada gratuita