qui, 2 abril 2020 11:23
Saiba como cuidar de sua saúde mental durante o período de confinamento
A psicóloga Sabrina Matos, docente da Universidade de Fortaleza, comenta sobre como se comportar em quarentena para manter a mente saudável.
O isolamento social tem sido uma das principais formas de combater a proliferação da Covid-19. Apesar de ser uma medida segura para evitar o alastramento da pandemia, o período de quarentena não é nada confortável. As pessoas precisam lidar com questões como o afastamento de entes queridos, a restrição do direito de ir e vir e as incertezas acerca do novo coronavírus.
O confinamento pode trazer impactos na saúde mental da população. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem o maior número de pessoas que sofrem com crises de ansiedade.
Sabrina Matos, professora do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza, explica que o período de isolamento traz muitas questões à tona: “Talvez, o aspecto mais marcante em uma cultura do excesso e da correria seja exatamente o ato de parar, porque parar pode implicar em darmos conta de questões das quais preferimos não olhar. Que fazemos de conta que não existem, que não estão lá”, corrobora a docente.
A psicóloga explica que não há uma receita de como lidar com o confinamento. Algumas pessoas podem lidar de uma forma mais tranquila, enquanto outras podem entrar em pânico. “Em um primeiro momento, é preciso muita calma e paciência para que se possa processar o que está acontecendo. E, na medida em que vamos assimilando a situação, cada um vai se adaptando da forma como consegue”, esclarece Sabrina.
A professora também destaca que o contato à distância entre a família e os amigos pode funcionar como uma rede de apoio nos momentos em que a angústia bater mais forte. “Permitir-se ficar pra baixo, ficar deprimido, ser tomado pela angústia, não é algo ruim. Muito pelo contrário, é importante. Podemos passar a vida inteira sem ficarmos doentes mas não há possibilidade de pensar uma existência sem sofrimento. Nossa cultura tenta blindar as pessoas dos sofrimentos que fazem parte da vida e agora, diante do real que se apresenta, diante da incerteza, da possibilidade da morte, alguns ficam desesperados. Não há medicamento para a dor de existir. Viver é trágico”, opina a especialista, evidenciando a importância de que os sentimentos não sejam negligenciados.
Sabrina salienta ainda que o período de quarentena não significa o mesmo que ter férias. É importante que os alunos acompanhem as aulas nos aplicativos sugeridos pelos professores, conversem com os colegas de turma e realizem as atividades propostas - cada um no seu ritmo. O importante é sempre sinalizar para os professores e monitores as eventuais dificuldades.
“Aliados à essa nova rotina, devemos também direcionar a energia para atividades que proporcionam prazer, como ler um bom livro, escutar uma boa música, fazer uma comida gostosa, brincar com as crianças, exercitar-se. Tudo, claro, na medida do possível”, fomenta ainda a psicóloga. Entretanto, sobre o consumo de informações durante a pandemia, ela traz um alerta: “Acompanhar as notícias é importante e devemos nos atualizar sobre o que está acontecendo, mas não é recomendável ficar 24 horas por dia na tela da TV ou do computador fazendo isso”, conclui.
Vinícius Negreiros, estudante de Publicidade e Propaganda, relata que suas crises de ansiedade se agravaram no período da quarentena. De acordo com ele, as crises normalmente duram o dia todo e se devem às obrigações que precisam ser feitas. Como precaução para que as crises se agravem, ele compartilha: “Evito muito ver notícias pesadas sobre o coronavírus, como número de mortes ou expansão do vírus”.
Outro método adotado pelo graduando para evitar que a ansiedade aumente é se exercitar regularmente; em seu caso, aulas de zumba e yoga via canais do YouTube têm ajudado na hora de se movimentar. E, para não desviar dos estudos, Vinícius acompanha alguns vídeos que os professores postam por meio do IGTV, ferramenta da rede social Instagram. Tais atitudes estão dentro do que se recomenda para construir uma rotina saudável dentro do período de isolamento social; não somente para o corpo, mas também para a mente.