“Apps”: hoje essenciais, conheça desenvolvedores por trás dessas ferramentas

seg, 15 março 2021 18:34

“Apps”: hoje essenciais, conheça desenvolvedores por trás dessas ferramentas

Sabendo de seu impacto na vida social, docentes e discentes do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT) da Universidade de Fortaleza desenvolvem aplicativos a serviço da população. 


Aplicativos se tornaram uma parte importante do cotidiano de todos. (Foto: Getty Images)
Aplicativos se tornaram uma parte importante do cotidiano de todos. (Foto: Getty Images)

Programada para inovar, a cabeça de quem orbita em torno do Parque Tecnológico da Universidade de Fortaleza, instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz, faz planos ousados. Segundo o professor Lucas Moura, coordenador do curso de Ciência da Computação, é difícil encontrar quem não confesse, logo no primeiro semestre, seu maior desejo: criar nada menos do que o próximo Instagram ou Facebook. Apaixonada por aplicativos, a geração que nasceu colada a um smartphone dorme e acorda pensando em ferramentas que apresentem soluções algorítmicas para problemas da vida cotidiana. E alguns decidem mesmo entender a “mágica” por dentro, justo para interferir nela.

Esse desafio é abraçado cada vez mais cedo por docentes e discentes dedicados ao pensamento computacional aplicado. “Logo no primeiro semestre, temos a disciplina ‘Experimentação Orientada’, que é um bom exemplo de como queremos que nosso aluno coloque logo a mão na massa assim que entra na graduação. Partimos assim para entender o que é Design Thinking, metodologia usada para concepção de projetos e produtos com certo grau de criatividade e inovação. Provocamos uma tempestade de ideias e escolhemos a melhor entre todas para compor a solução de determinado problema. O raciocínio é esse: identificar o problema para entender em que ambiente e contexto ele ocorre, depois estudar o usuário, ou seja, o nosso público-alvo, pois assim é que criamos um aplicativo para atender às necessidades dele. Ou seja, primeiro é preciso criar empatia com o usuário para depois testar as aplicações que irão impactar na qualidade de vida dele”, detalha o professor.

Para Lucas, praticidade, agilidade, versatilidade e diversidade são os valores agregados aos serviços prestados por organizações das mais diversas áreas que migraram para aplicações em plataformas digitais e dispositivos móveis. “Sobretudo depois da pandemia, não dá mais para voltar atrás no processo de virtualização da vida. Para o setor corporativo, é questão de sobrevivência ter seu próprio aplicativo. Na Unifor, não faltam exemplos de projetos desenvolvidos ou em desenvolvimento que atendem a essa nova realidade”, explica o professor.

Saúde de bolso


Doutorando da Unifor, Joel Sotero coordena atualmente pelo menos quatro projetos de aplicativos voltados à saúde. (Foto: Acervo Pessoal)

A pandemia da Covid-19 fortaleceu o que já estava posto, mas ainda não tão a olhos vistos para a maioria das pessoas: a tecnologia aplicada à saúde salva vidas. Na Universidade de Fortaleza, é fértil o chão cibernético onde nascem as ideias ligadas ao Mobile Health, termo usado para a prática da medicina e da saúde pública apoiada por dispositivos móveis, como celulares e tablets. Professor da grande área da Computação e Engenharias, o também doutorando do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada da Unifor, Joel Sotero coordena atualmente pelo menos quatro projetos de pesquisa do tipo em fase de testes e prontos para embarcarem em aplicativos.

“Um dos projetos consiste no desenvolvimento/treinamento de uma rede neural para identificar uma doença rara específica através do processamento de imagem a partir de uma foto de corpo inteiro do paciente. Isso porque a doença em si tem traços característicos que a torna possível de ser classificada através da imagem, porém, por ser muitas vezes pouco conhecida, é difícil de ser diagnosticada em postos de saúde e serviços hospitalares em geral. Então, o aplicativo vem para auxiliar nessa identificação, graças ao uso da Inteligência Artificial”, sublinha Sotero.

O mesmo raciocínio sustenta outro projeto, para avaliação da idade óssea, que se vale de um raio X do paciente. Segundo Joel, o método mais comumente utilizado para tal é a comparação do raio X com um atlas de idade óssea,o que exige tempo e experiência por parte do médico indicado para fazer tal classificação. “A ideia do aplicativo é que, através da foto do raio X, ele mesmo possa fazer essa comparação e calcular a idade óssea com a precisão de um médico experiente. Ou seja, o médico recém-formado não precisará mais de anos de especialização para ter o diagnóstico na palma da mão dele”, adianta o professor, lembrando que os estudos, iniciados em janeiro último, ainda engatinham no âmbito da Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (DPDI).

A tecnologia também veio ajudar crianças a respirar. De modo lúdico e terapêutico a um só tempo, o professor e seu time discente vêm desenvolvendo jogos para estimular a utilização do Respiron, instrumento-chave na fisioterapia respiratória. “A ideia do projeto é justamente gamificar a utilização do Respiron. Parte do desenvolvimento de um sistema eletrônico microcontrolado que ficará conectado ao Respiron e é capaz de ativar um conjunto de jogos desenvolvidos para dispositivos móveis (android e IOS). Ou seja, o Respiron vai funcionar como um controle remoto para o jogo. Assim, há o estímulo à utilização do aparelho, principalmente junto às crianças, que se entediam com os exercícios repetitivos de soprar bolinhas que se movem mecanicamente”, sustenta Joel.

Fruto do edital de apoio a equipes, lançado pela DPDI, o projeto E-Nurse obedece à proposta de pesquisas interdisciplinares entre professores da graduação e da pós-graduação na Unifor. Ainda que interrompido durante a fase de restrições de convívio presencial imposta pela pandemia da Covid-19, prevê a criação de uma assistente ou enfermeira eletrônica, aos moldes da I.A. “Alexa”, voltada ao monitoramento de pacientes em home care. “O sistema é baseado em um dispositivo criado para monitorar os principais sinais vitais de um paciente, como temperatura, frequência cardíaca, saturação de oxigênio, fluxo respiratório e sudorese. Estes são enviados, através de IoT [internet das coisas], para uma interface da empresa de home-care. Com isso, pacientes são monitorados numa espécie de "hospital remoto". Além disso, o dispositivo se comunica, através do Telegram, com o médico, já que o paciente envia mensagens através de comandos de voz, enquanto o médico responde via telegram, levando o dispositivo a ler a mensagem para o paciente. É um monitoramento 24h a baixo custo”, comemora Joel, que pensou no aplicativo dado o estado de saúde da própria avó, acamada com Alzheimer.

Aluno do 6º semestre do curso de graduação em Ciência da Computação da Unifor, Albero Italo se orgulha em dizer que, aos 21 anos, já desenvolveu, junto ao professor Joel, o “respirômetro”. E, antes mesmo da façanha, na disciplina “Desenvolvimento de Plataformas Móveis”, seu trabalho final foi a concepção de um aplicativo para o gerenciamento de despesas e receitas financeiras para pessoas físicas. No rol de ideias prontas para a prototipagem está ainda o “Mago Party”, um jogo desenvolvido no computador que poderá ser exportado para outras plataformas e usado como aplicativo. “É uma ferramenta para auxiliar no Ensino Fundamental I. Primeiro, criamos uma narrativa: um mago precisa de ajuda para fazer certas coisas e ao ajudá-lo você é levado a aprender determinado conteúdo. Então, joga a favor do Mago e ao mesmo tempo aprende. Apresentamos esse projeto na Semana de Iniciação Científica e ele já gerou um artigo no semestre passado. Mas quero ir bem mais adiante... há um campo vasto de atuação no mercado para programadores de aplicativos e eu quero experimentar todos: da Educação à Saúde, passando pelos serviços mais corriqueiros e necessários”, vibra Albero.

Impacto social na palma da mão




Daniel Chagas é um dos líderes do Laboratório de Pesquisa e Inovação em Cidades (LAPIN), que faz parte do parque tecnológico da Unifor. (Foto: Acervo Pessoal)

Como seria dar aulas ou manter a dinâmica da vida acadêmica em tempos de distanciamento social sem aplicativos como o Unifor Online, Google Meet ou Discord? Para o professor do curso de Ciência da Computação e pesquisador do Laboratório de Pesquisa e Inovação em Cidades (LAPIN), Daniel Chagas, estudar, trabalhar, se deslocar, consumir e principalmente conviver em sociedade alheio às tecnologias móveis é, no mínimo, limitador. “Não há como negar o impacto social que a tecnologia aplicada à vida vem acumulando. Ao invés de demonizar, por receio diante de questões como privacidade ou segurança de dados, é preciso cada vez mais conhecer e saber usar. Porque ela não só aproxima pessoas como facilita o acesso a serviços e benefícios públicos ou privados que, de outra forma, seriam bem mais difíceis de chegar à maioria da população”, defende.     

Na Unifor, são os aplicativos recentemente desenvolvidos para a Prefeitura Municipal de Fortaleza que servem como case de sucesso e dão provas incontestes do potencial democratizante de ideias inovadoras geradas dentro do Parque Tecnológico. Fruto da mobilização de um time de docentes e discentes do LAPIN, o professor Daniel Chagas destaca o projeto “@valie Fortaleza”, que previu a criação de um aplicativo acoplado a totens eletrônicos de atendimento à população local usuária dos postos de saúde. “O intuito era possibilitar que a avaliação massiva do atendimento, da qualidade do serviço e da estrutura dos equipamentos de saúde do Município. O desafio maior, para nós, foi gerar empatia, ou seja, atrair pessoas que têm aversão ou medo da tecnologia, de modo que viessem a interagir a partir de uma interface convidativa. Então, o usuário poderia responder o questionário apertando aqueles botões coloridos ou interagindo por voz... E assim foi feito. Os totens foram espalhados por 180 postos de saúde em Fortaleza e, devido à boa resposta, mais de 100 equipamentos também foram encomendados pela Prefeitura de Sobral”, destaca o professor, que faz questão de dar crédito ao aluno bolsista e programador do dispositivo móvel, Rodrigo Liporace.


O estudante Rodrigo Leporace se orgulha dos aplicativos
que desenvolveu com a Unifor. (Foto: Acervo pessoal)

Para o estudante do 6º semestre do Curso de Ciência da Computação, o desafio técnico de programar um aplicativo de amplo impacto social e com uma interface “amigável” foi um presente caído das “nuvens” para quem sempre sonhou em seguir carreira na área e aos 25 anos já vê o sonho se tornar verdade. “Valeu à pena a confiança depositada pelo professor Daniel e ter tantas vezes enveredado pela noite trabalhando no LAPIN, um laboratório que é mesmo minha segunda casa - ou minha primeira nave -, um ambiente altamente criativo e equipado com a mais alta tecnologia para tornar possível as ideias mais mirabolantes. Tudo isso me estimulou a guiar minha carreira para as aplicações móveis e por isso também fui o programador do totem para a Cidade 2000, demanda que nos veio junto com um projeto de intervenção urbana no bairro. A Prefeitura ia modificar o sentido de uma rua e para fazer isso da melhor forma queria colher informações junto aos moradores. Foi fenomenal a adesão e o trabalho junto aos professores do LAPIN”, celebra Liporace.

No currículo - e na memória - também causa orgulho a participação como programador dos aplicativos para os projetos “Você faz Fortaleza” e “Alô Turista”, novamente em parceria com a Prefeitura de Fortaleza. O primeiro previa uma votação para obras prioritárias em espaços públicos da cidade e o segundo tinha a intenção de, através de aplicação de questionários eletrônicos, conhecer mais a fundo o perfil dos turistas atraídos para a capital. “Lembro que nessa época o professor Daniel viajou e tive que assumir a responsabilidade, além de programar os aplicativos. Mas deu tudo certo. Foram mais de 100 mil votos em 30 dias de totens funcionando pela cidade. A encomenda da Secretaria de Turismo é que acabou sendo um desafio técnico mais complexo, ao demandar enquetes e perguntas remotamente através de um painel administrativo criado pelo LAPIN. Programava de manhã na Unifor e à tarde íamos à fábrica garantir a execução dentro do prazo de entrega, o dimensionamento correto, a pintura, a configuração precisa do tablet em si... Suamos, mas deu match”, diverte-se o estudante.

Na agulha, o professor Daniel Chagas anuncia o próximo desafio coordenado por ele no âmbito da DPDI: um projeto de aplicativo para validação de receita médica. “A Prefeitura de Fortaleza, como várias outras, tem problemas com receitas falsas, por conta de pessoas que utilizam carimbos falsos de médicos e pegam medicamentos de distribuição gratuita inadvertidamente nos postos de saúde. Desenvolvemos uma sistemática na forma de hardware validador, um aplicativo que permite que os médicos possam inserir um código numérico na receita e que isso possa ser validado na outra ponta, na entrega do medicamento, mesmo que não exista internet. Essa solução está patenteada pela Unifor e em breve o aplicativo será oferecido de forma particular para as prefeituras”, comemora. 

Abaixo, você confere uma lista de aplicativos desenvolvidos pelo Núcleo de Aplicação em Tecnologia da Informação (NATI) da Unifor. Você também pode ler mais sobre outros projetos clicando aqui.

Conheça aplicativos desenvolvidos pela Unifor por meio de seu Núcleo de Aplicação em Tecnologia da Informação (NATI)

O aplicativo fornece informações sobre o enfrentamento à violência sexual contra a mulher, contribuindo para o enfrentamento da problemática e para a formação e qualificação de profissionais em setores ligados ao tema.  
 

Fruto da parceria entre Hemoce e Unifor, o DoeSangue tem como objetivo ampliar e fidelizar a rede de doadores de sangue no estado do Ceará. O aplicativo oferece serviços e informações que facilitam o processo de doação e valorizam as ações do doador. 

O VoiceGuard é uma ferramenta de auxílio para profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho, com foco em professores.
 

Esta ferramenta é utilizada para gerenciar as informações coletadas no Campus Saudável da Unifor. Os relatórios gerados a partir desses dados são encaminhados para as Secretarias de Saúde Municipal e Estadual, como parte do processo de monitoramento não apenas interno da instituição, como também da população de forma geral.

O ReaV auxilia no tratamento de pacientes com vertigem e apoia na formação prática de alunos do curso de Fonoaudiologia, principalmente no que tange a área de pesquisa.

O PrevSU objetiva apoiar na prevenção do suicídio de idosos, oferecendo informações úteis aos cuidadores, permitindo a identificação de comportamentos de risco e direcionando medidas preventivas.

Este aplicativo foi desenvolvido com o intuito de auxiliar profissionais da saúde e pacientes no gerenciamento do autocuidado e prevenção de complicações por úlceras em pés de diabéticos.

Amamente e Doe é uma ferramenta de apoio à participação ativa das mamães no processo de amamentar e na doação de leite materno, visando melhorar a relação delas com seus bebês, com a unidade de saúde em que fazem acompanhamento e com os bancos de leite humano do estado do Ceará.

Renal Health é um aplicativo desenvolvido para ampliar os conhecimentos da população sobre doenças renais e apoiar o paciente renal crônico tanto na produção de conhecimentos, como no acompanhamento contínuo do seu estado de saúde.

O aplicativo auxilia na concepção de uma abordagem em tecnologia de apoio à família de crianças com diagnóstico de autismo.

O objetivo da plataforma é facilitar o acesso e aumentar o alcance dos produtos realizados dentro do núcleo de rádio do curso de Jornalismo da Unifor.

Um jogo sério, do tipo perguntas e respostas, concebido para apoio ao estudo da disciplina de próteses dentárias do curso de Odontologia da Unifor.