sex, 7 outubro 2022 08:15

Aumento da taxa de juros americana e continuidade de turbulências geopolíticas derrubam bolsas e aumentam percepção de risco global

A volatilidade medida pelo VIX, índice muito utilizado como parâmetro de volatilidade das bolsas e conhecido como índice do medo, anotou expressiva alta de 22,23%.

O Boletim de Mercado de Capitais, elaborado pelo curso de Finanças da Universidade de Fortaleza, tem como propósito trazer informações da seara financeira e análises dos principais fatos do mundo dos investimentos, em escala global, nacional, e especialmente do mercado financeiro cearense.

Mercado de Capitais Internacional

A economia norte-americana vem apresentando inflação resiliente nos últimos meses, o que traz temor do mercado em política monetária ainda mais restritiva. A inflação americana, medida pelo índice CPI, referente ao mês de agosto foi oposta ao que o mercado esperava, que projetava uma queda de 0,1%, mas efetivamente foi positiva em 0,1%, repercutindo em uma onda de aversão ao risco. No cenário de dinâmica inflacionária elevada, sendo necessária atuação mais rígida da autoridade monetária americana, o Federal Reserve anunciou alta de 0,75 p.p. nos juros básicos americanos, impactando negativamente o mercado global de renda variável.

Ainda no contexto internacional, as tensões geopolíticas continuam latentes, agora em relação aos gasodutos Nord Stream, principal meio de exportação do gás russo para os países europeus, que apresentaram vários vazamentos ao mesmo tempo, levantando suspeitas de sabotagem e terrorismo internacional.

Diante das turbulências inflacionárias e geopolíticas, a volatilidade, medida pelo VIX, índice muito utilizado como parâmetro de volatilidade das bolsas e conhecido como índice do medo, anotou expressiva alta de 22,23%. Entre os principais índices de renda variável, foram observadas quedas de 9,34% e 8,83% no S&P500 e Dow Jones, respectivamente.

Quadro 1 - Comportamento dos principais índices e ativos pelo mundo (Setembro/2022)

Fonte: Valor Data; Investing.com

Mercado de Capitais Nacional

Em sentido contrário do mundo, a inflação no Brasil vem apresentando forte recuo nos últimos meses. O IPCA, índice oficial de inflação, referente ao mês de agosto foi abaixo do esperado, fechando em uma queda de 0,36%. Segundo projeções, a exemplo do relatório Focus, publicado pelo Bacen, os mercados vêm aumentando suas estimativas do PIB brasileiro e reduzindo as previsões do IPCA por várias semanas consecutivas.

Sob a ótica do mercado de trabalho, o país criou 278,6 mil empregos formais em agosto. Considerando o estoque de empregos formais no país, ou seja, o total de pessoas empregadas com carteira, são 42,5 milhões de trabalhadores em agosto, o maior resultado para o mês de toda a série do Caged, segundo o Ministério do Trabalho. O resultado do emprego formal em agosto superou a expectativa do mercado, que previa saldo de 265 mil postos.

No mercado de capitais, o Ibovespa, o principal índice da bolsa de valores brasileira, apresentou ligeira alta de 0,47%, com 11 pregões positivos e 10 pregões negativos.

Quadro 2 - Comportamento dos índices no Brasil (Setembro/2022)

Fonte: Valor Data; Investing.com

Quadro 3 – Melhor desempenho no Ibovespa (Setembro/2022)

Fonte: Infomoney.com

Quadro 4 – Pior desempenho no Ibovespa (Setembro/2022)

Fonte: Infomoney.com

Índice de Ações Cearenses (IAC)

O Índice de Ações Cearenses (IAC) no mês de setembro obteve baixa de 2,25%, enquanto o Ibovespa no mesmo período apresentou alta de 0,47%. No acumulado do ano o IAC apresenta baixa de 25,04%, enquanto o Ibovespa apresenta alta de 4,98%. No retorno acumulado dos últimos 12 meses, o IAC apresentou desvalorização de 37,21% enquanto o Ibovespa caiu apenas 0,85%.

Neste mês, das nove ações que compõem o índice, grande parte apresentou desempenho negativo, com destaques para: PGMN3 com valorização de 10,61%, HAPV3 com valorização de 3,98% e MDIA3 com valorização de 3,64%. Do lado negativo, merecem atenção a ARCE e AERI3 com perdas de 16,62% e 13,36%, respectivamente.

Veja mais sobre o IAC clicando aqui.

Ação estudada do mês: Brisanet (BRIT3)

a) Análise fundamentalista

Quadro 5 – Indicadores fundamentalistas

Fonte: TradeMap
Posição: 01.10.2022

Índice P/L é calculado a partir do preço da ação dividido pelo lucro por ação anual do ativo. Ele representa o quanto o mercado está disposto a pagar pelos ganhos de uma empresa. No caso da BRIT3, o P/L é igual a 452,93.

O índice P/VP é obtido após a divisão entre o preço do ativo e o valor patrimonial da empresa. No caso da BRIT3, o valor do P/VP de 1,06 indica que o preço de negociação do ativo é bem próximo do seu valor patrimonial.

Para se obter o cálculo percentual do Dividend Yield de uma empresa deve-se dividir o valor de dividendos pagos durante um determinado período pelo preço da ação, antes da distribuição de dividendos e multiplicar por 100. Através do DY é possível entender a relação entre os dividendos que a empresa distribuiu e o preço atual da ação da companhia. O DY da BRIT3 é 0,04%.

Importante ressaltar que a empresa abriu o capital no segundo semestre de 2021 no segmento do Novo Mercado (nível mais alto de governança corporativa) e vem reinvestindo bastante na empresa (o que justifica o dividend yield próximo de 0,00%), o que pode distorcer alguns indicadores, dado a abertura de capital recente. Além disso, recentemente a empresa atingiu o número de 1 (um) milhão de clientes, e já está se preparando para a implementação do 5G no país.

b) Análise técnica

Gráfico 1 – Gráfico diário BRIT3

Fonte: Profit

O gráfico mostra uma possível reversão da tendência primária de baixa, demonstrada pela LTA (Linha de Tendência de Alta) secundária marcada em verde, mas barrada por uma forte resistência na faixa de R$ 3,50 - R$ 3,80.

O HMACD decrescente, juntamente com o IFR ainda próximo à região de sobrecompra, indicam uma probabilidade maior do ativo realizar uma correção de curto prazo antes de um novo impulso de alta na busca do rompimento da resistência na faixa de R$ 3,80.

Equipe de elaboração

Professores

• Prof. Luiz Fernando Gonçalves Viana
  Economista - Corecon-CE n. 2.718-9
  CNPI-P – n. 3122
   
• Prof. Allisson David de Oliveira Martins
  Economista - Corecon-CE n. 3221
   
• Prof. Ricardo Eleutério Rocha
  Economista - Corecon-CE n. 1457

Alunos

• Artur Sampaio Pereira - Ciências Econômicas
• Matheus Santiago de Oliveira Tavares - Ciências Econômicas
• Vicente Aníbal da Silva Neto - Ciências Econômicas