Curso de Cinema e Audiovisual exibe o longa “O Sertão das Memórias” seguido de conversa com realizadores

Curso de Cinema e Audiovisual exibe o longa “O Sertão das Memórias” seguido de conversa com realizadores

Cine Diálogos Virtuais desta sexta-feira, 12 de junho, reúne a equipe 29 anos após as filmagens


Gravações de
Gravações de "O Sertão das Memórias" no ano de 1991, em Miraíma, no interior do Ceará (Foto: Divulgação)

O longa-metragem “O Sertão das Memórias” será exibido nesta sexta-feira, 12 de junho, às 19h, pelo projeto Cine Diálogos Virtuais, do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz. Na sequência, acontece um bate-papo com Antônio Luis Mendes (fotógrafo), Flor Fontenele (diretora de arte e atriz), Joe Pimentel (assistente de câmera), Fausto Wolff  (produtor e ator) e Amaury Cândido (continuísta e ator).

Por meio do ambiente on-line do Meet (Google), o encontro virtual será aberto à participação dos alunos do Curso de Cinema e Audiovisual. Com mediação do professor Márcio Câmara (produtor, still e técnico de som direto do longa) e do professor Valdo Siqueira, esta edição do Cine Diálogos Virtuais ocorre no âmbito das disciplinas “Cine Experiência III” e “Documentário” da graduação.

“O Sertão das Memórias”, filmado em 1991, em Miraíma, no interior do Ceará, foi finalizado em 1996. Um dos poucos filmes realizados após a extinção da produtora e distribuidora estatal Embrafilme. Feito por uma equipe de oito pessoas, protagonizado por pessoas comuns, não atores. É o único filme filmado no Ceará premiado no Sundance Film Festival, nos Estados Unidos. Recebeu, também, premiações em Berlin, Toulouse e Margarida de Prata pela CNBB.

“Reunir a equipe, 29 anos depois de estarmos juntos, abre uma possibilidade de que cada um possa falar das suas memórias, comentando esteticamente algumas das decisões tomadas na hora de filmar. É importante que os alunos da Unifor possam ter a oportunidade de compartilhar essas lembranças para entender como esse filme foi feito, tendo a oportunidade de conhecer os membros da equipe que tornaram possível essa aventura”, declara o professor Márcio Câmara, produtor, still e técnico de som direto do longa.

Para Câmara, a exibição do filme tem relevância histórica. “Era 1991 e o eleito presidente Collor de Mello havia extinto a Embrafilme no ano anterior. Eu tinha o desejo de fazer cinema no Brasil, em especial no Ceará, lugar até então com nenhuma política de apoio ao audiovisual. Mesmo diante dessa realidade, organizei desde São Francisco, na Califórnia [onde estudava Cinema], juntamente com o produtor Fausto Wolffenbuttel, uma pequena equipe de produção e nos largamos para Fortaleza para dar início ao filme”, conta.

Na capital cearense, Câmara contactou o amigo Amaury Cândido, recém egresso da Escola de Cinema de Cuba. Foi apresentado ao cineasta cearense Joe Pimentel, que estava interessado em fazer assistência de câmera para o experiente fotógrafo Antônio Luis Mendes. “Não tínhamos dinheiro para produzir e buscamos apoio com pessoas que estavam nas instâncias de cultura: Blanchard Girão na Secretaria de Cultura do Estado e Cláudio Pereira na Prefeitura. Conseguimos um carro de apoio que dependia da disponibilidade do que iria acontecer no dia da filmagem. A produtora funcionava na casa dos meus pais, que apoiaram o filme dando hospedagem e alimentação. Filmamos por alguns dias em Fortaleza e nos transferimos para Miraíma, perto de Itapipoca”, recorda.

O longa-metragem “O Sertão das Memórias” mistura ficção e documentário. Segundo Márcio Câmara, a narrativa híbrida influenciou gerações de realizadores, tanto pela fotografia quanto pelo uso do som direto. O filme se tornou um símbolo do que ficou conhecido como a “retomada do cinema brasileiro”. Além disso, deixou o exemplo de um método de produção “possível e de grande efeito”, realizado por poucas pessoas.

Sinopse

Em “O Sertão das Memórias”, entre milhares de fotografias, retratos de um povo agradecendo os favores recebidos do céu. No meio de ex-votos em forma de cabeças, pernas e braços, surgem os personagens do sertão, Antero e Maria, heróis sem laurel das terras tórridas e sofridas do Nordeste do Brasil. Maria é o símbolo-mulher, um rosto forte do sertão, conclamando beatas para a missão de rezar pelas terras do Brasil dos contrastes sociais. Ela viaja numa missão de oração, passando por cidades, favelas e paisagens rurais. Entre os rostos dos sertanejos, ela ouve falar do Dragão, o inimigo explorador. Nas passagens de suas memórias, Maria encontra Antero.

Conheça a história dos profissionais que fizeram parte de “O Sertão das Memórias” e participarão do Cine Diálogos Virtuais desta sexta-feira, 12 de junho.

Antonio Luiz Mendes

fotógrafo

Rio de Janeiro (1946) - Estudou Ciências Econômicas e Comunicação, mas optou pelo cinema na área de captação de imagens. Fotógrafo premiado, trabalha desde meados da década de 1970 como diretor de fotografia. Alguns dos seus créditos incluem “Memórias do cárcere”, de Nelson Pereira dos Santos; “Pagu”, de Norma Benguell; “Ópera do Malandro”, de Ruy Guerra, “Guerra de Canudos”, de Sérgio Rezende; “Das Tripas Coração”, de Ana Carolina Soares, “Crônica de um Industrial”, de Luis Rosemberg, “Jardim das Folhas Sagradas”, de Pola Ribeiro, entre vários outros.

Flor Fontenele

diretora de arte e atriz

Fortaleza (1963) - Defensora dos direitos da criança e do adolescente, educadora social, produtora cultural e diretora do Programa de TV Nazaria.

Joe Pimentel

assistente de câmera

Fortaleza (1961) - Fotógrafo e Diretor de filmes e vídeos, iniciou sua carreira na década de 1980 realizando filmes em Super-8. Participou como Operador de Câmera, Fotógrafo e Assistente de Direção de diversas produções rodadas no Ceará. Diretor de vários filmes premiados nacional e internacionalmente, é professor de Fotografia e Direção no curso de Cinema da Casa Amarela, órgão da Universidade Federal do Ceará. Dirige a Trio Filmes Produções, onde atua em projetos culturais, e no mercado publicitário como diretor de filmes.

Fausto Wolffenbuttel

produtor e ator

Porto Alegre (1960) - Produtor e Arborista. Estudou Cinema no City College de São Francisco, na Califórnia. Realizou diversos filmes em Super 8mm e em 1987 funda a No Ar Produções, produtora de conteúdo audiovisual. Trabalha como Arborista desde os anos 2000, com destaque para projetos ambientais urbanos, permacultura e reflorestamento. Vive atualmente no campo, próximo a Quito, no Equador.

Amaury Cândido

continuísta e ator

Fortaleza (1963) - Graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará, tem Especialização em Cinema e Televisão. Fez parte da primeira turma do Curso Regular da Escola Internacional de Cinema e Televisão, em Cuba. Produziu “It's All True”, da Paramount Pictures; “O Amor Não Acaba às 15h30”, de Marcus Moura;  “Torpedo”,  de Márcio Câmara, e “As Mães de Chico Xavier”, de Glauber Filho e Halder Gomes,  entre outros filmes.  Tradutor de alemão,  espanhol, inglês e italiano, já legendou mais de 600 filmes, entre curtas,  médias e longas metragens para o português e vice-versa. Dirigiu os curtas “Saudade” e “Cílios Postiços”.

Márcio Câmara

produtor, still e técnico de som direto

Fortaleza (1963) - Graduado em Cinema pela San Francisco State University (1993) e Mestre em Comunicação, na área de Estudos de Som, pela Universidade Federal Fluminense (2013). Produziu e dirigiu diversos filmes, em diferentes bitolas, com carreiras e premiações em festivais nacionais e internacionais. Foi indicado cinco vezes ao prêmio de Melhor Som Direto na Academia Brasileira de Cinema e Associação Brasileira de Cinematografia. Publicou em 2016 o livro “Som Direto no Cinema Brasileiro: fragmentos de uma história”, com uma segunda edição em 2019.

Serviço

Cine Diálogos Virtuais - Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza
Exibição do filme “O Sertão das Memórias” (1996)
Conversa com Antônio Luis Mendes (fotógrafo), Flor Fontenele (diretora de arte e atriz), Joe Pimentel (assistente de câmera), Fausto Wolff  (produtor e ator), Amaury Cândido (continuísta e ator).
Mediação: Prof. Márcio Câmara e Prof. Valdo Siqueira
12 de junho de 2020 (sexta-feira), às 19h
Via Google Meet
Aberto aos alunos do Curso de Cinema e Audiovisual