null Liderança: dom natural ou prática treinável?

Ter, 10 Maio 2022 09:43

Liderança: dom natural ou prática treinável?

Alunos do curso de Administração da Universidade de Fortaleza debateram sobre o tema em roda de conversa com convidados especiais


A capacidade de liderar está presente na história da humanidade. Porém, nos dias atuais, ela é aplicada de formas diferentes, sempre levando em consideração um lado mais humano (Foto: Getty Images)
A capacidade de liderar está presente na história da humanidade. Porém, nos dias atuais, ela é aplicada de formas diferentes, sempre levando em consideração um lado mais humano (Foto: Getty Images)

Grandes líderes são essenciais para a vida em sociedade. Ao longo da existência humana, esses personagens protagonizaram importantes mudanças e foram os responsáveis por solidificar bases para a construção de uma sociedade mais próspera. Isso fez com que a capacidade de liderar se tornasse algo valioso e passasse a ser visada por diversas pessoas em diferentes âmbitos, sejam eles governamentais, profissionais, pessoais ou até mesmo familiares.

A liderança, por ser exercida por seres humanos, também é mutável. Porém, em poucas palavras, ela é caracterizada como a habilidade de influenciar e motivar pessoas de forma positiva. Na esfera profissional, essa soft skill serve de fio condutor para que o trabalho, independente da área, seja feito da melhor maneira possível, com líderes e liderados visando um mesmo objetivo. 

Muito se questiona sobre a particularidade da liderança. Há quem diga que essa habilidade é inata ao homem, e há quem defenda o seu desenvolvimento ao longo da vida. Para Beatriz Maia, professora do curso de Administração da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, se a liderança for considerada apenas como uma prática treinável, os indivíduos que se mostram líderes natos durante a infância talvez não sejam valorizados.

Por outro lado, se a capacidade de liderar for julgada como uma vocação, não haveria motivo para ser estudada como uma ciência, já que não poderia ser desenvolvida ou aprendida. “Sendo assim, ainda que a liderança possa ser um dom natural, consideramos-a muito mais como uma habilidade a ser desenvolvida de forma contínua. Como diz aquele velho ditado popular: ‘o trabalho duro ganha do talento quando o talento não trabalha duro’”, pontua a docente.

Dessa forma, essa habilidade pode ser estimulada em diferentes fases da vida e em diversos espaços, como dentro das universidades. O ambiente acadêmico proporciona o surgimento de novos líderes, servindo como uma incubadora para o desenvolvimento de profissionais que irão se encaixar com mais facilidade no mercado. Para isso, a instituição deve oferecer oportunidades para que seus alunos exercitem, de forma enriquecedora, essa competência. 

Maia, que participou do I Encontro de Executivos e Empresários Contábeis na Unifor, realizado no último dia 25 de abril, reforça que, “de acordo com os empresários, a seleção dos jovens profissionais têm considerado muito mais as habilidades de liderança e socioemocionais, do que o próprio conhecimento operacional e técnico. Assim, ao desenvolverem essas capacidades, os jovens profissionais podem alcançar não apenas um acesso ao mercado profissional de forma mais eficiente, mas principalmente um crescimento mais sustentável em suas carreiras”.

Liderança e Gestão

Em consonância com essa realidade, no último mês, o curso de Administração da instituição realizou uma roda de conversa sobre o tema “Liderança: dom natural ou prática treinável?”. O evento, realizado no auditório da Biblioteca Central, foi planejado e organizado pelos alunos da disciplina “Liderança e Gestão” do curso, que tem como proposta didática o desenvolvimento de competências técnicas e relacionais nos discentes.

O encontro foi aberto ao público e contou com a presença da própria professora Beatriz Maia, que também é coordenadora do Bate-Bola Acadêmico e discente do Programa de Formação de Executivos de Futebol da CBF Academy; e Orleans Pontes, Volleyball Coach, Autoperformance e Bicampeão nacional de seleções.


Alunos da disciplina “Liderança e Gestão” do curso de Administração da Unifor em evento “Liderança: dom natural ou prática treinável?”, realizado no último dia 25 de abril (Foto: Hercilia Correia Cordeiro)

De acordo com Hercilia Correia Cordeiro, uma das professoras da disciplina, a iniciativa é resultado de um projeto de alta complexidade desenvolvido pelos estudantes, sob a orientação dos professores, e tem o intuito de exercer o autodesenvolvimento, as habilidades interpessoais e o exercício da influência. 

“O projeto contempla os conteúdos de autoliderança, liderança de equipes e liderança organizacional, onde cada ideia, estratégia ou tomada de decisão é compartilhada e debatida a partir dos pilares foco, tempo e indivíduo”, explica a docente.

Fazer acontecer

Durante o processo criativo e organizacional do evento, os alunos foram divididos em quatro grupos, cada um com uma atribuição diferente: Marketing, Produção, Host e Logística. Dentro de cada setor, foi escolhido um líder, que seria o responsável por “bater o martelo”, junto aos professores, em relação às decisões do encontro.  

Geilson do Nascimento Silva, aluno do quarto semestre do curso de Administração e líder da equipe de Produção, foi um dos responsáveis por fazer o evento acontecer. O estudante conta que, desde o início, quando tudo ainda estava no campo das ideias, ele foi na coordenação em busca de saber o que era necessário para a realização de um momento como esse, e afirma que conseguiu, em pouco tempo, reunir o apoio de diversos setores da Universidade. 


Geilson do Nascimento Silva é aluno do curso de Administração da Unifor, mas também é atleta, monitor e funcionário da Universidade (Foto: Acervo Pessoal)

A roda de conversa marcou a primeira experiência do futuro administrador como líder em organizações desse porte. Para ele, que não acreditava em seu potencial para liderar, a oportunidade foi engrandecedora, e são as disciplinas como a de “Liderança e Gestão” que fazem com que as capacidades dos alunos, que às vezes são silenciadas ou estão adormecidas, sejam desafiadas e estimuladas. 

O estudante atribui muito de suas conquistas, especialmente no campo da liderança, ao suporte que recebeu de seus professores do curso, e dá destaque a alguns que fizeram parte de sua trajetória acadêmica até agora: as professoras Tereza Monnica Bacelar, Marina Dantas, Hercilia Correia e Viviana Menezes, o professor Julio Cesar Pereira, e o coordenador Josimar Costa, todos do curso de Administração.

“Acho que eu precisava de alguém para abrir meus olhos e dizer ‘olha, tu tem capacidade, e dentro dessa capacidade, tu tem uma estrutura que pode te ajudar’. Então, a gente até pode ter esse dom de liderança, mas nós somos despertados dentro de sala de aula pelos professores. Eu acho que eles, nesse momento acadêmico, já estão nos recrutando para um possível futuro brilhante”, reflete Geilson.

Não ter medo de caminhar

Se, para os alunos, ocasiões como essa representam oportunidades de crescimento profissional e acadêmico, para os professores elas significam momentos de compartilhar conhecimento na prática, e ver de perto o caminho que seus pupilos estão trilhando. Segundo a professora Beatriz Maia, participar do encontro como convidada trouxe um sentimento especial. 


 Além de docente do curso de Administração, Beatriz Maia também é coordenadora do Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal (NAF) da instituição (Foto: Acervo Pessoal)

“O evento foi organizado pelos jovens alunos em formação dos cursos de gestão da Unifor, e o convite vem como uma chancela não dos nossos pares, mas do público a quem servimos. Saber que esses jovens brilhantes gestores em formação nos admiram e desejam beber um pouco da nossa fonte de aprendizado e experiências me deixa muito realizada, enquanto professora, pesquisadora, mentora ou gestora. Traz uma sensação de que nosso trabalho está gerando resultado (trans)formador”, afirma a coordenadora do do Bate-Bola Acadêmico.

A docente pontua que eventos como esse, por proporcionar aos alunos a experiência de liderar e gerir, ratificam a missão e os valores da Universidade. Outro ponto positivo é que, por serem acessíveis, eles aproximam a comunidade acadêmica de debates sobre a temática da liderança em seu nível de excelência. 

Em relação ao mercado de trabalho, a oportunidade de produzir e comandar um evento serve de estímulo para o desenvolvimento de capacidades sociais e profissionais que podem ser exigidos na rotina ocupacional. Para os estudantes que apresentam a vontade de sempre querer algo a mais, esses momentos se tornam imprescindíveis em suas jornadas acadêmicas. 

“Eu sempre quero algo a mais. Não me conformo. Tem uma frase de um líder que eu gosto, que é o Augusto Cury, que diz ‘não tenha medo do caminho, tenha medo de não caminhar’. Então, todo processo que eu faço, eu morro de medo do caminho; porém, eu não tenho medo de caminhar para saber até onde aquilo vai dar”, explica Geilson. 

Ele reforça que, devido ao suporte e o espaço disponibilizado pela Unifor, o seu senso de liderança, seja como aluno, monitor, atleta ou funcionário, pôde desabrochar e florescer com maestria. “São aspectos que, juntando tudo, se tornam o caminho para eu seja um bom líder. É uma oportunidade que confirma não só o meu potencial para isso, mas o de todos os alunos da Unifor”, finaliza o estudante.