qua, 13 outubro 2021 10:48
“Os educadores sonham os sonhos de seus alunos”, diz o professor Landsberg Costa, do CCG
O docente participa da série Gente que muda o mundo, que é veiculada ao longo da semana do Dia do Professor
"Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo"
Paulo Freire
O professor do Centro de Ciências da Comunicação e Gestão da Universidade de Fortaleza, Landsberg Costa, destaca “o poder transformador que a educação tem na vida das pessoas e como os professores podem ter o efeito catalisador dessa transformação”. Ele é o terceiro docente da série de entrevistas Gente que muda o mundo. Graduado em Administração de Empresas, Landsberg vibra ao ver os alunos demonstrando desenvoltura e aprendizado durante momentos do cotidiano, como em uma aula de campo.
O professor se utiliza do próprio aprendizado na especialização em Administração Financeira, MBA em Gestão Financeira e no mestrado em Administração, para ensinar como a análise financeira das empresas envolve mais do que números. “Analisamos a relação entre a empresa e a sociedade, entre a empresa e seus funcionários, analisamos como os produtos e serviços das empresas estão posicionados no mercado e como a empresa se relaciona com o mundo. O aluno percebe principalmente a empresa financeiramente, mas também socialmente através da análise feita”, explica. Além de lecionar, Landsberg Costa atua no segmento de construção civil analisando a viabilidade financeira de projetos e empreendimentos e gosta muito de estar com a família e os amigos nos momentos de lazer.
Ao longo da semana do Dia do Professor, uma série de entrevistas apresenta docentes da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, que contam como ensinar e aprender são atividades que estão relacionadas às próprias vidas. Os entrevistados e entrevistadas representam os cerca de 1.300 docentes que diariamente contribuem para que a Unifor seja a melhor universidade privada do Brasil, segundo o ranking Times Higher Education.
"Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com vocês".
Carl Sagan
O que o inspirou a se tornar professor?
Ainda na escola, enquanto estudante do ensino fundamental e médio, nunca tive problemas nas apresentações de trabalhos escolares e sempre gostava de ajudar meus colegas explicando algum conteúdo que eles não tinham entendido em sala de aula ou reforçando a resolução dos exercícios.
Quando cheguei à faculdade, pude perceber mais claramente o poder transformador que a educação tem na vida das pessoas e como os professores podem ter o efeito catalisador dessa transformação, aí vi que queria muito ser um “profissional de mercado” mas, com a mesma vontade, queria ajudar a formar outros profissionais de mercado e assim nasceu a vontade de ser professor.
O que mais gosta de fazer no cotidiano fora da sala de aula e como isso se relaciona com o seu trabalho de educador?
Sem dúvidas, fora da sala de aula o que mais gosto é ficar com minha família, com minha esposa, filhos e amigos. Brincando, me divertindo, mas também, educando e sendo educado.
Vejo que a relação familiar está muito correlata com o trabalho de educador uma vez que trazemos conhecimento adquirido com nossos pais e antepassados e transferimos aos nossos filhos e sucessores captando deles o novo, o que desconhecemos. E isso é o processo educacional. Transferir o que sabe, aprender o que desconhece. A educação “de casa” se mistura com a educação técnica e não tem como ser diferente inclusive na intensidade do carinho que isso deve ser feito.
Estar com a família e os amigos também representa momentos em que o professor Landsberg se sente educando e sendo educado (Foto: acervo pessoal)
Por favor, conte para a gente sobre uma aula diferente e empolgante para a turma, na qual trouxe um pouco das suas vivências/ saberes para abordar o conteúdo de forma inovadora.
As disciplinas que leciono são essencialmente quantitativas, o que acaba por gerar apreensão em muitos, porém, quando mostramos que os números são aliados que, quando aplicadas, as informações dadas pelos números são poderosas, os alunos se desarmam e passam a querer ver, cada vez mais, os números.
A disciplina de finanças, por exemplo, ao fazer a análise financeira das empresas analisamos mais do que números. Analisamos a relação entre a empresa e a sociedade, entre a empresa e seus funcionários, analisamos como os produtos e serviços das empresas estão posicionados no mercado e como a empresa se relaciona com o mundo. O aluno percebe principalmente a empresa financeiramente, mas também socialmente através da análise feita. Ao ver o poder disso, o aluno se empolga, passa a fazer análises de empresas que estão fora do escopo inicial da disciplina e usa isso para o seu dia a dia, seja para buscar vagas de estágio/empregos, seja para realizar seus investimentos financeiros pessoais ou para pautar seu comportamento em relação à empresa estudada.
O que mais gosta na sua profissão?
A troca. Troca de experiência, de conhecimento, de vivacidade, de energia, de confiança e vitalidade. É um ensinar e aprender diário. Até brinco: não tinha slogan melhor para representar a Unifor pois é exatamente isso que acontece todos os dias aqui. Aprendemos e ensinamos diariamente e não há nada mais gratificante.
Como atuar na educação dialoga com seu desejo de contribuir para um mundo melhor?
O poder transformador que ela, a educação, possui na vida das pessoas. Através da educação o mundo se abre e as oportunidades se constroem. E se a educação possui o poder de nos transformar temos, através dela, o poder de transformar o mundo.
Qual é seu maior sonho em relação ao seu trabalho?
Vejo que o educador não tem um único ou o maior sonho, mas sim, inúmeros sonhos. Vejo que os educadores sonham os sonhos de seus alunos. Ajudamos nossos alunos a sonhar, mas também, e principalmente, ajudamos os alunos a realizarem o sonho deles.
Conte-me sobre uma aula inesquecível (pode ser do ponto de vista de professor ou de você como aluno que viria a se tornar professor).
Duas situações relativamente recentes, me mostraram o quão empolgante é a educação e as emoções geradas por ela.
A primeira situação foi uma aula de campo, em um momento pré-pandemia, em que, em uma visita técnica, vi os alunos trocando experiências e conhecimento de forma extremamente embasada e motivada com profissionais já gabaritados de mercado. Vi, naquele momento de troca entre eles, alunos e profissionais de mercado, que o conhecimento tinha sido adquirido e estava sendo aplicado e vi também que os profissionais de mercado estavam reconhecendo isso, a qualidade e importância daquela troca e momento. Foi como se eu assistisse a uma espécie de florescer dos alunos ao vivo. Vi, naquele momento, que tínhamos alunos prontos para o mercado e que eles estavam totalmente seguros de suas competências e qualidades.
A outra situação, mas aí já no período pandêmico, ao final do ano de 2020, término do semestre, em uma ação da Unifor, junto com a direção do CCG, tivemos um momento de homenagem e reconhecimento por todo o esforço feito em um ano tão atípico. Tive a oportunidade de receber na sala de aula virtual um grupo de alunos que, por meio de um vídeo, demonstrou o reconhecimento por todo o esforço em continuarmos na missão de educar a despeito da complexidade do momento que passávamos. Realmente marcou porque vi, através daquele vídeo, como é intensa a relação professor aluno. Foi um reconhecimento e agradecimento mútuo. Os alunos agradeceram o esforço dos professores e nós, professores, agradecemos a confiança dos alunos em continuar no processo de aprendizagem apesar de toda a turbulência. Foi bem emocionante.
Que professor, autor, personalidade o inspira? Por quê?
Confesso que minhas inspirações são mais as vivências do dia a dia, as relações pessoais diárias, os amigos, o trabalho, a família, da religião... Não tenho uma única grande inspiração ou personalidade inspiradora.
Gosto de saber sobre a biografia de grandes líderes e gestores e tirar, de cada um deles, “pedaços” inspiradores, mas não tenho uma única inspiração.
Há alguma frase, verso, música ou citação que tem muito significado para você? Qual?
São algumas, mas, tem duas frases ditas por São Francisco de Assis (frade católico nascido na atual Itália e canonizado em 1228) e que, por coincidência, vejo muito alinhadas com o processo educacional que muito me inspira. São elas: “Começa por fazer o que é necessário, depois o que é possível e, de repente, estará a fazer o impossível” e “Ninguém é suficientemente perfeito que não possa aprender com o outro”.
Mas tem uma frase que também digo muito e que é uma espécie de agradecimento pela dádiva da vida do momento vivido. É uma frase de Carl Sagan (1934 -1996, cientista norte-americano autor de mais de vinte livros de ciência e ficção científica): "Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com vocês".
Como se imagina quando não estiver mais dando aulas?
Me imagino cronologicamente velho porque espero que esse momento realmente só chegue quando não conseguir mais, por conta da idade, lecionar mas feliz pelos momentos vividos em sala de aula.
Gente que muda o mundo - diversidade de aprendizados e saberes
Daniel Camurça (CCJ)
Daniel Camurça, historiador e professor do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ). Urbano, ele adora andar pelas ruas, praças e cidades. É fã de séries e animações da cultura pop. Nas horas vagas gosta de cuidar de plantas e animais de estimação. Veja a entrevista completa e o vídeo aqui.
Daniela Araújo (CCT)
Daniela Araújo Costa (CCT) é graduada em Engenharia Civil e mestre em Administração de Empresas. Começou na docência ministrando aulas de inglês para crianças e preparando adultos para certificações internacionais como testes da Universidade de Cambridge. Desde 2003 atua no ensino superior. Daniela se considera muito comunicativa e “alto astral”. Ler e ver filmes estão entre os principais passatempos. Leia a entrevista na íntegra e veja o vídeo aqui.
Landsberg Costa (CCG)
O professor do Centro de Ciências da Comunicação e Gestão da Universidade de Fortaleza, Landsberg Costa, destaca “o poder transformador que a educação tem na vida das pessoas e como os professores podem ter o efeito catalisador dessa transformação”. Ele é o terceiro docente da série de entrevistas Gente que muda o mundo. Graduado em Administração de Empresas, Landsberg vibra ao ver os alunos demonstrando desenvoltura e aprendizado durante momentos do cotidiano, como em uma aula de campo. Veja toda a entrevista aqui.
Cristina Santiago (CCS)
Os movimentos ágeis das agulhas de crochê e os procedimentos delicados da Fisioterapia Dermatofuncional são comandados pelas mesmas mãos, as da docente do Centro de Ciências da Saúde, Cristina Santiago. Graduada em Fisioterapia e mestre em Saúde Coletiva, Cristina tem colorido a vida com as linhas utilizadas em trabalhos manuais. Leia a entrevista na íntegra e assista ao vídeo aqui.
Armando da Costa Júnior (CCJ)
A banda Inimputáveis traz no vocal um advogado criminalista. Seja ao cantar as letras de bandas como Charlie Brown Jr, participar do Tribunal de Júri ou lecionar, o professor Armando da Costa Júnior atua com intensidade. “Por causa dos meus dois metros, as pessoas costumam me chamar de Armandão. Além de professor, sou advogado criminalista. São duas profissões que exerço com enorme paixão”, conta. Veja a entrevista inteira aqui.
Pedro Boaventura (CCT)
O arquiteto e urbanista Pedro Boaventura dá aulas há quase três décadas. Também gosta de desenhar, fazer maquetes e objetos, cuidar das plantas e dedilhar no teclado. Pedro ama ser ponte para o aprendizado e possibilitar que os alunos caminhem em direção à descoberta de talentos e à consolidação de saberes. Leia mais aqui.
Mariana Fontenele (CCG)
As palavras e as imagens perpassam o fazer da professora Mariana Fontenele, do Centro de Ciências da Comunicação e Gestão (CCG), dentro e fora da sala de aula. Com os alunos das graduações em Jornalismo e em Publicidade e Propaganda, a literatura e o cinema também são inspirações para o processo ensino-aprendizagem. Os livros também são uma “paixão” quando Mariana está fora da Universidade de Fortaleza. Leia toda a entrevista e veja o vídeo aqui.
Lívia Andrade (CCS)
O olhar atento para a Saúde e para a Educação requer que acolhimento e empatia acompanhem a técnica. É dessa forma que ser enfermeira e ser professora são linhas que se cruzam na trajetória da docente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Fortaleza, Lívia Andrade. Além de atuar na graduação de Enfermagem, na orientação na Liga de Estudos sobre Violências e Acidentes e na coordenação da Pós-graduação (Lato Sensu), ela também gosta de atividades físicas e de viajar. A entrevista completa está disponível aqui.