Entrevista Nota 10: Arlandia Nobre e a dedicação dos farmacêuticos

Coordenadora do curso de Farmácia da Unifor destaca o papel fundamental dos profissionais de saúde na assistência à população

Arlandia Nobre é Mestre e Doutora em Farmacologia, possui especialização em indústria farmacêutica e gestão da assistência farmacêutica (Foto: Ares Soares)

O olhar humanizado dedicado ao outro, misto de cuidado e amor pela profissão que atravessa a carreira dos farmacêuticos. Para a professora Arlandia Nobre, coordenadora do curso de Farmácia da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, o primeiro passo para ingressar na área da Farmácia é gostar das pessoas, fazer a diferença.

Mestre e Doutora em Farmacologia, Arlandia atua como vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia do Ceará (CRF-CE). Além disso, é advogada de formação e especialista em processo civil. Com exclusividade ao Entrevista Nota 10, ela destaca a importância dos farmacêuticos para a sociedade. Confira a seguir:

Entrevista Nota 10 - Você possui formação em Farmácia e também na área do Direito. Como esses dois campos do saber “conversam” em sua atuação profissional?

Arlandia Nobre - A área da farmácia é extremamente regulamentada e a atuação na área do Direito facilita. Ademais, como conselheira do CRF [Conselho Regional de Farmácia do Ceará] tenho a necessidade de conhecimento do ordenamento jurídico e seu impacto na profissão farmacêutica.

Entrevista Nota 10 - Como coordenadora do curso de Farmácia da Unifor, quais são os principais diferenciais da graduação oferecidos aos estudantes durante o percurso acadêmico?

Arlandia Nobre - O curso possui uma carga horária prática que permite um melhor aprendizado, afinal, a Farmácia exige, além de conhecimentos, habilidades procedimentais e atitudes, que se adquire com a vivência. Temos estágio em cenário de práticas, desde o primeiro semestre. Estamos em conformidade com as diretrizes curriculares nacionais. Nosso aluno rompe a barreira da sala de aula e atua na comunidade por meio de atividades de extensão. É protagonista da aprendizagem diante da utilização de metodologias ativas, desenvolvimento de projetos, conectado com o mundo com acesso à tecnologia da informação. Interage com alunos de outros cursos e centros, possibilitando maior network. É possível integrar-se na iniciação científica, PET, ligas acadêmicas e monitoria. As atividades complementares estimulam a participação em atividades acadêmicas variadas na área de maior interesse. Acesso a um acervo vastíssimo na biblioteca real e virtual. Preocupação com o meio ambiente e responsabilidade social.

Entrevista Nota 10 - O farmacêutico egresso da Unifor tem diversas possibilidades de atuação?

Arlandia Nobre - A formação possibilita atuar enquanto farmacêutico generalista nas principais áreas, com destaque para a produção de medicamentos e cosméticos, industrial e magistral, cuidados farmacêuticos, individual e coletivo, e análises clínicas, toxicológicas e de alimentos. Ressalta-se a preocupação com a liderança, empreendedorismo, capacidade de resolver problemas e contribuir para a gestão da saúde pública.

Entrevista Nota 10 - Professora, falando agora sobre a pandemia: como a área da Farmácia tem lidado com os desafios impostos por esse momento?

Arlandia Nobre - A farmácia torna-se protagonista neste cenário. Em todas as áreas o farmacêutico contribui: na pesquisa para desenvolver medicamentos, inclusive vacinas; na regulação sanitária para autorizar o uso emergencial ou definitivo; no consultório farmacêutico acompanhando a síndrome gripal não complicada, e encaminhando aos outros serviços e profissionais quando necessário; realizando os exames laboratoriais que permitem o diagnóstico; na farmacovigilância quando acompanha os eventos adversos; enfim, um profissional multifacetas.

Entrevista Nota 10 - E de que forma a pandemia afeta os usuários dos serviços de saúde pública?

Arlandia Nobre - A saúde pública apresenta uma demanda crescente por ações e serviços. A pandemia veio sobrecarregar algo que já estava no limite. Infelizmente, os leitos são insuficientes para atender às doenças prevalentes e, com a covid há o colapso do que já era anunciado. As farmácias e drogarias são estabelecimentos de saúde, e passam a ocupar esse importante espaço.

Entrevista Nota 10 - O NAMI (Núcleo de Atenção Médica Integrada) disponibiliza o serviço de consulta farmacêutica. Como ele funciona e qual a sua importância?

Arlandia Nobre - Na consulta farmacêutica é feito um plano farmacoterapêutico, reconciliação medicamentosa, identificação de problemas relacionados a medicamentos, orientações para uso racional de medicamentos, segurança do paciente e adesão terapêutica, monitorização terapêutica com aferição de pressão arterial, glicemia e colesterol capilar. As consultas são agendadas no setor da farmácia do NAMI.

Entrevista Nota 10 - O curso da Unifor dispõe também da Farmácia Viva Lúcia Gurgel. Como ela incentiva a prática dos estudantes em relação aos fitoterápicos?

Arlandia Nobre - Na Farmácia Viva são produzidos fitoterápicos e medicamentos alopáticos. Existe a possibilidade inclusive de atuar na inovação no desenvolvimentos de produtos que o mercado ainda não dispõe.

Entrevista Nota 10 - Para finalizar: que mensagem deixar aos jovens que pretendem se tornar farmacêuticos e também pesquisadores da área?

Arlandia Nobre - Carlos Drummond de Andrade, também era farmacêutico e sempre dizia que havia escolhido essa área porque gostava de pessoas. Que cada farmacêutico possa fazer a diferença na vida das pessoas que cruzam o seu caminho. Às vezes somos os únicos profissionais de saúde que essa pessoa terá acesso.