Entrevista Nota 10: Raquel Petrone e o papel da terapia ocupacional no desenvolvimento infantil

seg, 12 agosto 2024 19:57

Entrevista Nota 10: Raquel Petrone e o papel da terapia ocupacional no desenvolvimento infantil

Terapeuta ocupacional fala sobre a atuação na área infantil, principalmente voltada a crianças com autismo e Síndrome de Down, além das oportunidades do mercado para novos profissionais


Egressa da Unifor, Raquel é especialista em Desenvolvimento Infantil na Primeira Infância e em Psicologia e Práticas de Saúde (Foto: Arquivo pessoal)
Egressa da Unifor, Raquel é especialista em Desenvolvimento Infantil na Primeira Infância e em Psicologia e Práticas de Saúde (Foto: Arquivo pessoal)

Com o crescimento de mais de 35% na contratação formal de terapeutas ocupacionais no Brasil nos últimos dois anos, segundo o IBGE, o mercado de terapia ocupacional tem se mostrado cada vez mais aquecido e repleto de oportunidades. Em meio à diversidade de possibilidades de atuação, uma das áreas que também se mostra em crescimento é a da terapia ocupacional infantil.

De acordo com Raquel Petrone, terapeuta ocupacional especialista em Desenvolvimento Infantil na Primeira Infância e em Psicologia e Práticas de Saúde, para atuar com crianças é preciso conhecer o desenvolvimento infantil em seus domínios, compreendendo o que esperar de cada fase no desenvolvimento típico para ter isso como referência ao identificar e intervir em sinais de alerta ou atraso.

“É importante também que o terapeuta ocupacional infantil tenha habilidades para orientar e oportunizar experiências que busquem a aquisição dos marcos do desenvolvimento, para que estes sirvam às conquistas funcionais e de autonomia da criança”, explica a profissional cearense, que já conta com 22 anos de experiência e é apaixonada pela infância e pelo universo infantil.

Egressa do primeiro curso de Terapia Ocupacional da Universidade de Fortaleza, Raquel atua com intervenções na primeira infância e na coordenação de grupos de estudos e treinamentos. Possui certificação internacional em Integração Sensorial e no Método Bobath, além de diversas formações e capacitações na área infantil e ligadas ao Brincar, à Alimentação, Práxis e Protocolos Avaliativos.

Na Entrevista Nota 10 desta semana, ela fala sobre a terapia ocupacional infantil, principalmente voltada a crianças com autismo e Síndrome de Down, e as oportunidades do mercado para novos profissionais. Ela também compartilha sua experiência de formação na Unifor e sua visão sobre o lançamento do novo curso de Terapia Ocupacional na instituição.

Confira na íntegra a seguir.

Entrevista Nota 10 — Nos últimos dois anos, houve um crescimento de mais de 35% na contratação formal de terapeutas ocupacionais no Brasil. Isso se observa tanto no setor público, principalmente em prefeituras do interior do Estado, quanto na iniciativa privada. A que se dá esse crescimento? Como os interessados podem aproveitar as novas oportunidades na área?

Raquel Petrone — A ocupação humana envolve os nossos papéis significativos, como trabalho, autonomia nas tarefas do cotidiano, lazer, participação social, e na criança, ainda o brincar e a aprendizagem formal. As adversidades biopsicossociais e os diagnósticos impactam essas esferas e geram prejuízos, e isso está cada vez mais visto com atenção, o que valoriza o olhar e a intervenção do terapeuta ocupacional. É um momento de oportunidade de mostrarmos nosso trabalho enquanto profissional que atua sobre o desempenho ocupacional.

Entrevista Nota 10 — A terapia ocupacional é um campo muito amplo, tendo como um de seus ramos de atuação a terapia ocupacional infantil. Quais são as principais diferenças dessa área para as demais? Que habilidades ou afinidades são necessárias para quem busca focar na T.O. infantil?

Raquel Petrone — Para atuar com crianças é preciso conhecer o desenvolvimento infantil em seus domínios (motor amplo, motor fino, cognitivo, linguístico, sócio emocional e sensorial), compreendendo o que esperar de cada fase no desenvolvimento típico para ter isso como referência ao identificar e intervir em sinais de alerta ou atraso. É importante também que o terapeuta ocupacional infantil tenha habilidades para orientar e oportunizar experiências que busquem a aquisição dos marcos do desenvolvimento, para que estes sirvam às conquistas funcionais e de autonomia da criança.

Entrevista Nota 10 — Hoje você atua na terapia ocupacional infantil com autismo e síndrome de Down. Como funciona o trabalho junto a esse público, especialmente quando falamos sobre qualidade de vida? Qual o papel da T.O. no desenvolvimento infantil e pessoal desses pacientes?

Raquel Petrone — Sabemos que um diagnóstico na primeira infância pode impactar as áreas de desempenho ocupacional da criança (atividades da vida diária, sono, lazer, brincar, participação social e vida escolar). O terapeuta ocupacional atua de forma a incentivar, prevenir e adaptar as habilidades requeridas e os meios para o envolvimento ativo da criança em suas rotinas e ocupações, visando a máxima autonomia e independência.

Entrevista Nota 10 — Poderia contar como foi o processo de escolha da área de atuação a qual você se dedica hoje? O que te motivou a seguir com o público infantil?

Raquel Petrone — Sempre amei crianças e o universo infantil. Na graduação, era já uma área de muita afinidade, mas também vivenciei outros campos, como a gerontologia e a neurologia. Ao sair da Universidade, tive a rica experiência de ser bolsista do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) da Unifor e poder atuar com o público infantil. A partir daí, surgiram outras oportunidades como clínica e escola, o que me aproximaram definitivamente da área infantil até hoje.

Entrevista Nota 10 — Você é graduada em Terapia Ocupacional pela Universidade de Fortaleza, quando o primeiro curso estava em vigor na instituição. De que forma a Unifor contribuiu para sua formação tanto profissional quanto pessoal? Como foi sua experiência aqui?

Raquel Petrone — Foi uma graduação extremamente feliz e realizadora! Tenho enorme carinho pelos quatro anos e meios que fui aluna, e logo quando formada, ingressei em uma pós-graduação também na Unifor, dando continuidade à minha qualificação. Além de uma formação técnica de excelência, cresci como pessoa, fui positivamente desafiada em muitos aspectos e fiz grandes amizades. Falo com tanto carinho desse tempo que minhas filhas já esperam o dia de serem universitárias na mesma casa.

Entrevista Nota 10 — A Unifor lançou a nova graduação em Terapia Ocupacional, retomando a formação em excelência de profissionais da área e contando com docentes renomados, sendo muitos egressos do primeiro curso. Qual a importância disso para o mercado de terapia ocupacional? Como vê o papel da Unifor no preparo de novos terapeutas ocupacionais nesse cenário de oportunidades?

Raquel Petrone — Eu posso dizer que torci muito e esperei por esse momento, pois com o aquecimento e reconhecimento no mercado para a terapia ocupacional, era extremamente relevante termos novamente a oportunidade do curso em uma universidade de referência. Considero que a Unifor agora está completa novamente e antenada com as demandas da atualidade.