Entrevista Nota 10: Viviana Costa e os novos horizontes da pesquisa clínica multidisciplinar

seg, 29 setembro 2025 20:01

Entrevista Nota 10: Viviana Costa e os novos horizontes da pesquisa clínica multidisciplinar

Coordenadora do Centro Multidisciplinar de Pesquisa Clínica fala sobre o lançamento do novo equipamento da Unifor e a importância da pesquisa clínica para a saúde pública e a formação profissional de excelência


Coordenadora adjunta do Comitê de Ética em Pesquisa, Viviana é egressa e professora da Universidade de Fortaleza (Foto: Ares Soares)
Coordenadora adjunta do Comitê de Ética em Pesquisa, Viviana é egressa e professora da Universidade de Fortaleza (Foto: Ares Soares)

O compromisso com o desenvolvimento científico é um dos pilares fundamentais da Universidade de Fortaleza, instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz. Prova disso são os resultados advindos do investimento perene e crescente em ciência e inovação, como o título de melhor universidade particular do Brasil em pesquisa científica interdisciplinar.

Buscando reforçar o impacto social e expandir a produção do conhecimento de excelência, a Unifor traz mais uma novidade: o Centro Multidisciplinar de Pesquisa Clínica (CMPC). Com lançamento previsto para 2025, o espaço irá atuar na pesquisa em medicamentos, equipamentos de saúde, tratamentos inovadores e técnicas de prevenção voltadas para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Segundo a professora Viviana Menezes Costa, coordenadora do CMPC e coordenadora adjunta do Comitê de Ética em Pesquisa da Unifor, a nova iniciativa tem o compromisso de conduzir estudos clínicos com ética, qualidade e eficiência, sempre colocando o bem-estar dos participantes em primeiro lugar. 

“O CMPC será mais um instrumento para viabilizar e impulsionar novas ideias e abordagens. A participação em pesquisa clínica aprimora a formação acadêmica e a inserção no mercado de trabalho. Dessa forma a Unifor, cumpre seu papel de estudar novos tratamentos e medicamentos que ajudam nas decisões de saúde e contribuem para a evolução da saúde pública”, explica.

Viviana possui uma longa história com a Unifor: foi aqui onde se graduou em Administração, realizou o Mestrado em Administração e supervisionou a monitoria no Centro de Ciências da Comunicação e Gestão (CCG). Hoje atua como docente nos cursos de Marketing e Administração, no qual fez parte do Núcleo Docente Estruturante (NDE).

Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é pós-graduada em Consultoria Empresarial e possui mais de 30 anos de atuação profissional na área de Consultoria Empresarial e Treinamentos. Ela também já foi coordenadora de Pesquisa do Centro de Diabetes, Metabolismo e Endocrinologia, onde acumulou mais de 20 anos de experiência em pesquisa clínica. 

Na Entrevista Nota 10 desta semana, Viviana fala sobre a importância da pesquisa clínica para a saúde pública e a formação profissional de excelência, além de comentar sobre o lançamento do novo CMPC da Unifor.

Confira na íntegra a seguir.

Entrevista Nota 10 — O que se configura como pesquisa clínica e quais são as principais etapas desse processo? Poderia explicar a importância dela para a saúde pública? 

Viviana Costa — Pesquisa clínica ou ensaio clínico ou estudos de intervenção são estudos científicos que avaliam a eficácia, segurança e tolerabilidade de intervenções terapêuticas, bem como benefícios e efeitos adversos na prevenção e na progressão das complicações das patologias diagnosticadas em seres humanos. A pesquisa clínica é sempre conduzida de acordo com rigorosos padrões éticos e científicos e é essencial para a descoberta de vacinas, novos medicamentos ou novos usos para medicamentos existentes. 

Os estudos podem ser realizados em hospitais, clínicas, centros de pesquisa e universidades. Podem ser conduzidos em alguns dias, semanas ou até anos. A pesquisa clínica é organizada em diferentes fases, cada uma com objetivos específicos e métodos distintos:

  • FASE I: São os primeiros testes de um novo princípio ativo ou nova formulação em seres humanos.
  • FASE II: Esta fase ajuda a determinar se o tratamento é eficaz e a identificar quaisquer efeitos colaterais comuns.
  • FASE III: Nessa fase, geralmente o produto investigacional é comparado com o tratamento padrão.
  • FASE IV: Ocorre quando o medicamento já tem registro e está sendo comercializado.

A pesquisa clínica desempenha um papel fundamental no avanço da medicina, contribuindo na compreensão de doenças, no desenvolvimento de novos tratamentos, vacinas e dispositivos médicos. Portanto, a pesquisa clínica é a base para o estabelecimento de evidências científicas que guiam decisões médicas e políticas de saúde, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população.

Entrevista Nota 10 — A pesquisa clínica tem se expandido no país nos últimos anos, segundo a Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (Abraco). Como você analisa esse cenário hoje? Quais são os principais desafios e oportunidades, especialmente no Nordeste? 

Viviana Costa — Países que mais participam de pesquisa clínica no mundo, como Estado Unidos, China, Alemanha e Japão possuem investimentos para infraestrutura de ponta e laboratórios bem equipados, seja por meio de financiamento público ou privado. Apesar das diferenças, o Brasil possui um grande potencial para expandir neste segmento, com uma imensa variedade étnica e genética da população que é um grande atrativo para a pesquisa clínica, além de variações de clima, cultura e condições socioeconômicas. Esses são todos os aspectos essenciais para o desenvolvimento de novos medicamentos e terapias.

A pesquisa clínica no Brasil está em constante evolução e, neste contexto, o Nordeste [se destaca pelo] aumento do número de centros de pesquisa, de profissionais qualificados e um ambiente reconhecido de inovação. Apesar de tudo, ainda observamos a necessidade de financiamentos adequados para o aperfeiçoamento de infraestrutura e capacitação de pesquisadores. Outro desafio importante é o acesso à tecnologia e à inovação na pesquisa clínica. A formação médica e de outros profissionais de saúde em pesquisa clínica é fundamental para garantir o avanço dos estudos clínicos.

Entrevista Nota 10 — Na sua visão, qual o papel da pesquisa clínica dentro das universidades? De que maneira essa conexão com o ambiente acadêmico traz benefício tanto para a sociedade quanto para a formação de novos profissionais e pesquisadores?

Viviana Costa — A pesquisa clínica tem vários benefícios: para a sociedade, a concepção de novos tratamentos, a cura e prevenção de doenças e melhoria de qualidade de vida; para o aluno, a possibilidade de explorar temas atuais e aprender a tomar decisões baseadas em evidências, e de se capacitar adequadamente como um profissional de saúde na área. E para a Unifor, o fortalecimento do vínculo entre ensino e pesquisa, que complementa a formação acadêmica, agregando conhecimentos aplicáveis às futuras trajetórias profissionais.

Entrevista Nota 10 — Comprometida com o desenvolvimento científico, a Universidade de Fortaleza irá lançar o novo Centro Multidisciplinar de Pesquisa Clínica (CMPC) em outubro. Poderia contar mais sobre o novo espaço? Como surgiu a ideia dessa iniciativa? 

Viviana Costa — O CMPC nasce da visão ampliada no segmento de educação e saúde da presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha, com o compromisso de conduzir estudos clínicos com ética, qualidade e eficiência, sempre colocando o bem-estar dos participantes em primeiro lugar. Tem como atuação pesquisas com medicamentos, equipamentos de saúde, tratamentos inovadores e técnicas de prevenção voltadas para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

O CMPC está fisicamente localizado no complexo do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) e é uma estrutura vinculada à Vice-Reitoria de Pesquisa, sob a direção do vice-reitor José Milton de Sousa Filho.

O Centro possui uma infraestrutura para a condução de estudos clínicos em diferentes especialidades, com profissionais capacitados e uma estrutura física com recepção para o atendimento aos participantes da pesquisa e seus familiares — sala de estar, sala de coleta, consultórios, farmácia com acesso controlado, sala para monitoria dos estudos clínicos, sala de Coordenação de Estudos, almoxarifado e sala exclusiva para arquivo de documentos dos estudos, adequado com as exigências das Boas Práticas Clínicas.

Entrevista Nota 10 — A ética é um fator essencial para o desenvolvimento da pesquisa clínica segura e adequada. Como a Universidade de Fortaleza tem dado atenção a essa questão em suas pesquisas? E como isso irá se configurar após o surgimento do CMPC?

Viviana Costa — Pesquisas realizadas na Unifor já são balizadas por princípios éticos estabelecidos em várias resoluções e apreciadas pelo nosso Comitê de Ética em Pesquisa. A pesquisa clínica é uma atividade que tem os seres humanos como participantes e exige cuidados especiais com a ética e a segurança de todos. Especificamente nas pesquisas clínicas, destacamos a Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde, que estabelece as diretrizes e normas regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos.

Essa resolução define os princípios éticos que devem nortear a pesquisa, bem como os procedimentos que devem ser seguidos para obter o consentimento dos participantes, garantir a segurança dos mesmos e manter a confidencialidade das informações. Os fundamentos éticos orientam os pesquisadores a garantirem a segurança e o bem-estar das pessoas, respeitar a autonomia, a privacidade e a dignidade dos participantes. 

O CMPC preza pela ética em todas as etapas de seus estudos clínicos, para que possamos garantir a pesquisa clínica de forma confiável e segura.

Entrevista Nota 10 — Com o lançamento do CMPC, de que maneira a Unifor se posiciona em relação à pesquisa clínica no cenário estadual e nacional? Qual a importância de ter um equipamento desse porte à disposição da comunidade acadêmica?

Viviana Costa — O fortalecimento da inovação nas universidades provém do incentivo à pesquisa, que estimula o espírito investigativo do aluno. O CMPC será mais um instrumento para viabilizar e impulsionar novas ideias e abordagens. A participação em pesquisa clínica aprimora a formação acadêmica e a inserção no mercado de trabalho. Dessa forma a Unifor, cumpre seu papel de estudar novos tratamentos e medicamentos que ajudam nas decisões de saúde e contribuem para a evolução da Saúde Pública.