Jaleco e nariz vermelho: conheça o “Projeto Nariz”, que leva palhaçoterapia a hospitais de Fortaleza
seg, 27 julho 2020 18:31
Jaleco e nariz vermelho: conheça o “Projeto Nariz”, que leva palhaçoterapia a hospitais de Fortaleza
Desenvolvido por alunos e professores dos cursos de Ciências da Saúde da Universidade de Fortaleza, projeto tem inscrições abertas para novos integrantes até 31 de julho.
“O mais engraçado desse trabalho é que ele é um trabalho sério”. Essa frase, dita aos risos pelo dentista Matheus Sebbe, pode soar estranha logo de início, mas ganha sentido ao lado das fotografias em que ele traja maquiagem caricata, roupas coloridas e um redondo nariz vermelho. Sebbe é palhaçoterapeuta e, junto a três professores, orienta o Projeto Nariz, iniciativa da Liga Universitária de Palhaçoterapia e Humanização da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz. Parte integrante do Centro de Ciências da Saúde (CCS), o Projeto está com processo seletivo para novos integrantes aberto até o dia 31 de julho.
Mas o que é palhaçoterapia? Matheus a define como uma ferramenta de promoção de saúde por intermédio da arte. “Ela vem da figura histórica do palhaço, adaptada para o contexto hospitalar. A gente fomenta nossas atividades com base na figura do circo, do palhaço brincalhão, que tira brincadeira com os outros e principalmente consigo mesmo, e traz para dentro da realidade hospitalar”, explica. “Encontramos, nessa figura, uma possibilidade de aproximação entre as pessoas, seja médico, paciente, enfermeira, segurança, acompanhante ou qualquer outro”.
Engana-se, entretanto, quem pensa que o objetivo principal do palhaçoterapeuta é fazer rir. “É um trabalho muito sério de autoconhecimento da sua figura pessoal, do seu entendimento sobre você mesmo, e que não foca só no riso. Focamos na aproximação, no encontro, em fazer aquela pessoa ser notada e escutada, em fazer com que as pessoas que estão compondo aquele ambiente [hospitalar] tenham um momento de desafogo pessoal. O riso não é um objetivo; ele é uma consequência. Se a pessoa se sentir à vontade com a nossa presença, e tiver um momento de paz, de tranquilidade, já vale a pena. Se ela rir, ótimo, mas se ela se sentir bem, já vai ser suficiente”, esclarece Sebbe, que atua como capacitador dos membros do Projeto Nariz.
Cuidar do outro
O Projeto Nariz nasceu como forma de trazer um novo olhar sobre o cuidado com o paciente para estudantes e profissionais da área da saúde. Fugindo do ensino exclusivo de protocolos e técnicas, ele atua desde o primeiro semestre de 2019 e semeia raízes voltadas à humanização, promovendo o uso de artes e de terapias alternativas, em especial a palhaçoterapia, para contribuir de forma significativa na rotina hospitalar.
Atualmente com quinze participantes, a Liga acadêmica que abriga o Projeto inclui alunos de cursos como Medicina, Psicologia e Enfermagem. A partir do atual processo seletivo, que conta com edital e níveis de corte, serão ocupadas uma média de seis a oito vagas. Alunos de todos os 12 cursos do CCS estão aptos a realizar inscrição. Vale destacar que, além das visitas a hospitais, que se enquadram na seara da extensão, o projeto investe em atividades de ensino e pesquisa, incentivando seus “Doutores Palhaços” – como são denominados os integrantes – a participar de eventos científicos.
Em meio à pandemia do novo coronavírus, a professora Renata Rocha, orientadora do projeto, conta que a equipe tem “colaborado dentro do projeto ‘Ligas Unidas Pelo Bem’, e pensado também em estratégias de educação e saúde, planejando ações humanitárias para o retorno e a flexibilização de atividades presenciais, e se preparando para quando for possível estar nos ambientes de saúde”. Além dela e de Sebbe, são também orientadores os docentes Liliane Carvalho e Márcio Acselrad.
Experiências que mudam vidas
Bárbara Mascarenhas, estudante do 11º semestre de Medicina, é uma das fundadoras do Projeto Nariz e foi a primeira presidente da Liga. Ela afirma que essa experiência a inspirou a ver o mundo de outra forma, sendo uma grande ‘divisora de águas’ em sua graduação. Segundo a discente, isso se dá pela pluralidade de participantes presentes nos encontros e nas visitas aos hospitais, proporcionando uma grande troca de experiências e estimulando o exercício da multidisciplinaridade.
“No Projeto, temos capacitações que trabalham o autoconhecimento, a arte, a empatia e a humanização, características que infelizmente ainda são muito subestimadas. Até pouco tempo, existia a visão de que só importava o conhecimento teórico, pragmático, mas agora estamos vendo uma tendência de valorização das habilidades socioemocionais”.
Bárbara Mascarenhas, aluna do curso de Medicina Unifor
A palavra “autoconhecimento” é também muito usada por Matheus Sebbe para definir o projeto. De acordo com ele, os participantes precisam assimilar suas limitações, medos, características e referências pessoais para construir sua própria figura de palhaço, tornando este processo, além de altruísta, imensamente pessoal. “Faço acompanhamento com o Projeto há um tempo, e sou maravilhado com a construção da figura profissional e pessoal dos participantes, e de como isso colabora para o crescimento individual e coletivo também. São jornadas muito bonitas”, diz ele.
Cursando o 4º semestre do curso de Medicina, Marina Albuquerque descreve participar do grupo como “uma experiência fantástica”. Empolgada, ela conta que pôde, dentre muitas ações, “descobrir talentos que eu não sabia que tinha, participar de uma segunda família, poder fazer a diferença na vida do outro, aprender a realmente trabalhar em equipe, ter a oportunidade de mergulhar em um universo totalmente novo pra mim – e me apaixonar por ele – e, principalmente, levar alegria pras pessoas”.
Serviço
Seleção para o “Projeto Nariz”, da Liga Universitária de Palhaçoterapia e Humanização Unifor (1ª Fase)
Data: até 31/07
Leia o edital aqui.
Formulário para inscrições aqui.
Além de preencher o formulário, interessados devem enviar currículo criativo para o e-mail projetonariz@gmail.com até o dia 31/07.
Quaisquer dúvidas, entrar em contato pelo perfil do projeto no Instagram.