null Pesquisadores da Unifor criam sistema que substitui lenha na secagem de grãos

Ter, 26 Junho 2018 09:55

Pesquisadores da Unifor criam sistema que substitui lenha na secagem de grãos

A patente já foi concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Tecnologia traz benefícios para o meio ambiente e para a economia.


Os professores Furlan Duarte, Roberto Menescal e Roberto Macedo (Foto: Ares Soares)
Os professores Furlan Duarte, Roberto Menescal e Roberto Macedo (Foto: Ares Soares)

Uma equipe de pesquisadores da Unifor obteve no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) o registro e concessão da patente do sistema de secagem de grãos em silos com controle automático da temperatura e da umidade relativa do ar insuflado.

O sistema, criado pelos professores Antônio Roberto Menescal de Macêdo, Antônio Roberto Lins de Macêdo, Heraldo da Silva Couto e João Batista Furlan Duarte no Núcleo de Tecnologia da Combustão (NTC) da Unifor, tem como principal vantagem a substituição da queima de madeira pelo gás liquefeito de petróleo (GLP) no aquecimento dos silos de grãos como café, cacau, milho, soja, arroz, feijão, etc.

Segundo o professor Roberto Macêdo, do curso de Engenharia Elétrica da Unifor, a tecnologia é inédita no mundo e vai beneficiar não só o agronegócio, com o aumento da eficiência energética, mas também o meio ambiente, por substituir a lenha pelo chamado gás de cozinha. “A um custo ínfimo, o sistema troca a madeira pelo GLP, gás com queima facilmente controlável e ecológico”, frisa.

Além dessas vantagens, o professor Furlan Duarte, do curso de Engenharia Mecânica, destaca que o uso de GLP evita o odor característico da queima de madeira, que acaba por impor sérias restrições aos produtos no mercado internacional de grãos, e elimina por completo o mal que a fumaça produzida pela queima da madeira provoca na saúde das pessoas que residem nas áreas próximas à região de secagem.

O professor Roberto Macêdo explica que o sistema não requer grandes investimentos para instalação, estando ao alcance de cooperativas e produtores agrícolas de médio porte. “É uma tecnologia de baixo custo e, além de mais ecológica, bem mais barata do que a queima de madeira”, complementa. 

O professor Roberto Menescal, coordenador do NTC, explica que a concessão da patente pelo INPI representa um grande marco para a Unifor, em especial, para os cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica e Engenharia Eletrônica. “Professores e alunos dessas graduações têm a oportunidade de participar de novos estudos e de inovações tecnológicas de grande impacto em áreas como petroquímica, metalmecânica, agronegócio, siderurgia e alimentação”, destaca.

Ele lembra que o NTC nasceu em 2001, a partir de uma ideia do chanceler Airton Queiroz, falecido em 2017, tendo se tornado um núcleo especializado no desenvolvimento de projetos de gás liquefeito de petróleo, referência em todo o Brasil. Até o momento, esta é a segunda patente gerada pelos pesquisadores do NTC, havendo outras em análise no INPI. A primeira patente do NTC, obtida em 2004, criou a válvula de engate rápido para botijões de gás de cozinha.

Atualmente, o NTC, além de pesquisar novas soluções tecnológicas para a indústria, presta, por meio de seus pesquisadores, consultoria para empresas públicas e privadas de todo o Brasil, dos mais diversos segmentos da economia. “Esse trabalho de consultoria é outro diferencial que a Unifor coloca à disposição de seus professores e alunos, que têm assim a possibilidade de ampliar seus conhecimentos”, salienta.

Como funciona

O sistema desenvolvido pelo NTC, em parceria com a Nacional Gás, utiliza queimador a base de GLP para aquecer o ar a ser insuflado na unidade de armazenamento de grande capacidade, compreendendo um queimador do tipo “swirl”, um sensor de chama, termopares para o controle da temperatura, um sensor de umidade relativa para controlar a qualidade do ar a ser usado na secagem e um microprocessador para controlar o funcionamento automatizado.

O sistema é capaz de realizar com eficiência a secagem de grãos em baixas temperaturas, com a vantagem de ser automatizado. A partir do momento em que o ventilador do silo é acionado, o sistema passa a controlar o ar que é enviado para dentro do silo, por meio de um microprocessador, que possibilita o monitoramento sistemático da temperatura e da umidade relativa do ar insuflado. Para isso, utiliza sensores que se comunicam com o controle lógico para acionamento ou não do queimador a base de GLP para o aquecimento do ar.

Ilustração do sistema de secagem de grãos desenvolvido pelos pesquisadores da Unifor