Professor e ecologista francês avalia como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável podem ser integrados ao currículo acadêmico
seg, 16 setembro 2024 10:15
Professor e ecologista francês avalia como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável podem ser integrados ao currículo acadêmico
Palestra fez parte da programação do II Encontro de Curricularização da Internacionalização (ECOI), promovido pelo Núcleo de Estratégias Internacionais (NEI)
Coordenadores, assessores e professores da Universidade de Fortaleza - instituição de ensino mantida pela Fundação Edson Queiroz - acompanharam nessa quinta-feira (12/9), a palestra Sustainable Development Goals and their applicability in the Unifor curriculum (‘Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS e sua aplicabilidade ao currículo acadêmico’), proferida pelo professor Julien Prieur, doutor em Direito Ambiental pela Universidade de Limoges/França, renomado ecologista francês e consultor em Direito de Desenvolvimento Sustentável e transição ecológica.
A palestra trouxe uma visão aprofundada sobre como os ODS podem ser incorporados de maneira efetiva ao currículo acadêmico e integrou a programação do II Encontro de Curricularização da Internacionalização (ECOI), promovido pelo Núcleo de Estratégias Internacionais (NEI). Um dos objetivos desse processo, voltado para a internacionalização da universidade, é o de construir pontes para conectar a comunidade acadêmica com instituições e pesquisadores estrangeiros.
A coordenadora do NEI e docente do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional (PPGD) e da graduação em Direito da Unifor, Gina Pompeu, deu as boas vindas aos participantes do encontro em nome do programa e enfatizou a importância do reconhecimento dos bons exemplos internacionais para aplicação na Universidade.
“Convidamos o professor Julien Prieur, professor visitante da Unifor neste segundo semestre e parceiro da Universidade, que já veio ministrar seminários internacionais por duas vezes aqui, para conversar sobre os ODS e como sua inclusão na nossa matriz curricular ou dia a dia das atividades do campus podem promover uma educação que contribua para um futuro melhor e mais sustentável. Temos o prazer de recebê-lo não só pelo conhecimento sistemático que ele tem, mas sobretudo porque ele é uma pessoa que tem implementado na prática tudo aquilo que ele ensina em sala de aula”, avalia Gina Pompeu.
“Os ODS são bons para o desenvolvimento internacional da Unifor", avaliou o professor Julien Prieur. (Foto: Ares Soares)
Recomendações
Para a aplicabilidade dos ODS ao currículo acadêmico da Unifor, o professor Julien Prieur faz as seguintes recomendações:
- Abrir a Unifor ainda mais para a sociedade civil e o mundo das ONGs, especialmente as que trabalham com Educação;
- A Universidade participar da Conferência das Partes (COPS, encontro anual dos países que são signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança de Clima - UNFCCC) para aumentar a conscientização e promover suas atividades, principalmente as apoiadas pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação);
- Manter vínculos acadêmicos com regiões do mundo que pareçam menos atrativas, mas que fazem sentido em termos do ODS 4 (“Educação de Qualidade”), como a África;
- Fazer parte da UNAI (United Nations Academic Impact - Impacto Acadêmico da Organização das Nações Unidas). A iniciativa envolve mais de 1,6 mil instituições de ensino superior, em mais de 150 países, no apoio e contribuição para a realização dos seus propósitos e princípios, que incluem a promoção e proteção dos direitos humanos, acesso à educação, sustentabilidade e resolução de conflitos.
“Os ODS são bons para o desenvolvimento internacional da Unifor. Estabelecimentos de educação superior como esta Universidade são atores incríveis e engrenagens essenciais nesta transição ecológica e na implementação dos ODS, particularmente no que diz respeito aos aspectos culturais”, afirmou o professor.
Sobre Julien Prieur
Doutor e mestre em Direito pela Université de Limoges, na França, Julien Prieur é professor da Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Até dia 16 de outubro, ele é professor visitante pela Universidade de Fortaleza, para ministrar aulas da disciplina de Direito Ambiental no Centro de Ciências Jurídicas e também no Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional (PPGD) (mestrado e doutorado).
Julien veio pela primeira vez ao Brasil em um veleiro de dez metros, vindo da França, aos 21 anos, com seu pai, o professor Michel Prieur. Desde então, está em sua nona estadia no país.
Ele sempre quis defender a proteção dos seres vivos e da biodiversidade a tal ponto que partiu com a ONG Greenpeace no navio Rainbow Warrior em 1995 para se opor à retomada dos experimentos nucleares no Pacífico, em Mururoa. Aos 27 anos, criou uma empresa de consultoria e treinamento para líderes empresariais e governantes eleitos, a fim de comprometer suas ações com o desenvolvimento sustentável. Julien geriu esta empresa durante 13 anos, ao mesmo tempo que retomou os seus estudos de Direito e concluiu a sua tese na área de Direito Ambiental na Universidade de Limoges em 2009.
A partir de então, tem estado envolvido em Conferência das Partes (COPs), sejam elas ligadas ao clima ou à biodiversidade, com a ONG CIDCE presidida pelo seu pai, Michel Prieur, esperando a implementação efetiva das convenções internacionais
Em 2015, deixou tudo para passar cinco anos em Madagascar (África) e trabalhar com instituições internacionais (FAO, PNUMA, PNUD, etc.) na implementação local do desenvolvimento sustentável. Redigiu, nomeadamente, o decreto malgaxe que aplica o Protocolo de Nagoya de 2010 sobre recursos genéticos.