CSE Informa | O futuro é feminino: A importância das mulheres na pesquisa

seg, 4 março 2024 15:39

CSE Informa | O futuro é feminino: A importância das mulheres na pesquisa

Segundo o CNPQ, em 2023, o número de mulheres constitui 43,7% do total de pesquisadores no Brasil


No mês de março, a coluna CSE Informa traz uma série de textos que vão refletir o papel das mulheres no campo da ciência (Ilustração: Getty Images)
No mês de março, a coluna CSE Informa traz uma série de textos que vão refletir o papel das mulheres no campo da ciência (Ilustração: Getty Images)

Por: Aliria Aiara Duarte
Conselho Superior de Editoração (CSE)

 

O campo da pesquisa é fundamental para o desenvolvimento das sociedades, descobrimento de novas tecnologias, formas plurais de pensar a vida, registros históricos, reconhecimento de ancestralidades como formas também válidas de múltiplos saberes e entendimento de que os processos de pesquisa já são a própria pesquisa. 

Evoluímos, como civilização, também pela vivência desses processos científicos, pois só se prospecta o futuro a partir de um conhecimento prévio do passado. Nesse campo, a presença das mulheres foi, e ainda é, essencial para inúmeras descobertas e estudos que mudaram nossa forma de viver e ver o mundo.

Pensando nisso, a coluna CSE Informa — produzida pelo Conselho Superior de Editoração (CSE) da Universidade de Fortaleza — propõe um olhar, em suas três edições do mês de março, sobre o papel das mulheres na pesquisa. A série acontece em alusão ao Dia Internacional da Mulher (8 de março).

Lugar de mulher também é na ciência

Não é novidade que as mulheres sempre tiveram dificuldades ou empecilhos a mais para que pudessem atingir certos lugares na sociedade, desde o direito ao voto até o ingresso em universidades. Todos esses passos foram resultado de um trabalho contínuo e árduo de reconhecimento.

Assim sendo, o reconhecimento de mulheres na pesquisa não seria diferente, mas ainda está aquém das expectativas se observamos os números de produção acadêmica. No entanto, isso não se dá por falta de mulheres pesquisadoras.


Mulheres cientistas precisam enfrentar diversos desafios para serem reconhecidas da mesma forma que são seus pares profissionais masculinos (Ilustração: Getty Images)

Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), em 2023, o número de mulheres constitui 43,7% do total de pesquisadores no Brasil. Essa desigualdade vem, então, de uma forma ainda patriarcal de organização, que acaba por impedir o acesso e/ou permanência dessas mulheres no campo de pesquisa.

Porém, existem iniciativas que podem fomentar a participação feminina na ciência e ajudá-las a superar as adversidades estruturais que lhes foram impostas. Algumas dessas ações são:

  • Bolsas de estudo com prioridade para mães, principalmente mães solo;
  • Editais destinados a pesquisadoras, com o intuito de ampliar o percentual feminino nas plataformas de pesquisa;
  • Editais destinados a pesquisas que abordem discussões sobre gênero, pois isso problematiza questões estruturais sobre preconceito de gênero;
  • Espaços acadêmicos apropriados para receber pesquisadoras que são mães, entendendo a demanda de amamentação e outras necessidades; 
  • Entender que é necessário criar um espaço de equidade para essas pesquisadoras, visando dar às pessoas o que elas precisam para que todos tenham acesso às mesmas oportunidades.

Experiência feminina na pesquisa

Sobre isso, a professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifor, Dra. Alessandra Oliveira, fala um pouco sobre a importância de mulheres atuantes na pesquisa acadêmica. Para ela, que é pesquisadora do Laboratório de Arte, Memória Gráfica e Biograficidade (LAMBE), a pesquisa é uma forma de olhar o mundo para transformá-lo.

Esse olhar tanto é único quanto plural. “Ao pesquisar, trago algo autoral para minha investigação, algo que é apenas meu, singular, mas também trago o olhar de todas as mulheres enquanto grupo social que partilha os mesmos desafios e passou por experiências que dialogam. Assim, cada mulher incluída na pesquisa trata uma possibilidade, ao mesmo tempo, única e coletiva de mudar o mundo”, diz ela.


“As potências e desafios que as mulheres enfrentam na pesquisa são tantos. Existe uma questão de gênero marcante na pesquisa acadêmica no Brasil: primeiro o de acesso à pesquisa, depois o de ter o seu trabalho reconhecido e valorizado. Ainda precisamos conciliar com as demandas familiares que, na maioria dos casos, ficam sob a responsabilidade da mulher. Pesquisar é um desafio constante, é uma doação. Mas, sobretudo, para nós mulheres é resistência.”Alessandra Oliveira, professora da Unifor e pesquisadora do grupo LAMBE

A Dra. Gilcenara Oliveira é docente da área de Tecnologia na Unifor e editora-chefe da Revista Tecnologia, do Conselho Superior de Editoração (CSE). Ela — que atua em projetos como do Saneamento Básico do Ceará, no Grupo de Trabalho Drenagem e na pesquisa de equipamento para captura de microplásticos em nossos recursos hídricos — também comenta o assunto.


“Quanto aos desafios, para nós, mulheres, são muitos, a começar pelo tempo de maternidade, isso não pode ser esquecido. Muitas pesquisadoras optam por evitar isso, mas as que seguem com esse desafio terão sempre uma jornada ampliada em suas vidas, ou pelo menos durante os primeiros anos de seus bebês.”Gilcenara Oliveira, docente da Unifor e editora-chefe da Revista Tecnologia 

 

A coluna CSE Informa é um espaço quinzenal de divulgação do Conselho Superior de Editoração (CSE) da Universidade de Fortaleza no jornal Unifor Notícias Mobile.