qui, 30 maio 2019 10:09
Pesquisa da Unifor sobre biofármacos é destaque em publicação internacional
O uso de animais na produção de biofármacos é uma alternativa altamente promissora para tratar doenças de alto custo. No Ceará, três cabras geneticamente modificadas por pesquisadores da Unifor foram as primeiras da América Latina a conter um transgene que pode direcionar a produção de um anticorpo monoclonal para tratar o câncer.
O trabalho pioneiro teve destaque na edição de 25 de maio do jornal chileno El Sur e destacou os pesquisadores Leonardo Tondello e Kaio Tavares. O projeto é desenvolvido em parceria com o Centro de Biotecnologia y Biomedicina, startup da Universidade de Concepción, e com a Fortgen Technologies, startup da Unifor, e busca não apenas o desenvolvimento e validação da droga, mas também conexão com a iniciativa privada para o registro e comercialização do produto final. O anticorpo monoclonal anti-VEGF poderá ser utilizado no tratamento de cânceres de pulmão, colorretal, rins e ovários.
O pesquisador Leonardo Tondello explica o andamento da pesquisa. “A plataforma de produção já foi validada por órgãos reguladores internacionais, como a European Medicines Agency (EMA), da Europa, e a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos. Biofármacos produzidos em plataforma animal têm sido comercializados internacionalmente, havendo um caminho aberto e promissor para o trabalho que está sendo desenvolvido na América Latina, já que a operacionalização da respectiva plataforma está associada a um menor custo de estruturação e produção, maior flexibilidade para o escalonamento da produção e maior rentabilidade final”, explica Tondello.
Jorge Toledo, co-fundador do Centro de Biotecnologia y Biomedicina, afirma que os resultados alcançados pela Unifor vão permitir avançar no desenvolvimento e comercialização dos biofármacos. “As projeções são auspiciosas. Podemos alcançar altas taxas de produtividade com os anticorpos das primeiras cabras transgênicas Brasil-Chile e esperamos vencer as barreiras regulatórias para seguir avançando e chegar aos pacientes, que é o mais importante”, destaca ele.
Entenda a pesquisa
A Universidade de Fortaleza está desenvolvendo pesquisas direcionadas à produção de biofármacos no leite de caprinos geneticamente modificados. Neste caso, o leite constitui apenas um veículo para a produção das drogas que são, subsequentemente, purificadas a partir do leite. Os biofármacos em desenvolvimento pela Unifor são a L-asparaginase, para o tratamento da leucemia, o anticorpo monoclonal anti-VEGF, usado no combate a câncer de pulmão, colorretal, rins e ovários, e o anticorpo monoclonal anti-CD20, empregado no combate à linfomas e doenças autoimunes. O Brasil gasta, anualmente, cerca de R$ 600 milhões com a aquisição destas três drogas a partir de empresas estrangeiras.
Como funciona a plataforma animal
A plataforma está baseada na produção de biofármacos a partir de animais geneticamente modificados. Biofármacos constituem a classe de drogas mais inteligente da atualidade, resultando em tratamentos altamente eficazes e seguros. A plataforma animal, baseada no uso de animais geneticamente modificados, representa uma plataforma de produção altamente inovadora, produtiva, escalonável e segura para a síntese de biofármacos.
Benefícios para o paciente
A plataforma utilizada permite a produção econômica de biofármacos complexos para o tratamento das doenças mais impactantes. Desta forma, os pacientes e os sistemas públicos de saúde deverão ser favorecidos através da disponibilização de drogas de altíssimo valor biológico por preços mais acessíveis.
Inovações em relação a concorrência
A plataforma animal é mais produtiva, econômica e escalonável quando comparada às principais plataformas de produção concorrentes. Consequentemente, haverá a produção de drogas altamente competitivas, biológica e economicamente, para inserção no mercado biofarmacêutico.
Impactos para o mercado
O mercado biofarmacêutico é bilionário, acarretando custos altíssimos aos governos, sistemas públicos de saúde e pacientes. A produção de drogas a um custo mais acessível, desenvolvidas através de uma plataforma de produção inovadora, produtiva e econômica, deverá impactar positivamente, desafogando contas públicas e favorecendo a disponibilização dos melhores tratamentos aos pacientes.
Pesquisadores
Atualmente, quem conduz as pesquisas na Unifor são os professores do Curso de Medicina Veterinária Leonardo Tondello e Kaio César Simiano Tavares, os dois formados em Medicina Veterinária com doutorado em Biotecnologia, e o pesquisador Saul Gaudêncio, formado em Medicina Veterinária e doutorando em Biotecnologia. A equipe ainda é formada por alunos do Programa de Doutorado Renorbio, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas (PPGCM) e por alunos de graduação dos cursos de Medicina Veterinária e Medicina da Unifor.