Pesquisa Unifor: estudo tem potencial para revolucionar vida de usuários de insulina

seg, 27 janeiro 2025 16:12

Pesquisa Unifor: estudo tem potencial para revolucionar vida de usuários de insulina

Com autoria de Adriana Rolim, Ana Cristina Moreira e Angelo Roncalli, projeto visa criar medicamento oral para administração da insulina; expectativa é por avanços significativos nos próximos três anos


Ausência e insuficiência da produção de insulina provoca acúmulo do açúcar em sangue e no organismo, o que ocasiona a diabetes (Foto: Getty Images)
Ausência e insuficiência da produção de insulina provoca acúmulo do açúcar em sangue e no organismo, o que ocasiona a diabetes (Foto: Getty Images)

Reconhecida pelo fomento à pesquisa, a Universidade de Fortaleza — instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz — tem expertise em produções científicas na área da saúde e almeja transformar a vida de pacientes em uso de insulina, que tem a função de regular o nível de açúcar no sangue. 

Desenvolvida no Núcleo de Biologia Experimental (Nubex), a pesquisa “Revolução na Administração de Insulina: A Promessa das Nanopartículas” tem como objetivo desenvolver uma via alternativa para a administração da insulina, ou seja, sem o incômodo causado pela injeção. O trabalho é realizado por Adriana Rolim, coordenadora de Pesquisa da Unifor, Ana Cristina Moreira, diretora do Nubex, e Angelo Roncalli, docente do curso de Farmácia.

A produção científica começou em 2019, com a avaliação dos efeitos da frutalina (proteína extraída da fruta-pão) para tratamento da dor orofacial — face, pescoço, boca ou mandíbula — em animais roedores.


“Como o nanosistema (substância manipulada atomicamente) demonstrou bons resultados na condução de proteínas, surgiu a ideia de testar a insulina, uma proteína que, até hoje, apresenta um grande desafio para a administração sem a necessidade de injeções”Angelo Roncalli, docente do curso de Farmácia da Unifor e um dos pesquisadores envolvidos na pesquisa.

Desenvolvimento da pesquisa e principal desafio

A produção científica visa a criação de um medicamento ingerido por via oral, e cada pesquisador tem atribuições específicas. Angelo é responsável pelo progresso e caracterização dos nanosistemas, enquanto Ana Cristina isola, descreve e quantifica a proteína. 

Adriana, por sua vez, realiza os ensaios in vivo (estudo produzido para verificar os efeitos de vias aéreas biológicas em organismos vivos) e as avaliações da atividade farmacológica. 

Os pesquisadores identificaram que o principal desafio é em relação à insulina, pois trata-se de uma molécula grande e instável. Tal fato dificulta o seu uso por vias alternativas à injeção. Entretanto, há otimismo sobre a evolução do estudo.

Expectativa por resultados

O planejamento é de que nos próximos três anos sejam alcançados resultados satisfatórios nos ensaios pré-clínicos, com a insulina administrada de modo eficaz. Por ora, os docentes atuam em prol do aprimoramento dos nanosistemas e realização de testes para validar a segurança do produto.

Estamos bastante otimistas com o progresso que temos feito e acreditamos que, em breve, poderemos dar um grande passo em direção a uma alternativa viável para os pacientes que necessitam de insulina”, revela o pesquisador Angelo Roncalli.

O uso de insulina é mais comum em pessoas com diabetes, doença que atinge 13 milhões de brasileiros — de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes. Entre 5% e 10% desse total corresponde ao tipo 1, no qual o tratamento exige a utilização de insulina e outros medicamentos para controlar a glicose.

Pesquisa desenvolvida em espaços de excelência

As etapas do trabalho ocorrem principalmente em três espaços do Nubex, onde são produzidos novos conhecimentos que respondam aos desafios científicos, biotecnológicos e sociais.

O Biotério de Experimentação é a casa dos ensaios in vivo e das análises de imagens, enquanto a Unidade de Biologia Estrutural e Funcional é o espaço no qual acontece a caracterização bioquímica, estrutural e biológica da proteína. Já a Unidade Multiusuária é o centro de segurança para realização da pesquisa, que é produzida em perspectiva multidisciplinar. 

Com a premissa de conectar pesquisa e inovação, o Nubex tem desenvolvido trabalhos que resultaram em mais de 200 publicações em periódicos nacionais e internacionais nos últimos cinco anos. 

Ainda que a produção científica sobre a administração de insulina não tenha publicação, estudos sobre outras proteínas, como a frutalina, já foram divulgados. Portanto, o histórico referenda o sistema desenvolvido pelos pesquisadores.