qua, 25 julho 2018 17:57
Unifor oficializa convênio com a Universidad de Concepción, no Chile
A Universidade de Fortaleza recebeu em julho representantes da Universidade de Concepción (UdeC), afim de realizar 3 objetivos: consolidar o projeto de investigação e inovação feito há dois anos, na última visita à Unifor, estabelecer um convênio de colaboração ampliado entre as duas universidades, e apresentar o novo programa de Doutorado que está em desenvolvimento pela Universidad Concepción e que será apresentado a Unifor, a fim de unir forças e melhorá-lo.
Entre os representantes da universidade chilena estavam a decana da Faculdade de Ciências Biológicas da UdeC, professora Soraya Gutierrez e Jorge Roberto, doutor em Ciências Biológicas, especializado nas áreas de biologia celular e molecular.
A parceria antiga era firmada com uma das empresas incubadas no Parque Tecnológico da Unifor, a Fortgen Technologies, juntamente com uma empresa incubada na UdeC, a CBB. Porém, o convênio ainda não era específico com a Unifor, assunto que foi debatido na recente visita, e oficializado formalmente.
A visita que foi realizada no último dia 11 de julho, contemplou dois projetos específicos: o primeiro sobre o desenvolvimento do anticorpo anti-VGEF, produzido no leite de cabras transgênicas, e que seria utilizado no tratamento de diversos casos de câncer, como o câncer de pulmão, rins, ovários e colorretal.
O segundo projeto se trata do desenvolvimento de modelos de cabras geneticamente modificadas que possuem a capacidade de produzir proteínas recombinantes com estrutura molecular muito semelhante àquela encontrada em proteínas produzidas pelo organismo humano.
Mais especificamente, os caprinos produzirão proteínas recombinantes com um “padrão de glicosilação humanizado”. Esta grande inovação que está sendo incorporada à plataforma de produção de biofármacos operacionalizada no Brasil pela Universidade de Fortaleza, a Plataforma Animal, permitirá o desenvolvimento de medicamentos de altíssimo valor biológico para o tratamento de doenças complexas como o câncer, doenças autoimunes e doenças raras e/ou negligenciadas. O perfil de glicosilação humanizado deverá resultar na produção de biofármacos com alta atividade e baixa imunogenicidade, entre outros atributos.
Jorge Roberto explica que com o anticorpo anti-VEGF produzido no leite caprino, os custos de produção seriam mais baixos, e o paciente teria maior acessibilidade ao medicamento. Ele ainda comenta em quanto tempo o produto poderia chegar ao mercado: “Creio que depende muito da vontade política, do interesse do governo [...] Hoje em dia, depende mais de disponibilidade, infraestrutura e regulamentação, é importante que haja interações para que possamos agilizar esse processo”.
Ambos os países, Chile e Brasil, costumam importar biofármacos, o que acaba gerando um alto custo para o governo, apesar da alta demanda. “Precisamos deixar de ser dependentes” Soraya frisa. Ela ainda chama atenção para o fato de que nos dois países, o governo estabeleceu leis que obrigam o tratamento de pacientes infectados com os biofármacos.
O alto preço dos produtos importados resulta no direcionamento dos biofármacos mais caros para pacientes com maior probabilidade de chance de cura. Esta segregação gera um problema não se torna apenas econômico, mas social.
Portanto, o professor e pesquisador da Unifor, Leonardo Tondello, explica a importância da parceria entre as duas universidades, que vai muito além de questões como execução da pesquisa e de publicações científicas: “Talvez o mais importante de tudo isso seja o objetivo claro que temos em transformar esta pesquisa em uma solução real para o país e para a sociedade. Trabalhar cooperativamente, como viemos fazendo com a companhia CBB e a Universidad de Concepción, encurta o caminho através da união de competências e estrutura relacionadas ao processo de produção, validação e regulamentação, além de facilitar a interação com empresas e outros parceiros que poderão viabilizar a inclusão do futuro produto no mercado. É através desse caminho que eu acredito que o Brasil tem buscado caminhar e que a Universidade de Fortaleza tem sido uma das pioneiras trabalhando forte na pesquisa e desenvolvimento alinhados com a geração de soluções”, ele ressalta.