seg, 7 novembro 2022 11:30
Entrevista Nota 10: Tony Bellotto e a experiência na escrita criativa
O músico e escritor Tony Bellotto esteve na Universidade de Fortaleza em outubro para participar de um bate-papo sobre "A Importância da Escrita Criativa nas conexões profissionais"
Em plena São Paulo de 1982, nasceu uma das bandas de rock mais bem sucedidas da história brasileira: os Titãs. Originalmente, a banda era um noneto, hoje é formada por Branco Mello, Sérgio Britto e Antonio Carlos Liberalli Bellotto, mais conhecido como Tony Bellotto. O célebre guitarrista dos Titãs também é escritor e especialista em romance policial, tendo lançado quatro livros do gênero: “Bellini e a Esfinge” (1995), “Bellini e o Demônio” (1997), “Bellini e os Espíritos” (2005) e “Bellini e o Labirinto” (2014).
Ele também escreveu “BR163: Duas Histórias na Estrada” (2001), “O Livro do Guitarrista” (2001), “Os Insones” (2007), “No Buraco” (2010), “Lô” (2018), “Dom” (2020), entre outros. Em 2001, o diretor Roberto Santucci Filho adaptou para filme homônimo o romance policial da autoria de Tony, “Bellini e a Esfinge”.
A partir de um convite do Programa de Pós-Graduação da Universidade de Fortaleza, instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz, o artista participou de um bate-papo com a mediação da coordenadora da Especialização em Escrita e Criação da Pós-Unifor, professora Socorro Acioli. Bellotto falou sobre o início da carreira como escritor e a importância da escrita criativa para estudantes e profissionais que já estão no mercado de trabalho em um papo descontraído.
Confira a entrevista na íntegra a seguir.
Entrevista Nota 10 – No dia 26 de outubro, você esteve na Universidade de Fortaleza para falar sobre a importância da escrita criativa nas conexões profissionais. Como a escrita criativa pode ajudar estudantes em formação e profissionais que já atuam no mercado de trabalho?
Tony Bellotto – A escrita é uma forma muito profunda da manifestação de cada um. Então, ela é importante até para a organização do pensamento, a maneira como você se coloca, como você reflete sobre as coisas. A escrita reflete um pouco o funcionamento da nossa cabeça. Por isso, é muito importante falarmos sobre escrita criativa, uma vez que ela é útil para qualquer um, não apenas para quem trabalha neste segmento.
Entrevista Nota 10 – De que forma a sua experiência como músico, guitarrista e compositor colaborou com a sua transição para a carreira de escritor?
Tony Bellotto – Na verdade, o meu “eu” escritor e músico nasceram juntos. Tenho o entendimento de uma ideia grega que diz que todas as formas de arte nasceram juntas e, posteriormente, cada uma se tornou uma musa diferente, a música, a literatura, a dança, o teatro… mas, inicialmente, todas estavam em unidade. Compreendendo isso, me lembro que, desde pequeno, já gostava de música e de ler. Então acredito que não houve uma transição. Comecei na música, mas sempre escrevendo. Não tenho dúvidas que nasceram juntas em mim.
Entrevista Nota 10 – E para quem quer ingressar nessa área: quais as principais dificuldades? Alguma dica para quem quer começar a escrever?
Tony Bellotto – Primeiro, é importante se aventurar a escrever. Muitas pessoas comentam que querem começar, mas não sabem como. A aventura da escrita é sempre muito emocionante, mas a única maneira de aprender a escrever é lendo. A leitura é fundamental, aprendemos muito com os livros.
Entrevista Nota 10 – Como o gênero policial, que permeia boa parte das suas obras, entra na sua vida? Quem são suas referências na área?
Tony Bellotto – Esse gênero me chamou atenção, no começo, quando quis começar um livro, porque me parecia mais fácil de organizar as ideias. Na literatura policial, tem uma brincadeira que diz que há um cadáver na primeira página e o culpado na última, e entre a primeira e a última tem um detetive para descobrir quem matou. Então, me apoiei um pouco nessas regras. Mas acredito que a literatura é única, não gosto de dividi-la em gêneros. Tem livros bons e ruins. E até dos ruins eu gosto, porque acho que, para produzi-los, é necessário um certo talento. Minhas grandes referências são Raymond Chandler, escritor americano do século XX que considero o mais fantástico deles, e, no Brasil, o Rubem Fonseca foi um grande mestre.
Entrevista Nota 10 – Como foi para você como escritor ser biografado na obra “A vida até parece uma festa: A história completa dos Titãs”?
Tony Bellotto – Eu acho que a biografia é um gênero um pouco sem imaginação, porque, nela, você segue a realidade à risca. Então, achei meu personagem na biografia um pouco desinteressante. Eu prefiro inventar os personagens. Os que eu invento para mim mesmo são mais interessantes.