Entrevista Nota 10: Valdecy Urquiza e o ineditismo de um brasileiro no comando da Interpol

seg, 5 agosto 2024 17:49

Entrevista Nota 10: Valdecy Urquiza e o ineditismo de um brasileiro no comando da Interpol

Indicado para ser o novo Secretário-Geral da Interpol, delegado da Polícia Federal fala com exclusividade sobre os desafios da organização internacional para os próximos anos de mandato, além de comentar sua relação com a Unifor


Egresso da Universidade de Fortaleza, Urquiza já esteve à frente de diversos cargos na Interpol (Foto: Cooperação Internacional/PF)
Egresso da Universidade de Fortaleza, Urquiza já esteve à frente de diversos cargos na Interpol (Foto: Cooperação Internacional/PF)

A partir de novembro de 2024, a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) contará, pela primeira vez em 100 anos de existência, com um brasileiro no comando. O delegado da Polícia Federal Valdecy Urquiza, atual diretor de Cooperação Internacional da PF e vice-presidente para as Américas do Comitê Executivo da Interpol, foi indicado para ser o Secretário-Geral da instituição nos próximos cinco anos de mandato.

Nordestino nascido em São Luís, no Maranhão, Urquiza é graduado em Direito pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e carrega uma vasta experiência no âmbito da cooperação internacional. Ele possui MBA em Administração Pública pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) e pós-graduação em Direito Ambiental pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

Com experiência internacional, o delegado também realizou cursos de Justiça Criminal na Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, além de Telecomunicações e Tecnologia da Informação na Agência Japonesa de Cooperação Internacional (Jica), em Tóquio, e Gestão e Liderança em Harvard.

Já atuou como Diretor-Adjunto para Comunidades Vulneráveis e Diretor de Combate ao Crime Organizado da Secretaria-Geral da Interpol em Lyon, na França, onde implementou estratégias de combate ao tráfico de pessoas. De 2007 a 2009, atuou como Chefe da Delegacia de Patrimônio Histórico e Meio Ambiente da Superintendência da PF no Maranhão.

Em conversa exclusiva com a Entrevista Nota 10 desta semana, Urquiza fala sobre os atuais desafios da Interpol no combate a crimes transnacionais e as metas para seu mandato à frente da Organização. Ele ainda comenta sobre sua relação com a Unifor.

Confira na íntegra a seguir.

Entrevista Nota 10 — Em um contexto cada vez mais globalizado, onde as fronteiras dos países já não são um impeditivo para que crimes aconteçam em várias partes do planeta, quais são os principais desafios da Interpol no monitoramento de crimes transnacionais hoje? E como os avanços tecnológicos e recursos virtuais têm facilitado as investigações?

Valdecy Urquiza — A Organização surge em 1923, mais de 100 anos atrás, exatamente com essa missão de apoiar a investigação e coordenação de casos relacionados a crimes transnacionais, ou seja, aqueles crimes que têm elementos comuns a mais de um país. Pode ser que a organização de um país praticou em outro, pode ser que a informação que é necessária para a elucidação do caso esteja localizada em outro país. E essa ainda é a principal missão da Organização: apoiar as polícias na coordenação de atividades e na troca de informações de crimes transnacionais.

Você pontuou muito bem quando disse que os crimes não encontram fronteiras. Quando a Interpol foi criada em 1923, a realidade era muito distinta da que temos hoje, mas já era nesse contexto: como faço para coordenar a atividade das polícias, principalmente relacionada à busca de fugitivos internacionais? Esse foi o início. Na época, o que se discutiu foi um intercâmbio de informações, ainda de forma analógica, quando trocamos essas informações relacionadas a fugitivos.

Aqui faço um parênteses para contar um pouquinho dessa história, porque a Interpol surge em 1914, a ideia dela, quando foi organizado o Congresso Criminal Internacional. Foi a primeira vez na história, que se tem notícia, de um congresso internacional para tratar de crimes. Isso ocorreu no Principado de Mônaco, promovido pelo próprio Estado, que à época sofria com a atuação de organizações criminosas de outros países da Europa atuando no Principado, muito incentivadas pela quantidade de recursos financeiros que circulavam por ali, com os cassinos e outras atividades.

Naquele momento, Mônaco resolveu fazer esse Congresso para reunir juristas, policiais e acadêmicos para discutir esse fenômeno, porque era um fenômeno. Como que a polícia trata de organizações que vêm praticar um crime aqui e depois vão se esconder em outros países da Europa? Não se falava ainda muito de extradição, não se falava de colaboração entre as polícias. E aí, em 1914, eles vêm com as principais ideias, e a grande sugestão do Congresso foi a criação de um organismo internacional, que não foi criado imediatamente por conta da Primeira Guerra Mundial e só em 1923 de fato é criada.

De lá pra cá, o mundo mudou, as prioridades mudaram, mas a Organização continua com essa premissa de servir de plataforma para a cooperação entre os países. E aí, já respondendo diretamente tua pergunta, hoje a Interpol passa a facilitar a troca de informação não só mais de fugitivos, trata de uma gama de outras ameaças, desde os crimes cibernéticos até o terrorismo e a exploração de comunidades vulneráveis. E isso agregando novos serviços e novas atividades à sua atuação. Passa, cada vez mais, a adotar novas tecnologias em sua atividade. Aquilo que, no início, era um arquivo de papel, evoluiu para comunicações via rádio e depois para uma rede criptografada segura para troca de informações em tempo real.

E tudo isso é impulsionado pela própria atividade da Interpol de buscar inovação para a área policial. Desde 2014, nós agregamos à Interpol um instrumento mais forte para isso, que é o Complexo Global de Inovação Tecnológica da Interpol. A conclusão a que se chegou é que, atuando sozinha, a Interpol ou qualquer polícia do mundo não vão conseguir fazer frente ao desenvolvimento de tecnologias na mesma velocidade que as organizações criminosas têm adotado essas tecnologias para o cometimento do crime.

Esse complexo veio com a missão de catalisar a cooperação entre as polícias. Então, as polícias do mundo todo têm enviado representantes para lá – esse centro fica em Singapura – e com a academia. Foram realizadas parcerias com várias universidades do mundo e também com as instituições privadas, porque não só servem como referência para inovação, mas muitas vezes elas são as primeiras a desenvolver essas tecnologias e são as primeiras a ter acesso às informações que são necessárias para essa atividade. Isso hoje virou uma atividade de rotina dentro da Organização, que busca identificar as novas ameaças, identificar as novas tecnologias e discutir como elas podem ser adotadas na atividade policial.

Entrevista Nota 10 — Você comentou sobre parcerias com universidades. Como acontecem? Creio que muitas delas tenham foco em pesquisa tecnológica, IA e segurança de dados, mas como a Interpol e as polícias de uma maneira geral constroem essas parcerias acadêmicas? 

Valdecy Urquiza — Tem duas formas. A que se refere à atividade de inovação é feita no Complexo Global que fica em Singapura. São discutidas parcerias conforme a necessidade de pesquisa específica de algum tempo e, uma vez firmada essa colaboração, são delineadas ali a estratégia da parceria. Em alguns casos, envolve a presença de representantes da universidade, pesquisadores na própria estrutura da Interpol em Singapura; em outros casos, envolve um trabalho de cooperação remoto, em outros formatos.

Para pesquisa é feita uma análise, uma parceria institucional com um plano muito definido, com metas definidas e o plano de trabalho estabelecido entre as duas instituições, muito focado para o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas, análises de ameaças, muito focado na área de inovação e tecnologia.

Mas a Interpol propicia também a parceria em discussões temáticas específicas, então existem Grupos de Trabalho (GT) que a Organização fomenta e mantém para discussão de fenômenos criminais e discussão de ameaças, através da qual a academia como um todo pode ser convidada a colaborar no debate. Podem ser grupos pequenos com reuniões permanentes, podem ser grupos maiores com discussões esporádicas também. São vários os formatos. Geralmente, tudo isso é comunicado para o Escritório Central Nacional da Interpol no país – no nosso caso, aqui no Brasil, para a Polícia Federal e o chefe do escritório Central Nacional da Interpol –, que buscam identificar aquelas instituições que poderiam ser objetos dessas atividades.

Aproveito o tema para deixar também registrado uma outra forma de cooperação com o mundo acadêmico que a Interpol disponibiliza, que é a realização de estágios na Organização. A Interpol tem uma política de estágio remunerado que é muito concorrido, uma atividade que desperta o interesse de estudantes em todo o mundo, e envolve a presença e o trabalho em uma das instalações da Organização, geralmente na sede, que fica na cidade de Lyon, na França.

Existe um protocolo próprio, é lançado um edital e essas vagas são lançadas de forma corriqueira, podendo ser consultadas no site da instituição. E a partir daquele perfil que é estabelecido para a vaga, qualquer estudante que esteja aderente àquele perfil pode se candidatar e participar. Tem um processo seletivo interno bem transparente que seleciona para esse estágio. Acho que esse é um resumo das principais formas de colaboração da Interpol com o mundo acadêmico.

Entrevista Nota 10 — Você foi eleito para o cargo de Secretário-Geral da Interpol, onde já atuava como vice-presidente da Interpol para as Américas e chefe da Diretoria de Cooperação Internacional da PF. O que esse novo momento representa? E o que podemos esperar para os próximos cinco anos de seu mandato? 

Valdecy Urquiza — É um momento único na história da Interpol. Nós temos, pela primeira vez, um nome indicado pelo Comitê Executivo para assumir a função de Secretário-Geral da Organização que vem de um país em desenvolvimento. A Interpol celebrou no ano passado 100 anos, e nesse século de história, apenas cinco países se revezaram nessa função, sendo quatro países europeus e uma vez os Estados Unidos.

É um momento único para a Interpol, mas eu acredito que trará muito em qualidade e eficiência para a instituição, porque é uma organização global, mas que trata com 196 países, com diferenças de perspectivas, que lidam com ameaças criminais distintas e formas de trabalho distintas. Então, a diversidade na Organização só tem a contribuir para o engrandecimento da instituição, para a sua legitimidade e, com certeza, isso vai resultar em ações ainda mais eficientes.

Eu tenho pela frente um plano de trabalho que está sendo construído, que vai focar muito no fortalecimento da gestão estratégica da Organização, na adoção de novas tecnologias para o desenvolvimento do trabalho da Interpol e que terá também, evidentemente, como foco fortalecer o apoio aos próprios países em desenvolvimento. Queremos que todas as polícias do mundo alcancem um patamar através do qual elas estejam capacitadas tecnicamente para combater essas ameaças de forma autônoma, sempre com o apoio da Interpol quando necessário, mas que elas possam realmente ter os instrumentos necessários para o combate à criminalidade.

A Interpol apoia isso desenvolvendo ferramentas, desenvolvendo bancos de dados, apoia na capacitação das polícias (é um trabalho muito forte desenvolvido pela Organização) e no trabalho, que é o mais conhecido, de apoio e suporte operacional. Temos um desafio também de ampliar a diversidade de gênero na Interpol. Pela própria natureza da atividade policial, ainda é uma realidade em muitos países a presença muito tímida de mulheres que fazem parte da Organização.

A Interpol tem números melhores do que as polícias nacionais dos diversos países no que se refere ao efetivo feminino. Hoje possui basicamente um equilíbrio, cerca de 50% do efetivo feminino, mas ainda precisa desenvolver mais lideranças femininas. A ideia é trabalharmos para identificar – não só dentro da Organização, mas em seus países membros – e apoiar a formação, a identificação e o recrutamento de lideranças femininas da área policial para que elas possam contribuir com a Interpol também.

E o desafio de lidar com uma criminalidade que é cada vez mais dinâmica, que utilizando de ferramentas tecnológicas, tem cada vez mais se desenvolvido e se reinventado. E as polícias precisam atuar com essa mesma velocidade para dar resposta a esses fenômenos criminais, especialmente no que se refere à criminalidade cibernética e à adoção de ferramentas tecnológicas para o cometimento de crimes, porque o fenômeno que nós temos visto é que as organizações criminosas mais e mais têm adotado ferramentas tecnológicas como instrumento para a prática de crimes. Então, esse é um grande desafio também, investir com fineza e substância no desenvolvimento de tecnologias para uso na atividade policial.

Entrevista Nota 10 — E o que esse momento representa para você, tanto pessoal quanto profissionalmente? O que ter sido eleito para esse cargo te diz?

Valdecy Urquiza — Eu tenho dedicado a minha carreira profissional a essa atividade. Estou na Polícia Federal há quase duas décadas e há mais de uma década trabalho com cooperação internacional, porque acredito que esse é uma das grandes ferramentas para o combate à criminalidade moderna. Não há como se trabalhar de forma isolada, é necessária a cooperação entre os países. E sendo a Interpol a principal plataforma para isso, a principal instituição internacional para a cooperação policial internacional, é claro que é um momento pessoalmente também de muita alegria, muita felicidade por ter a oportunidade de liderar a Interpol.

Uma organização da qual eu já faço parte há algum tempo, e onde trilhei diversos caminhos: tive a oportunidade de chefiar o escritório da Interpol aqui no Brasil; tive a oportunidade de servir na Diretoria de Crime Organizado, liderando a estratégia lá na sede da Interpol que se referia ao combate aos crimes contra as comunidades vulneráveis; e também de ter servido, e ainda estou nesse momento servindo, na minha função como Vice-Presidente da Organização para as Américas.

Então, ter sido indicado pelo Comitê Executivo para essa função muito me alegra e me traz também a felicidade de ver o reconhecimento à Polícia Federal do Brasil, o reconhecimento ao Estado brasileiro como um país que tem profissionais com as habilidades necessárias para assumir um desafio como esse.

Acredito que o trabalho que a Polícia Federal tem desenvolvido na área de cooperação internacional nos últimos anos tem sido também uma referência mundial e, por isso, acredito que é um reconhecimento não só a mim, o indivíduo, mas à instituição a qual pertenço por essa trajetória da cooperação internacional.

Entrevista Nota 10 — Nos 100 anos de existência da Interpol, será a primeira vez que um brasileiro vai comandar o órgão. Como essa posição irá influenciar ou estreitar de algum modo as colaborações nacionais e latinoamericanas?

Valdecy Urquiza — Isso contribui para trazer perspectivas diferentes para a Interpol. Quando você tem uma diversidade de pensamentos, você acaba trazendo perspectivas diferentes sobre as ameaças, sobre as formas de combatê-las, sobre os problemas que o mundo enfrenta na área de segurança pública de uma forma geral. É evidente que vários dos delitos que nós enfrentamos são delitos que têm um impacto global, mas muitas vezes as nuances são distintas de região para região. O impacto que um certo tipo de delito tem em um lugar é diferente da outro, e a forma que as polícias trabalham na resposta a essas ameaças são distintas.

Acho que isso é algo que contribui, em primeiro lugar, para trazer essa diferença de pensamento, trazer uma perspectiva diferente sobre os mesmos problemas. O segundo ponto, eu acredito que é trazer um pouco da minha experiência, da experiência do Brasil no combate à criminalidade. A Polícia Federal possui experiências muito válidas e relevantes em diversos temas, como o combate aos crimes ambientais, à criminalidade cibernética e à investigação financeira. E isso também agrega, porque você traz uma experiência distinta, de pontos de vista distintos, de algo que a Organização trabalha muito bem.

E acredito que essa presença do Brasil, essa indicação para assumir a Secretaria-Geral, faz com que outros países, também países em desenvolvimento, se sintam motivados a contribuir ainda mais com a Organização. Porque verificam justamente nessa nossa presença como Secretário-Geral da Interpol, de fato, uma organização global, que abraça todas as nações, que não faz distinção entre seus membros e que está aberta à participação e colaboração de qualquer um dos seus 196 países. Acho que isso é o que o ineditismo dessa posição traz nesse contexto.

Entrevista Nota 10 — Sabemos que tanto a Polícia Federal (PF) quanto o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil trabalham em parceria com a Interpol para a solução de crimes transnacionais. Como acontece essa relação com as instituições brasileiras? De que forma a comunidade policial internacional enxerga a nossa colaboração com essas investigações?

Valdecy Urquiza — A Interpol, como organismo internacional, é criada pelos países para atender o interesse deles. Então, hoje, possui 196 países membros, sendo uma das maiores, se não a maior organização internacional em número de países associados. E em seu arcabouço legal, ela estabeleceu que caberá a cada país membro indicar uma instituição de Estado para servir como o representante do país junto à Organização.

No caso do Brasil, isso foi estabelecido como a Polícia Federal, desde que a PF passou a fazer parte da Interpol décadas atrás. E entre as missões ou obrigações está a de constituir um Escritório Central Nacional. É uma estrutura que funciona dentro da Polícia Federal, com recursos humanos e financeiros da PF, mas que atende às atividades da Interpol. É ali que estão presentes as ferramentas, os bancos de dados e os sistemas de compartilhamento de informação. Esses policiais são treinados para atuar com esses instrumentos da Interpol.

Mas a Interpol, ou melhor, no caso do Escritório Nacional da Interpol no Brasil, ele não serve unicamente à Polícia Federal. Ele tem por missão atender toda a estrutura de segurança pública do Brasil. Então, se há necessidade de apoio ou de utilização das ferramentas para um delito que é investigado pela Polícia Civil de um Estado ou por um caso que está em curso junto ao Ministério Público de um Estado, cabe ao Escritório Nacional da Interpol, em Brasília, prover esse serviço.

Da mesma forma que quando outro país precisa de uma atuação do Brasil, isso também é realizado através deste Escritório. E há muitos anos que isso funciona de forma muito bem estruturada, com um time muito competente, muito bem treinado e formado. E tem sido uma das referências também desse tipo de trabalho. É um escritório que atua dentro do mais alto padrão de qualidade, atendendo a essa missão institucional.

O Brasil é um país reconhecido por suas competências, reconhecido também por sua capacidade de diálogo com todas as nações, reconhecido por sua neutralidade em muitos temas e visto como um parceiro confiável do ponto de vista internacional. Acredito que isso contribui também para o sucesso da missão do Brasil junto à Interpol, porque é tido como um parceiro de excelência, confiável e sempre disponível a atuar quando necessário.

Entrevista Nota 10 — Sua vida acadêmica teve início na Universidade de Fortaleza, onde você se formou em Direito. Como foi sua experiência durante a graduação? Qual o papel da Unifor na construção da sua carreira, especialmente para chegar a esse novo momento profissional? 

Valdecy Urquiza — [De 1999 a 2003], eu cursei o bacharelado em Direito na Unifor, uma universidade que acredito que agregou muito para mim em termos de conhecimentos acadêmicos, da minha formação acadêmica. Um período também de formação de laços muito fortes com os profissionais que ali trabalham, com os alunos da instituição, com toda a comunidade acadêmica.

[...] Tomei a decisão à época de seguir a jornada acadêmica na Universidade de Fortaleza, porque eu reconheci ali como um centro de excelência na formação acadêmica, um centro de referência no curso da trajetória que eu resolvi trilhar e só posso dizer que tenho ainda um sentimento de muita gratidão e alegria pela Universidade, pelos colegas que conheci aí e que guardo até hoje e por toda a comunidade de profissionais, de servidores e de professores da Unifor.

Entrevista Nota 10 — Em 2019, quando ainda era Diretor Assistente da Diretoria de Organizações Criminosas da Interpol, você esteve na Unifor participando de uma aula especial para alunos do curso de Direito. Qual é a importância de haver tais oportunidades de troca de experiência com profissionais que já estão no mercado para a formação dos estudantes? E que dicas daria para quem quer trilhar um caminho similar ao seu?

Valdecy Urquiza — Eu considero essencial esse tipo de troca. Lembro das experiências que a Universidade me proporcionou, quando estive como aluno, de ouvir de profissionais sobre suas experiências e sobre suas áreas de trabalho. Tive a oportunidade de retornar à Unifor em 2019 a convite de um dos docentes do curso, professor Walber Muniz, que me convidou para participar de um painel no âmbito do curso de Direito. E para mim foi, mais uma vez, uma grande alegria retornar à Universidade.

Acredito que o estudo acadêmico é a base para tudo, independente da profissão que se resolva abraçar. O estudo acadêmico é o início da jornada. No tempo que estive na Universidade, tive a oportunidade de participar muito de atividades de pesquisa, também proporcionadas pela Unifor. Acredito que isso agregou muito também na minha experiência acadêmica. E acho que a sugestão que posso dar é isso: que aproveitem o momento acadêmico para se aprofundar nos temas, para ouvir daqueles que têm um pouco mais de experiência e, a partir daí, construir a sua trajetória profissional.