seg, 17 março 2025 11:19

Form(ações) que mudam a realidade de quem mais precisa

Centro de Formação Profissional da Fundação Edson Queiroz já beneficiou mais de 50 mil pessoas em duas décadas de responsabilidade social, promovendo qualificação gratuita e aumentando chances de inserção no mercado de trabalho

Quando Gabriele do Nascimento terminou o ensino médio, não sabia bem o que fazer. Sabia que precisava trabalhar, mas, aos 18 anos, não tinha muito o que colocar no currículo. Mesmo assim, insistia em buscar diariamente uma oportunidade de emprego enquanto ocupava a rotina, cuidado dos irmãos menores e da casa. 

Ela navegava em um site de notícias, quando conheceu o Centro de Formação Profissional (CFP). A iniciativa oferece uma série de capacitações e cursos gratuitos por meio da infraestrutura da Universidade de Fortaleza, vinculada à Fundação Edson Queiroz. Sua espinha dorsal é promover qualificação e aumentar as chances de inserção no mercado de trabalho.

“Decidi cursar porque achei que seria bom para o meu futuro. Estava desempregada e aquilo era acessível, era uma boa oportunidade”, conta Gabriele, que escolheu o curso de Auxiliar de Sala de Aula. Ela pontua que a formação ampliou seu  interesse por pedagogia, infância e acessibilidade. “Senti que poderia fazer diferença na vida das crianças”, completa.

Atualmente, Gabriele trabalha como cuidadora escolar em uma creche pública. “Aprendo um pouco todo dia com os pequenos. Meu sonho profissional é poder me comunicar com crianças e adultos surdos e por isso estudo Libras um pouco todo dia”, diz.

Ela conta que foi o curso no CFP que lhe abriu os olhos para a inclusão e a fez ter o desejo de atuar na área junto às crianças. “Minha experiência com o curso foi agradável. Aprendi muito e abri minha mente”, relata.

Vivenciar, na prática, a responsabilidade social

Gabriele faz parte do grupo de 51.640 pessoas que já foram beneficiadas pelo Centro de Capacitação Profissional em pouco mais de duas décadas. A iniciativa nasceu em 2002, na esteira de uma série de projetos de responsabilidade social implementados pela Fundação Edson Queiroz na Unifor.

“Trata-se de uma iniciativa voltada para capacitar pessoas em situação de vulnerabilidade social, promovendo qualificação e aumentando suas chances de inserção no mercado de trabalho”, explica a professora Maely Borges, chefe da Divisão de Responsabilidade Social da Unifor.

O projeto oferece cursos gratuitos em diversas áreas, passando por administração e estética à contabilidade e educação. As vagas são abertas periodicamente, com três blocos de cursos ofertados ao longo do ano. O primeiro bloco de 2025 ofertou 630 vagas com inscrições realizadas no último dia 12 de março, mas as inscrições para o próximo bloco já estão previstas para maio.

Conheça os cursos ofertados em março:

• Atenção e Cuidado ao Idoso
• Atendimento/Vendas em WhatsApp Business
• Auxiliar Administrativo
• Auxiliar de Sala de Aula
• Crochê para Empreender
• Culinária Alternativa - Receitas para Intolerantes
• Culinária Nutritiva e Higienização e Manipulação dos Alimentos
• Design de Sobrancelha
• Design para Redes Sociais com Canva
• Empreendedorismo e Marketing Digital
• Gestão de Conflitos e Atendimento ao Cliente
• Informática Básica
• Instalações Elétricas Residenciais
• Inteligência Artificial para Iniciantes
• Maquiagem Básica
• Operador de Caixa

Vinculadas à Vice-Reitoria de Extensão e Comunidade Universitária (Virex), as formações são realizadas na Universidade de Fortaleza, utilizando sua estrutura de ponta, como laboratórios de informática, de elétrica, de nutrição, de estética, auditórios e diversos outros espaços. 

Além disso, são os próprios alunos da Unifor que ministram as aulas, em um projeto que dialoga diretamente com a comunidade do entorno. Isso estimula na comunidade acadêmica o compromisso social com a cidade enquanto amplia o impacto positivo para quem precisa e cria oportunidades para a vivência da responsabilidade social na prática.

“A Unifor e a Fundação Edson Queiroz reafirmam seu compromisso com a transformação social ao investir na capacitação profissional de pessoas em situação de vulnerabilidade”, considera Maely. Ela afirma que a iniciativa não apenas contribui para a empregabilidade dos participantes, mas também fortalece a economia local e reduz desigualdades, criando um impacto positivo na comunidade.

No ano passado, quase 2.000 pessoas passaram pelas formações, que oferecem cargas horárias de 40 a 80 horas/aula e funcionam nos formatos presencial ou híbrido. Maely conta que, do CFP, saem constantemente histórias inspiradoras de quem precisa apenas de uma oportunidade para trilhar um caminho profissional.

“Há casos de alunos que, após concluírem os cursos, conseguiram seu primeiro emprego formal ou até mesmo abriram seus próprios negócios. Esses exemplos mostram como a capacitação pode ser um divisor de águas na vida das pessoas”, afirma.

Ao longo dos anos, egressos do Centro de Formação Profissional têm aprimorado habilidades profissionais, conseguido ter uma renda por meio de uma ocupação e melhorado suas perspectivas de emprego, observando as tendências de mercado. Vamos conhecer mais algumas dessas histórias?

O início de um negócio próprio

Assim que viu no jornal que estavam abertas as vagas para os cursos do CFP, Rayane da Costa Silva correu para acessar o site e se inscrever. “Desejava muito fazer o curso de Design de Sobrancelhas, mas não tinha tido ainda uma oportunidade”, conta. “Antes do curso eu não tinha profissão e não trabalhava”, lamenta.

Quando conseguiu a vaga, ela aproveitou tudo o que a formação podia lhe oferecer para realizar o sonho de começar o próprio negócio. Aprendeu não só as técnicas para atuar neste setor da estética, mas estudou sobre como gerenciar lucros, avaliar custos e, especialmente, atuar com ética.

Rayane concluiu o curso em dezembro de 2024 e decidiu abrir o próprio espaço de design de sobrancelhas. Como a formação era gratuita, ela pôde economizar para comprar os materiais e começar a trabalhar efetivamente com isso.

A egressa organizou um espaço em sua própria casa, que agora conta com uma maca rosa, iluminação e uma pequena sala de espera, decorada em cor de rosa. Na formação do CFP, viu uma oportunidade de trabalho e está feliz nos primeiros passos que deu no negócio.

Do curso de auxiliar de sala ao sonho com a pedagogia

Bruna Pereira ouvia com frequência relatos positivos de amigos e conhecidos que já haviam feito as capacitações do Centro de Formação Profissional da Unifor. No ano passado, familiares compartilharam o link sobre as vagas em um grupo em comum, e ela decidiu se inscrever. Apaixonada por crianças, concluiu em três meses o curso de Auxiliar de Sala de Aula.

“Foi uma oportunidade de fazer um curso gratuito em uma universidade bem conhecida”, celebra Bruna, que tem 30 anos e trabalha como babá. “Aprendi muitas coisas, principalmente sobre os direitos das crianças”, afirma.

Os aprendizados adquiridos durante o curso têm sido importantes para a sua prática de cuidadora, especialmente neste momento em que atua como babá. Agora, o sonho dela é começar uma graduação em pedagogia e continuar trabalhando com crianças.

Ampliar os horizontes no mundo da cosmética

Juliana Duarte Monteiro, de 34 anos, se inscreveu no curso de Maquiagem Básica com o desejo de aprimorar sua própria autoestima e a de outras mulheres. Ela já trabalhava de forma autônoma com a venda de cosméticos e queria avançar na área, ampliar os horizontes.

Durante três meses, no ano passado, ela se dedicou a aprender as técnicas de maquiagem no CFP. “Amei a estrutura e a aula prática. Aprendemos realmente a maquiar, não foi apenas teoria”, relembra.

É mais uma habilidade que ela espera levar um dia para o salão de beleza. Hoje, Juliana atua em um empreendimento do tipo como freelancer, gravando vídeos e vendendo produtos de cosmética. Por enquanto, maquia por hobby, mas está buscando oportunidades na área.

Juliana diz que foi muito positiva a experiência no CFP: “Melhorou a minha forma de cuidar de mim mesma e me fez ter prazer de ver a autoestima de outras pessoas mudada”.

Um curso é bom, dois é melhor ainda

Rhuann da Silva já fez pelo menos dois cursos no Centro de Formação Profissional da Unifor. Os amigos comentaram com ele sobre a iniciativa e, interessado, ele se inscreveu inicialmente no curso de Auxiliar Administrativo em 2018, o que o ajudou a conseguir o primeiro emprego. Alguns anos depois, ele decidiu se inscrever no de Comunicação Empresarial.

No CFP, Rhuann encontrou caminhos para ampliar suas possibilidades de atuação profissional. “Sempre fico ligado nos cursos que saem”, diz o jovem de 28 anos. Ele ainda não trabalhava quando optou pelo curso de Auxiliar Administrativo. Anos depois, sem um emprego formal, foi encontrando espaço no mercado como freelancer na área de design. Por isso, fez o novo curso na área da comunicação.

Rhuann conta que atualmente trabalha como freelancer de design e administra um perfil nas redes sociais, onde aplica os aprendizados do curso. “Ainda sou prevenção de perdas em um mercantil. Meu sonho profissional é conseguir fazer a minha transição de carreira para a área que eu amo, que é marketing, design e o mundo digital”, planeja.

O egresso destaca que a experiência no CFP foi “única”. “Aprendi técnicas que me fizeram impulsionar meus serviços de design e criar posicionamento para meu perfil. Aumentei minha cartela de clientes e divulgadores”, afirma.

“O CFP é muito importante, pois além de ser na Unifor, que já tem um peso grande no currículo, é uma oportunidade para muitas pessoas que, às vezes, não  conseguem pagar um curso técnico ou estão iniciando sua vida profissional”, diz.  

Oportunidade para começar a vida profissional e sonhar mais alto

Gabriel Freitas soube das oportunidades de formação do CFP por meio de um grupo de busca de emprego e conseguiu uma vaga para a formação de Auxiliar Administrativo. “Por meio dele, eu consegui um trabalho e pude comprar um computador para aprender mais. Desejo fazer faculdade de administração por conta do curso”, conta.

Aos 19 anos, Gabriel trabalha hoje em um supermercado e, embora não seja na área administrativa, afirma que os conhecimentos no setor o ajudam no dia a dia. “Aprendi várias coisas, não só na área administrativa em si, mas também aprendi recursos humanos, informática básica e muitas coisas boas”, afirma.

Gabriel diz que é jovem e, antes de conhecer o CFP, não conseguia emprego porque não tinha nenhuma formação nem experiência. “Com o curso, você tem mais chances de passar na entrevista de emprego”, acredita.

Para ele, o CFP significa oportunidade para as pessoas que desejam aprender e encontrar o primeiro emprego. Também é uma janela de oportunidade para sonhar com carreiras maiores. É com esta sensação que, agora, ele sonha em trilhar o caminho da graduação.

Sobre o CFP

O Centro de Formação Profissional (CFP) é um projeto da Fundação Edson Queiroz com o objetivo de promover a formação profissional de pessoas de baixa renda e sua inserção no mercado de trabalho por meio da oferta de cursos técnicos e profissionalizantes gratuitos.

Para se inscrever, os candidatos devem estar em situação de vulnerabilidade social (situação socioeconômica de poucos recursos financeiros e pouco acesso a oportunidades, podendo ocorrer por questões de: moradia, nível de renda e de escolaridade, desemprego, renda mensal de até um salário mínimo e/ou beneficiários de programas sociais governamentais).

Além disso, é preciso ter, no mínimo, o ensino fundamental completo, ter idade a partir de 16 anos e renda mensal de até um salário mínimo. Outro critério é não estar matriculado no ensino superior. Para os cursos online, também é necessário que o participante tenha acesso a equipamentos com câmera e microfone, como celular, notebook ou computador.

Está interessado(a)? Fique atento(a)! As inscrições para as próximas turmas serão abertas em maio.