O momento ideal para ser um profissional de ESG

seg, 21 novembro 2022 18:47

O momento ideal para ser um profissional de ESG

Com empresas cada vez mais empenhadas na busca por uma sustentabilidade transversal e integradora, o mercado está aberto para talentos na área de Environmental, Social and Governance (ESG)


Sigla em inglês representa visão focada na governança ambiental, social e corporativa (Ilustração: Getty Images)
Sigla em inglês representa visão focada na governança ambiental, social e corporativa (Ilustração: Getty Images)

Se você é ou deseja ser um talento em ESG, o mercado de trabalho está de braços abertos para você! É que o mundo mudou com os desafios impostos pela emergência climática e por uma série de novas demandas sociais, além das mudanças tecnológicas. 

Agora, tanto as empresas quanto os consumidores estão cada vez mais empenhados na busca por negócios e formas de consumo mais sustentáveis, com toda a amplitude que esta palavra possa ter.

E neste novo contexto em ascendência, estão ganhando força as três letras que formam a sigla em inglês ESG (Environmental, Social and Governance), que você pode ter se perguntado o que significa. Pois bem, ela representa uma visão estratégica focada em questões ambientais, sociais e de governança corporativa. ASG, em português.

Com poucos profissionais qualificados para pensar estratégias e aplicar práticas para uma sustentabilidade transversal e integradora no mercado, a área serve um “prato cheio” de oportunidades e o momento é ótimo para quem pretende se dedicar ao setor.

O tema vem ganhando cada vez mais espaço também dentro da Universidade de Fortaleza, vinculada à Fundação Edson Queiroz (FEQ): seja por meio de conteúdos na sala de aula, disciplinas, oficinas e palestras para preparar os alunos que desejem atuar na área, seja nas próprias ações implementadas pela FEQ, com um olhar atento especialmente para a sustentabilidade ambiental e a responsabilidade social.

Os negócios agora prestam contas também com a sociedade


Criado no ano de 2004, o termo ESG fez sua primeira aparição na “Who Cares Wins”, publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial (Foto: Getty Images)

O fato é que agora os negócios em geral estão empenhados em prestar contas também com a sociedade. O ESG atende às questões do Pacto Global –  iniciativa da ONU para engajar empresas e organizações na adoção de dez princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção – e abraça conceitos amplos de sustentabilidade. No Brasil, o cenário é claro: as firmas estão correndo contra o tempo para fazer suas adaptações. 

Os novos tempos exigem que elas contribuam com o meio ambiente (environmental) e a sociedade (social), além de atuarem de forma coerente com a transparência e a governança corporativa (governance). O propósito do empreendimento e a capacidade dele gerar empregos e trazer benefícios para a sociedade, por exemplo, estão na lupa dos consumidores. 

“A gente saiu de um capitalismo onde a coisa principal era prestar conta com o acionista e agora nós temos que prestar conta com todas as partes interessadas de um negócio”, explica Rogério Nicolau, professor e coordenador do Escritório de Gestão, Empreendedorismo e Sustentabilidade (EGES) da Unifor, que proporciona aos alunos experiências práticas na elaboração de soluções para as necessidades das companhias.

Esta nova forma de prestação de contas, aponta o docente, envolve uma capacidade de comunicação e de entendimento do que a empresa entrega à sociedade, além da necessidade de um profundo conhecimento em discussões ambientais, de governança e sociais.

No Brasil, o ESG passou a ser mais disseminado a partir de 2020. Para se ter uma noção do interesse nacional sobre o tema, a busca por este termo triplicou no país entre 2021 e 2022, segundo levantamento do Google Trends. Além disso, o Brasil foi a nação latino-americana que mais pesquisou pela sigla neste período.

Preparando alunos para um mercado fértil


ESG surgiu de uma provocação de Kofi Annan, secretário-geral da ONU, a CEOs de grandes instituições financeiras sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais (Foto: Getty Images)

Enquanto o Brasil e o Ceará se aprofundam no movimento ESG, na Unifor, alunos de diversas áreas são preparados, tanto nas disciplinas quanto nas atividades complementares, para atuar no setor. São também constantemente submetidos a desafios capazes de torná-los protagonistas. 

Especialmente no Centro de Ciências da Comunicação e Gestão (CCG) – que inclui os cursos de Administração, Economia, Contábeis, Finanças, Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Cinema e Audiovisual –,  a formação ainda é complementada no EGES com treinamentos, estudos de caso, grupos de estudos e desafios práticos do que o discente vai encontrar nas empresas.

Mas o assunto atravessa diversas áreas da Universidade. Diretamente do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT), uma graduação que direciona alunos ao setor é a de Engenharia Ambiental e Sanitária. Mas outras engenharias, como por exemplo a de Produção, também tratam desses conceitos.


Oyrton Monteiro é coordenador do curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Fortaleza (Foto: Ares Soares)

“Há outros cursos com a mesma pegada, porque o assunto é abordado de forma transversal na Universidade, especialmente nas disciplinas de gestão”, explica o professor Oyrton Monteiro Junior, do CCT. Em geral, o engenheiro pleno adquire a competência de gestão e tem contato com as ideias de sustentabilidade e ESG já nos dois primeiros anos de formação. Assim, o termo está presente em basicamente todas as graduações em engenharia da Unifor. O conteúdo ainda é trabalhado no curso de Energias Renováveis.

Cada vez mais as empresas vão aderir a esse movimento do ESG e ao movimento da sustentabilidade, que é mais antigo”, diz Nicolau. A emergência climática, por exemplo, tem levado as corporações a aderirem a uma agenda em comum. A necessidade de reduzir a emissão de carbono é um dos consensos dos desafios ambientais que o movimento busca superar, assim como o grande estresse hídrico que o mundo passa.

Mas falar de ESG não é só falar de meio ambiente. Os problemas sociais e a governança são outros temas latentes. “Há uma agenda gigantesca que as empresas precisam aderir tanto para conseguir investimento como para darem sua contribuição social e serem melhores avaliadas e preferidas”, aponta o professor. 

Um dado dá uma dimensão do tamanho da pressão sobre os negócios para aderirem a esta agenda: mais de 70% dos investidores institucionais pesquisados pela PwC,  uma das maiores multinacionais de consultoria e auditoria do mundo em investimentos, planejam parar de comprar produtos não ESG nos próximos anos.


“O aluno vai encontrar um mercado cada vez mais fértil porque a tendência é que as empresas queiram endereçar soluções para o meio ambiente, a governança e o social. Estas empresas vão buscar profissionais qualificados”Rogério Nicolau, professor e coordenador do Escritório de Gestão, Empreendedorismo e Sustentabilidade (EGES)

Familiaridade com o tema na graduação

Quem está na graduação da Unifor e já começou a se familiarizar com o termo ESG não quer perder o assunto de vista. Estudante do quarto semestre de Administração, Larissa Gomes conta que ouviu pela primeira vez sobre essas questões no ano passado, durante as aulas da disciplina de Intercursos I. 

“Desde então, esse tema vem sendo bastante abordado no meu espaço de trabalho, o EGES. Tivemos uma oficina sobre ESG com o professor Rogério Nicolau, que explicou e aprofundou o assunto, nos dando exemplos e práticas reais de atuação no mercado”, conta.


Larissa Gomes é estudante de Administração e estagiária do EGES (Foto: Arquivo pessoal)

A estudante diz estar convencida de que a prática do ESG agrega valor para os negócios, e a sociedade está começando a cobrar e priorizar as companhias que implementam essas práticas no cotidiano, projetos e ações. “No pilar de relevância das empresas, o ESG está subindo cada vez mais e isso mostra a importância do tema para o mercado”, avalia. 

Por isso, ela pretende implementar os conceitos no mercado de trabalho: se não for diretamente como chefe na área, que seja colocando as ideias em práticas no próprio projeto que pretende construir.

O profissional do futuro está de olho na sustentabilidade

Um percurso semelhante é o da estudante de Psicologia Letícia Pioto. Depois de ter um primeiro contato com a definição de ESG por meio de uma oficina do EGES, um mundo novo se abriu em sua mente.


“Falar em ESG hoje é falar de sustentabilidade em todas as suas formas. As empresas que não estiverem preparadas para enfrentar essa nova realidade, vão ficar para trás, pois o mercado de trabalho vai exigir de todos uma coexistência da sustentabilidade em todas as áreas das empresas”Letícia Pioto, aluna do curso de Psicologia

Letícia diz ter compreendido que as boas práticas de sustentabilidade são necessárias como parte da cultura organizacional de qualquer empreendimento, independente do porte. E busca se aprofundar nesse assunto porque espera trabalhar o desenvolvimento sustentável da organização em que irá atuar um dia. 

“Pensar nas pessoas, nos clientes, no meio ambiente e na empresa que trabalho é minha forma de contribuição como profissional do futuro”, diz a futura psicóloga. Uma possibilidade de atuação unindo psicologia e ESG nas instituições é pela realização de um diagnóstico organizacional para que todos os colaboradores atuem com a cultura da sigla, propondo intervenções adequadas e planejamento estratégico.

A psicologia organizacional pode ser crucial para a análise do perfil dos funcionários, contribuindo com treinamentos para que todos se desenvolvam com essa nova mentalidade.

"Podemos verificar áreas da psicologia ambiental e organizacional bastante influentes e que podem trazer contribuições significativas para que as organizações se preparem e atuem em linhas com os pilares social, ambiental e de governança que formam o conceito do ESG", diz a estudante.

Altíssima demanda por talentos em ESG

E não falta demanda por profissionais qualificados, vindos de diferentes cursos de graduação, para atuar no setor. É por conta deste aquecimento que um homem chamado Ian Pvey-Hall, head em finanças sustentáveis ​​e investimentos de impacto na Acre – uma firma de recrutamentos e desenvolvimento de talentos em ESG e sustentabilidade –, já disse por aí que “se o seu cargo for chefe de ESG, você nunca precisará se candidatar a um emprego novamente”.

Gleiva Rios, professora da Unifor e supervisora de estágio do CCG, acrescenta que há uma carência de profissionais preparados para atuar tanto como gestor quanto como analista de ESG. Ela explica que, na prática, este novo profissional em ascensão não trabalha só, mas em conjunto com a alta gestão das corporações.


“O profissional de ESG vai precisar montar comitês e grupos para desenvolver as práticas alinhadas às áreas parceiras. Vai trabalhar alinhado às estratégias de comunicação, marketing,  gestão de pessoas, compras etc. Atuará alinhado à alta gestão das empresas”Gleiva Rios, docente do Centro de Comunicação e Gestão (CCG) da Unifor

No setor de compras, por exemplo, o profissional de ESG vai observar quem são os fornecedores, se eles estão alinhados com o propósito do negócio para além de atender às metas de custo. 

Trata-se realmente de uma mudança de visão em que a parte financeira é vista, mas agora junto com as preocupações sociais, ambientais e de governança – como, por exemplo, a transparência. “Hoje há carência de profissionais pensantes, que trazem planejamento estratégico e colocam em prática esses conceitos”, diz a professora.

É neste cenário que a PwC anunciou um plano de 12 bilhões de dólares para criar 100 mil novos empregos líquidos em ESG até 2026, um aumento de 36% em relação à atual base de 284 mil funcionários da organização.

A carência é tanta que tem feito com que empreendimentos optem por treinar esses profissionais. E o terreno acaba se tornando muito fértil para quem já tem alguma experiência ou especialização na área: eles estão recebendo aumentos salariais de pelo menos 50%, chegando em alguns casos a dobrar o salário.

Ações para muito além da sala de aula

Além de preparar os alunos para atuarem na área por meio da Unifor, a Fundação Edson Queiroz sempre buscou realizar ações que produzissem impacto positivo para a sociedade, ciente da progressiva concentração de renda e do contínuo agravamento das desigualdades sociais que incidem sobre enorme parcela da população.


“A Fundação Edson Queiroz, por meio de centenas de ações de responsabilidade social direcionadas à integração social da sociedade e proteção ao meio ambiente, vem cumprindo seu papel transformador no que se refere ao combate a desigualdade social e o abismo cultural que divide os cidadãos”Marcus Mauricius Holanda, coordenador da Divisão de Responsabilidade Social da Universidade de Fortaleza

A lista é vasta quando o assunto é responsabilidade social. O Centro de Formação Profissional já qualificou mais de 50 mil pessoas com cursos gratuitos durante duas décadas de atuação. Já a Escola Yolanda Queiroz ofereceu ensino infantil de qualidade a 19 mil crianças, gratuitamente. 

Sem falar nas ações voltadas para o voluntariado, núcleo de empreendedorismo e diversos equipamentos que a Fundação Edson Queiroz disponibiliza para a sociedade em prol de sua transformação social e da prestação de serviços de saúde. “Sempre as pessoas e o meio ambiente terão um lugar de destaque nas ações da FEQ”, garante Marcus Mauricius, coordenador da Divisão de Responsabilidade Social da Unifor.

Outro marco é a criação de uma disciplina de Responsabilidade Social e Ambiental para fortalecer a economia local e afirmar o desenvolvimento econômico do Nordeste. Mas não para por aí.

+ Nova disciplina contribui para a formação de alunos na área de responsabilidade social

Quando o assunto é sustentabilidade ambiental, vale lembrar da usina solar instalada no ano passado, a segunda maior em campus universitários do país, que absorve entre 25% e 30% do consumo de energia elétrica da Unifor, variando conforme a época do ano. Se o assunto for governança e transparência, vale mencionar ainda os indicadores de equidade de gênero, com a proporção de colaboradores e do administrativo muito próximas entre homens e mulheres.

ESG nos holofotes do mundo jurídico

A essência do ESG, afinal, deve ser uma prática constante em diversas áreas do conhecimento que estão de olho no futuro. E o assunto volta aos holofotes da Unifor no próximo dia 23 de novembro, com o evento “A importância do jurídico nos processos de implementação ESG nos setores público e privado”, que será realizado a partir das 8h30, no auditório da Biblioteca Central.

A ideia do seminário é difundir a importância das práticas ambientais, sociais e de governança corporativa para o setor público e as iniciativas privadas como um caminho para a sustentabilidade, bem como o papel do advogado nesse processo inerente à responsabilidade empresarial. Não vai perder esse encontro de olho na sustentabilidade do futuro!

O evento é promovido pelo Grupo de Pesquisa das Relações Econômicas, Políticas, Jurídicas e Ambientais da América Latina (REPJAAL) – do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional – e pela Vice-Reitoria de Extensão e Comunidade Universitária da Unifor. A iniciativa ainda conta com a parceria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE).

Serviço

Seminário “A importância do jurídico nos processos de implementação ESG nos setores público e privado”
Data: 23 de novembro de 2022
Horário: 8h30
Local: Auditório da Biblioteca Central da Unifor