Tarifaço do Trump: entenda como novas tarifas dos Estados Unidos podem afetar o bolso do cearense

seg, 11 agosto 2025 15:54

Tarifaço do Trump: entenda como novas tarifas dos Estados Unidos podem afetar o bolso do cearense

Nova taxa de 50% imposta pelos EUA preocupa exportadores e consumidores. Mais de 700 itens como laranjas, aviões e combustíveis ficam fora da medida e aliviam parte dos impactos


O Brasil é um dos maiores exportadores globais, especialmente de produtos agrícolas, com os Estados Unidos sendo um de seus principais parceiros comerciais (Foto: Getty Images)
O Brasil é um dos maiores exportadores globais, especialmente de produtos agrícolas, com os Estados Unidos sendo um de seus principais parceiros comerciais (Foto: Getty Images)

As tarifas adicionais anunciadas por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, estão em vigor desde o dia 6 de agosto, elevando o total para 50% sobre as importações brasileiras. A medida prejudica fortemente setores-chave da economia nacional, incluindo carne bovina, café, etanol, frutas, tecidos, entre outros. Mas o que motivou o líder estadunidense a assinar um decreto que impõe barreiras à comercialização com o Brasil?

A especialista em internacionalização e inovação Mônica Luz, coordenadora do Núcleo de Práticas em Comércio Exterior (Nupex) e professora do curso de Comércio Exterior da Universidade de Fortaleza — instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz —, explica a motivação do decreto que oficializou a instauração de uma tarifa extra de 40%, em cima de uma taxa já existente de 10% dos produtos exportados do Brasil

Segundo a professora, a medida está inserida em uma política comercial protecionista, retomada por Donald Trump com o objetivo de “reduzir o déficit da balança comercial americana, proteger a indústria nacional e pressionar países, especialmente a China, em disputas estratégicas”.

Ela destaca que, embora já houvesse uma taxação de 10%, o governo norte-americano considerou que a tarifa anterior “não foi suficientemente eficaz para conter práticas como subsídios estatais”, o que justificaria o aumento agressivo das tarifas.

Mônica também chama atenção para o alcance da nova medida, que pode atingir até 50% e tem como foco produtos estratégicos para a economia digital e industrial dos EUA, como veículos elétricos, baterias, semicondutores, equipamentos médicos e tecnologias voltadas à energia verde, com destaque para produtos vindos da China.

No entanto, ela alerta que os efeitos também recaem sobre nosso país. “A maioria dos produtos exportados pelo Brasil aos EUA será impactada pela nova tarifa de 50%, incluindo café e carne bovina”, afirma Mônica, que é líder da ML Negócios Internacionais, empresa com forte atuação no comércio exterior e empreendedorismo global.

A docente detalha os principais setores e produtos que receberam isenção na nova tarifa, ressaltando a diversidade de segmentos contemplados. No setor industrial e energético, estão isentos:

  • minérios, como ferro-gusa, ferro-ligas, minério de ferro, alumina metálica e silício metálico;
  • produtos de energia, como petróleo bruto, derivados, gás natural, carvão e energia elétrica;
  • produtos cobertos por tarifas específicas anteriores, como aço, alumínio, automóveis e suas peças.

Segundo ela, essas exceções foram definidas considerando critérios como “escassez de fornecedores internos, impacto inflacionário, pressão de setores industriais estratégicos e acordos políticos específicos”. Mônica avalia que essas isenções representam uma tentativa de mitigar efeitos negativos para a economia americana, especialmente sobre cadeias produtivas que ainda dependem de insumos ou tecnologias estrangeiras.

Reflexos globais e oportunidades para o Brasil

Mônica Luz comenta sobre um contexto mais amplo dessa nova leva de tarifas, que tem gerado debates intensos sobre a atuação dos Estados Unidos no comércio internacional. Para a especialista, “esse movimento tarifário reforça uma tendência de unilateralismo e nacionalismo econômico, desafiando as normas multilaterais da Organização Mundial de Comércio”.

A professora explica que, diante da ascensão econômica da China, os EUA buscam manter sua hegemonia econômica e tecnológica, mesmo que isso signifique “maior instabilidade nas relações comerciais globais, impactando cadeias de valor, confiança institucional e previsibilidade de mercados”.

Sobre os efeitos do tarifaço para a economia mundial, ela alerta que pode haver aumento nos custos de produção, redirecionamento de fluxos comerciais, redução do crescimento em países exportadores e maior inflação em economias dependentes de importações. Além disso, a medida pode estimular uma escalada de retaliações comerciais e enfraquecer o sistema multilateral de comércio.

Quanto aos impactos específicos para o Brasil, Mônica destaca que o país pode sofrer no comércio global de forma indireta, com a desaceleração do comércio global, desvalorização de commodities e maior competição em mercados alternativos. No entanto, ela ressalta que o cenário também pode abrir oportunidades para a nação, como a substituição de fornecedores chineses por empresas brasileiras em certos setores, especialmente em alimentos, minérios e agronegócio.

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Impactos diretos no Ceará e desafios para empresas e consumidores

No que diz respeito ao Ceará, Mônica Luz aponta que o estado será particularmente afetado, principalmente em setores que dependem de insumos importados ou que são sensíveis a oscilações cambiais e tarifárias. Entre os segmentos mais vulneráveis, ela cita:

  • calçadista,
  • têxtil,
  • metal mecânico,
  • energias renováveis.

Além disso, a especialista destaca a reação em cadeia no Porto do Pecém, que, por sua função estratégica na exportação e importação, pode enfrentar impactos logísticos e operacionais significativos.


O Porto do Pecém é um ponto estratégico para o desenvolvimento do Ceará e Brasil, atuando como Hub Logístico e Industrial (Foto: Complexo do Pecém)

Em relação às consequências imediatas para as empresas cearenses, a professora destaca que exportadoras podem enfrentar dificuldades de acesso a mercados, além de volatilidade cambial e ajustes de preços. Já as companhias que dependem de insumos importados tendem a ver seus custos aumentarem, afetando a competitividade. A docente ressalta que, diante desse cenário, será fundamental a revisão de fornecedores, rotas logísticas e estratégias comerciais para minimizar os impactos.

Para o consumidor final cearense, Mônica alerta que os efeitos podem chegar por meio do aumento dos preços de bens duráveis e industrializados, menor oferta de produtos importados e pressão inflacionária em cadeia. Além disso, a desaceleração econômica pode afetar diretamente o emprego e o poder de compra, especialmente em regiões que dependem de setores industriais exportadores.

Sobre a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, a especialista avalia que ela tende a se tornar “mais cautelosa e estratégica”. O Brasil pode reforçar seu posicionamento como parceiro alternativo em áreas não afetadas pelas tarifas, mas enfrentará desafios num ambiente global mais protecionista, exigindo mais diplomacia econômica e acordos bilaterais focados em inovação e sustentabilidade.

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Formação prática para dominar o mercado internacional

Mônica ressalta o papel do Núcleo de Práticas em Comércio Exterior (Nupex) da Unifor na formação de novos profissionais de Comex. Ela explica que o Nupex é um espaço de aprendizado aplicado, onde os estudantes se conectam a desafios reais do comércio internacional por meio de projetos integradores, análise de dados estatísticos, estudos de mercado, simulações de internacionalização e contato direto com empresas parceiras. 

O Nupex atua com empresas previamente selecionadas durante o semestre, dividindo os alunos em grupos responsáveis pela elaboração de planos de internacionalização personalizados. Tudo se inicia com a análise do perfil da empresa e seus produtos, seguido pelo mapeamento de mercados internacionais por meio de plataformas com dados estatísticos. O plano considera variáveis como cultura, idioma, exigências legais e desenvolvimento econômico dos países-alvo.


“A formação crítica e analítica é essencial para preparar profissionais capazes de compreender cenários complexos, propor soluções sustentáveis e tomar decisões estratégicas mesmo em contextos de crise, o que amplia significativamente suas chances de sucesso profissional”Mônica Luz, docente do curso de Comércio Exterior e coordenadora do Nupex

Por fim, a professora destaca os diferenciais do curso de Comércio Exterior da Unifor, que se apoia em abordagem multidisciplinar, corpo docente experiente, infraestrutura tecnológica e forte integração com o mercado via Nupex. 

Segundo a especialista, a formação crítica e analítica oferecida pelo curso é fundamental para preparar profissionais capazes de compreender cenários complexos e tomar decisões estratégicas, mesmo em contextos de instabilidade global, o que amplia significativamente as chances de sucesso na carreira.

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