O próspero campo da Terapia Ocupacional

seg, 8 julho 2024 12:04

O próspero campo da Terapia Ocupacional

Com proposta renovada, currículo inovador e estrutura de ponta, a Unifor relança o curso de Terapia Ocupacional para formar profissionais completos e aptos a suprir a crescente demanda do mercado, nos setores público e privado


A atuação do terapeuta ocupacional tem contado com uma oferta salarial que pode chegar a 10 mil e 12 mil reais em alguns estados do país (Foto: Ares Soares)
A atuação do terapeuta ocupacional tem contado com uma oferta salarial que pode chegar a 10 mil e 12 mil reais em alguns estados do país (Foto: Ares Soares)

Na rotina atribulada de cada dia, não costumamos parar para pensar nas inúmeras pequenas tarefas que realizamos, quase automaticamente: escovar os dentes, tomar banho, comer, sair para trabalhar. Mas situações específicas e condições de saúde - sejam físicas ou psicológicas - podem afetar nossa capacidade de realizar essas atividades cotidianas.

É aí que um profissional pode fazer a diferença, realizando ajustes e organizando nosso cotidiano para tornar algumas tarefas mais fáceis e eficientes: o terapeuta ocupacional

Se tradicionalmente a terapia ocupacional era associada ao trabalho de reabilitação com pacientes com limitação motora ou pessoas com deficiência, agora seu campo é notadamente mais vasto. Está nas clínicas, nos hospitais, nos domicílios e até nas equipes multidisciplinares do sistema público de saúde. E atua em todos os ciclos de vida, ajudando bebês prematuros, crianças, adolescentes, adultos e idosos.

Desde a pandemia da covid-19, a demanda do mercado por este profissional cresceu vertiginosamente diante da evidente importância do seu trabalho. Em acordo com essa realidade, a Universidade de Fortaleza, instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz, está relançando a graduação que havia nascido junto a Unifor, propondo-se a formar profissionais de excelência para atender as necessidades de saúde da sociedade.

“Os desafios impostos pela pandemia mudaram a realidade de uma menor carência dessa área no mercado”, afirma a coordenadora do curso de Terapia Ocupacional, Elcyana Bezerra. Os desdobramentos da crise sanitária na saúde mental e a necessidade de reabilitação de pacientes que contraíram o vírus se somaram a outras demandas pelo profissional, como o envelhecimento da população e o aumento do diagnóstico de transtornos mentais.

“A Unifor vem suprir uma necessidade do mercado na área da saúde, voltada para a melhor integração social das pessoas com necessidades específicas”, explica a coordenadora do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Unifor, Lia Brasil.

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A nova graduação em Terapia Ocupacional começa a receber alunos já no segundo semestre de 2024. O curso, com quatro anos de duração, será ofertado no período noturno, com uma matriz curricular inovadora, laboratórios de ponta e portas abertas para garantir o aprendizado prático e auxiliar a inserção no mercado.

É que a crescente procura por terapeutas ocupacionais foi exigindo também mudanças no novo perfil deste especialista, que agora precisa adquirir novas competências. “É um profissional que precisa saber trabalhar em equipe interdisciplinar. Hoje, o terapeuta ocupacional precisa dominar tecnologias e entender de gestão”, aponta Elcyana.

Nos últimos anos, a terapia ocupacional foi incluída na composição de equipes multiprofissionais nos sistemas de saúde público e privado. Sua atuação abrange da promoção e prevenção da saúde à reabilitação, de hospitais a residências, visando implementar abordagens múltiplas e solucionar desafios para todas as idades. Ciente das múltiplas possibilidades de atuação, a Unifor está preparada para formar profissionais completos.

Estrutura de ponta para uma imersão no aprendizado

“Fui conquistada pela beleza e sensibilidade da profissão”, conta a terapeuta ocupacional Ísis Falcão, egressa e futura professora do curso da Unifor. Ela conheceu a profissão quando o pai, após um AVC, apresentou dificuldades cognitivas que comprometiam seu trabalho. Desistiu então de cursar Medicina e mergulhou na área que lhe daria o olhar humanizado e holístico que admirava nos cuidados ao pai.

Ísis chegou na Unifor com certa ansiedade, sem saber se era certa a escolha de investir em uma área na época pouco conhecida. “Mas a Unifor tem projetos que pensam em todos os momentos de vivências acadêmicas do aluno. Participei de um projeto de extensão que se chamava ‘Descobrindo a Terapia Ocupacional’, onde visitávamos várias instituições e campos de atuação da profissão. Decidi ali que tinha feito a escolha certa”, conta.

A profissão estava alinhada aos seus valores pessoais, e Ísis se formou em 2010. No mercado desde então, muitas vezes precisou explicar o que é a terapia ocupacional e sua importância. A inclusão no rol de procedimentos dos planos de saúde começou a abrir portas. Depois, as evidências científicas levaram o profissional a ser cada vez mais requisitado no tratamento de pessoas com transtorno do espectro autista.

“A realidade do mercado mudou completamente. O mercado profissional aqueceu, e hoje está faltando profissional para assumir as vagas de trabalho disponíveis”, conta. Reconhecidos pelos demais profissionais de saúde e pelas famílias, os terapeutas ocupacionais estão assumindo vagas cuja oferta salarial pode chegar a 10 mil e 12 mil reais em alguns estados do país.

Ísis foi desbravando o mercado ao longo dos anos e hoje é a responsável técnica pelo setor de Terapia Ocupacional do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) da Unifor, um equipamento fundamental para a formação prática dos estudantes do novo curso.

“Nós temos um setor com história e experiência de atuação no campo da Terapia Ocupacional no NAMI. Nosso setor é reconhecido pelo Ministério da Saúde como referência em reabilitação. Recentemente, fomos convidados pela Secretaria da Saúde para ministrar uma capacitação para os profissionais da Prefeitura [de Fortaleza]. Nossa equipe é interdisciplinar”, afirma.

No NAMI, o estudante tem a possibilidade de atuar com pacientes, famílias e profissionais de saúde. O núcleo, que recentemente renovou equipamento de integração sensorial e atendimento, desenvolve programas de atendimento a crianças, adolescentes, adultos e idosos, todos com a atuação do terapeuta ocupacional na equipe. “Os alunos terão oportunidade de conviver e trocar experiência com profissionais de currículo diferenciado”, aposta Ísis.


“A Unifor tem um campo de oportunidades que vai além de estrutura, com programas de pesquisa, monitoria, feiras e simpósios. O aluno que está aqui vive uma verdadeira imersão no aprendizado”Ísis Falcão, egressa da Unifor e responsável técnica pelo setor de Terapia Ocupacional do NAMI

Para Ísis, a atuação profissional do terapeuta ocupacional está em desenvolvimento, com vastos campos a serem explorados nos próximos anos. É com este sentimento de desbravamento que ela integra o corpo docente do novo curso da Unifor.

“É uma honra participar desse sonho. Acredito que todo profissional que se formou pela Unifor ficará muito feliz com essa retomada. É um passo de reconhecimento da nossa profissão”, afirma.

Compromisso com a profissão e a sociedade

Terapeuta ocupacional há mais de 35 anos, Isabel Luck está animada com a retomada do curso da Unifor, onde já integrou e agora volta a compor o corpo docente. “Vou dividir com minhas ex-alunas, que tornaram-se professoras e colegas, a responsabilidade de formar terapeutas ocupacionais para uma nova era, tendo o compromisso com a profissão e com a sociedade”, celebra.

A Universidade de Fortaleza vai unir sua experiência histórica, por ter formado uma expressiva parte dos profissionais que hoje atuam no Ceará, com um currículo elaborado em consonância com as competências e habilidades requeridas pelo mercado. 

Isabel, que atua na saúde coletiva e na saúde da criança e do adolescente, lembra que o Ceará tem avançado em direção às políticas sociais e de saúde. Para ela, ao retomar o curso, a Unifor mostra seu compromisso com a sociedade e o reconhecimento da importância da inclusão social e do cuidado com a diversidade humana.

E o faz com os diferenciais de uma proposta curricular de excelência, com matriz flexível, ausência de pré-requisitos entre as disciplinas teórico-práticas, processo de ensino-aprendizagem por meio de metodologias ativas e aproveitamento acadêmico mediante atividades complementares.

Isabel é professora do Núcleo Comum do Centro de Ciências da Saúde (CCS) nos módulos “Saúde e Sociedade” e “Saúde Coletiva”, ambos parte do fluxograma do curso de Terapia Ocupacional, no primeiro e segundo semestres.

A profissão está aquecida”, reconhece ela. Além das intervenções em reabilitação e habilitação, que eram as mais procuradas, há demandas em relação a promoção da saúde, prevenção de doenças, abordagens comunitárias individuais e grupais, reabilitação psicossocial, reinserção social, dentre outras. 

A professora afirma que o curso de Terapia Ocupacional da Unifor se propõe a formar profissionais com desenvoltura para atuação nos âmbitos público e privado, sobretudo para suprir a necessidade de recursos humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS) e Sistema Único de Assistência Social.


“Uma das principais contribuições da terapia ocupacional para o bem-estar social é a promoção da autonomia, desenvolvendo estratégias e adaptando o ambiente para que as pessoas possam realizar suas atividades diárias de maneira independente. Isso permite que elas se sintam mais confiantes e inseridas na sociedade, diminuindo o estigma e a marginalização” —  Isabel Luck, egressa e docente da Unifor

Ampla possibilidade de atuação em todos os ciclos da vida

Quando Tarciane Moura Fé escolheu cursar Terapia Ocupacional, queria trabalhar com crianças com atraso de desenvolvimento. Esperava ajudá-las a conquistar habilidades e autonomia na vida diária. Mas, durante a graduação na Unifor, se identificou fortemente com as possibilidades terapêuticas aplicadas aos idosos.

Terapeuta ocupacional e fisioterapeuta, Tarciane está no corpo docente da Unifor desde 2017 e agora ajuda a reconfigurar o curso que a formou. “Sinto-me feliz e realizada por ver a graduação em Terapia Ocupacional sendo retomada, principalmente pela demanda deste empenho profissional tão necessário na atualidade”, diz.

Tarciana espera despertar os alunos sobre a importância da profissão e, em especial, da área de gerontologia. Desde que se formou, na década de 1990, ela viu se evidenciar a importância da terapia ocupacional diante da conscientização da população para os desafios específicos da atuação junto a crianças, adolescentes, adultos e idosos. “Nas diversas fases da vida, a terapia ocupacional ajuda na busca da autonomia desses indivíduos, tanto quanto possível”, explica.


“[A terapia ocupacional] é uma profissão que está muito valorizada no mercado, pois a quantidade de profissionais qualificados e atuantes está aquém da crescente demanda. [O novo curso da Unifor] é uma grande oportunidade para quem deseja atuar como um profissional das áreas de saúde, com amplas possibilidades de atuação”Tarciane Moura, egressa e docente da Unifor

Pioneira e atenta para valorizar a prática

Há 50 anos, a Unifor foi a primeira instituição cearense a ofertar o curso de Terapia Ocupacional, lembra a diretora do CCS, Lia Brasil. Pelos bosques arborizados do campus, passou uma parcela significativa dos profissionais que hoje atuam no mercado em todo o estado. Eles são hoje parte importante das equipes interdisciplinares de saúde.

“Nossa área da saúde valoriza a integração entre as profissões durante e após a formação profissional. Sempre nos mantivemos atentos à área da reabilitação funcional, em nossa clínica escola”, afirma Lia.

Durante os anos em que a graduação de Terapia Ocupacional ficou fechada, o NAMI manteve o atendimento no ramo. “Somos reconhecidos como a melhor na área da saúde entre as instituições de ensino superior privadas do Norte e Nordeste”, afirma Lia. “O novo curso de Terapia Ocupacional vem complementar e favorecer a formação interprofissional de nossos alunos, que é um de nossos compromissos”, acrescenta.


“A matriz do bacharelado em Terapia Ocupacional da Unifor contemplará a vivência profissional desde o primeiro semestre, nas áreas de atuação que vão desde as terapias manuais, assistivas e adaptativas até projetos de reabilitação e intervenção. Nossos laboratórios possuem instalações e equipamentos modernos para que nosso aluno possa praticar e desenvolver suas habilidades profissionais”Lia Brasil, diretora do CCS

Campo aberto para o futuro profissional

A demanda cresceu em muitos campos nos quais o terapeuta ocupacional pode atuar. Há uma lacuna especial, por exemplo, de profissionais que atendam adolescentes, principalmente pelos diagnósticos de transtorno de ansiedade, do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e do espectro autista (TEA), que impactam nos estudos, nas relações e no desenvolvimento profissional.

Outro exemplo prático disso é a atuação do terapeuta ocupacional com a população idosa afetada por doenças crônicas degenerativas, que impactam em diversas atividades de sua vida diária. Ou mesmo a importância desse profissional nos cuidados paliativos dos hospitais.

“O terapeuta ocupacional está na linha de frente entre os profissionais que são capacitados para fazer avaliação, diagnóstico situacional e toda intervenção na área da reabilitação das funções físicas, cognitivas, sensoriais, afetivas e sociais no âmbito do desempenho ocupacional”, explica a coordenadora Elcyana, acrescentando que o novo curso da Unifor está preparado para formar profissionais com competências para suprir as necessidades do mercado.

O profissional agora precisa estar preparado para trabalhar com o paciente e orientar com demandas de familiares e cuidadores, treinando-os e auxiliando-os no cuidado. Em muitos casos, também precisa dominar a tecnologia e assumir o papel de gestor. O caminho para ele na clínica privada, por exemplo, nunca esteve tão próspero.

Elcyana viu de perto o mercado se expandir. Terapeuta ocupacional há mais de 30 anos, ela foi uma das primeiras a trabalhar em clínica, atendendo o público idoso. “Hoje, a gerontologia, o envelhecimento humano, é um dos carros-chefes de intervenção do terapeuta ocupacional”, afirma.

Diante de tantas transformações na área, a matriz curricular da Unifor abraça teoria, muita prática e uso da tecnologia enquanto valoriza também competências de gestão e a interdisciplinaridade.

Para auxiliar o aluno na inserção ao mercado e garantir a prática sustentada, a Universidade tem convênio com várias instituições e hospitais de referência dentro do Estado. Também conta com a Central de Carreiras e Egressos para disseminar oportunidades de estágios, além de incentivo à pesquisa e à experiência prática por meio do NAMI.

A Universidade oferece toda uma estrutura já em funcionamento para a formação do terapeuta ocupacional, fundamental para garantir o bem-estar da população.


“O curso abarca os eixos educacional, laboral, clínico e social. Ele está pautado na área da saúde, da educação, laboral e de assistência social. Compreende que o conceito de saúde não é ausência de doença, mas é bem-estar e qualidade de vida”Elcyana Bezerra, coordenadora do curso de Terapia Ocupacional