Orgulho Unifor: Aluno recebe honraria do Tribunal de Justiça do Ceará por criar plataforma inovadora

seg, 30 setembro 2024 14:40

Orgulho Unifor: Aluno recebe honraria do Tribunal de Justiça do Ceará por criar plataforma inovadora

O projeto é uma ferramenta voltada para agilizar a criação de expedientes na área de direito da família, especialmente em processos de nomeação de curatela


Calebe Levy Souto (esquerda), no TJCE, recebeu um certificado pelo trabalho desenvolvido por ele e seu amigo Davi Noah, também aluno da Unifor (Foto: J. P. Oliveira)
Calebe Levy Souto (esquerda), no TJCE, recebeu um certificado pelo trabalho desenvolvido por ele e seu amigo Davi Noah, também aluno da Unifor (Foto: J. P. Oliveira)

Já imaginou estar ainda na graduação e receber honraria de um órgão público? Foi o que aconteceu com Calebe Souto Levy, estudante do curso de Direito da Universidade de Fortaleza, instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz.

O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), do qual é estagiário, concedeu ao jovem um certificado pela criação inovadora do Curatech, um software que busca agilizar a elaboração de expedientes no âmbito jurídico, proporcionando maior eficiência aos processos de trabalho. A iniciativa foi desenvolvida em parceria com seu amigo Davi Noah, também aluno da Unifor no curso de Ciências da Computação.

Na solenidade, o presidente do TJCE, desembargador Antônio Abelardo Benevides Moraes, entregou em mãos a declaração para Calebe. A cerimônia ocorreu no final de agosto, durante o II Encontro de Estagiários e Estagiárias do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, evento que celebra as conquistas e o envolvimento dos estudantes no fortalecimento da justiça no estado.


“Foi um privilégio inesperado, me trouxe gratidão ao meu amigo pela ajuda na criação, aos meus supervisores pelo reconhecimento da minha iniciativa e por repassá-la aos superiores. Me fez aprender que mesmo uma pequena iniciativa pode gerar enorme impacto. Profissionalmente, acredito que o reconhecimento do presidente do TJ-CE enriquece meu currículo e abre portas para o futuro”Calebe Levy Souto, aluno do curso de Direito e um dos criadores do Curatech

Criando o programa

Foi na disciplina de Engenharia Jurídica, ministrada pelo professor João Araújo Monteiro Neto, que Calebe adquiriu os conhecimentos necessários para solucionar um problema identificado em seu estágio no TJCE. A partir daí, decidiu convidar o amigo Davi para resolverem juntos esse desafio.

“O convite foi algo muito natural, pois conheço o Calebe desde a infância. Ele me mandou uma mensagem explicando a situação e a ideia que ele tinha para otimizar esse processo, e eu me disponibilizei para ajudar na hora”, explica o aluno de Ciências da Computação.

Desenvolvida em JavaScript e HTML, a ferramenta acelera a criação de expedientes na área de direito da família, em particular nos processos de nomeação de curatela. Nesses casos, um curador é nomeado para proteger pessoas maiores de 18 anos que, por algum motivo, não possuem capacidade de tomar decisões.

O objetivo do projeto é automatizar o preenchimento de informações repetitivas em documentos como editais, termos de compromisso e alvarás judiciais, aumentando a produtividade e reduzindo o trabalho manual.

Calebe acredita que a tecnologia é crucial na otimização do serviço judicial, facilitando o trabalho dos servidores que lidam diariamente com expedientes e acelerando o andamento das etapas. Os resultados para as partes envolvidas são obtidos com maior rapidez, diz o aluno.

Da computação ao direito

Diferente de Calebe, Davi não é estagiário do Tribunal. Mas o jovem salienta que a tecnologia tem um papel essencial em melhorar o serviço judicial, automatizando processos que consomem tempo e tornando as informações mais acessíveis. Com isso, os servidores trabalham de forma mais eficiente, o que aumenta a produtividade de todo o sistema jurídico.
 
O estudante de Ciências da Computação explica que o que levou ele e o amigo a desenvolverem a Curatech foi a percepção de Calebe sobre uma tarefa repetitiva que estava ocupando parte do tempo dele, algo que poderia ser resolvido facilmente com uma automação.

Sobre os desafios durante o desenvolvimento do software, Davi diz que, apesar de ser um projeto simples, a otimização dos processos sempre é algo que requer certo cuidado maior.


“Apesar do Tribunal de Justiça do Ceará não fazer parte do meu dia a dia, ou ainda a área de atuação [jurídica], é sempre muito bom ter projetos acatados por grandes setores [da sociedade]”Davi Noah, aluno do curso de Ciências da Computação e um dos criadores do Curatec

Da infância para a universidade 

Calebe e Davi se conhecem há 10 anos, por meio de amigos em comum. Davi conta que eles sempre tiveram uma relação leve e descontraída: “embora não nos vejamos com frequência, mantemos contato constante por mensagens”.

“Trabalhar em dupla com Davi foi uma experiência muito tranquila. A habilidade dele em programação facilitou a concretização das minhas ideias de forma ágil. Nossa comunicação para a criação do projeto foi principalmente por mensagens e ligações, e conseguimos nos entender rapidamente”, compartilha o futuro advogado.

Inspiração acadêmica para a inovação

Calebe foi monitor da cadeira de Engenharia Jurídica. Durante uma das orientações, o professor João Neto teve grande influência na afeição do aluno com a tecnologia no âmbito do judiciário. “A inspiração foi fundamental para a criação [da plataforma]”, revela o jovem.


“A monitoria me ajudou a aprimorar meu relacionamento com pessoas, a ensinar e a desenvolver disciplina. Especificamente, a cadeira de Engenharia Jurídica despertou meu interesse pelo digital no âmbito judicial, ao mostrar a importância no cotidiano dos operadores do direito. Esse aprendizado foi fundamental para a iniciativa do meu projeto”Calebe Levy Souto, aluno do curso de Direito e um dos criadores do Curatech

A disciplina mostrou a Calebe que o curso de Direito está em constante evolução, assim como a Unifor se mantém alinhada às inovações. “A Universidade oferece diversas oportunidades, informando-nos constantemente sobre novos caminhos na vida acadêmica, como foi meu caso no processo seletivo para o estágio no TJCE e a monitoria de Engenharia Jurídica”, ressalta.

Além disso, o futuro advogado salienta que a coordenação da graduação se destaca por priorizar o bem-estar dos alunos, tornando o ambiente acadêmico ainda mais propício para o nosso desenvolvimento.

De acordo com o professor João Neto, a disciplina de Engenharia Jurídica oferece aos estudantes a possibilidade de aprender a utilizar o legal design e a tecnologia como instrumentos para solucionar – de forma criativa, eficiente e centrada no usuário – problemas de natureza jurídica. Tudo por meio de uma abordagem prática e extensionista.


“[Essa conquista] representa, de forma muito objetiva, que disciplinas como a de Engenharia Jurídica oferecem aos alunos do curso de Direito o conjunto de habilidades técnicas e de softskills que são instrumentais para resolver problemas de natureza jurídica usando tecnologia”João Araújo Monteiro Neto, professor do curso de Direito e responsável pela disciplina de Engenharia Jurídica

O docente acredita que o trabalho desenvolvido por Calebe e Davi é um marco para o processo de inovação jurídica no Ceará e para a Unifor. O projeto traz espaços de inovação que podem ser estimulados por ambientes abertos, promovendo a colaboração.

Planos futuros

Questionado sobre futuros planos, Davi compartilha: “projetos eu sempre tenho algum em desenrolo, mas sobre essa área judicial em específico, pretendo melhorar ainda mais essa ferramenta antes de ser completamente implementada”.

Calebe pontua que sempre estará atento às futuras necessidades do judiciário, buscando implementar as melhorias necessárias para aprimorar os processos. “Meu compromisso é contribuir proativamente para o avanço e a eficiência do sistema da forma como eu puder”, declara.