Entrevista Nota 10: Fernando Barroso e a importância da doação de medula óssea

seg, 22 novembro 2021 10:07

Entrevista Nota 10: Fernando Barroso e a importância da doação de medula óssea

Médico hematologista e coordenador do Centro de Processamento Celular do Hemoce destaca como o ato de solidariedade pode salvar vidas


Dr. Fernando Barroso é presidente da Sociedade Brasileira de Terapia Celular e Transplante de Medula Óssea (Foto: Arquivo Márcia Travessoni/Divulgação)
Dr. Fernando Barroso é presidente da Sociedade Brasileira de Terapia Celular e Transplante de Medula Óssea (Foto: Arquivo Márcia Travessoni/Divulgação)

A ciência a favor da vida. Para o médico hematologista Fernando Barroso Duarte, PhD pela Seattle Cancer Care Alliance (EUA), a escolha pela profissão surgiu da vontade de ajudar o próximo, fazer a real diferença por meio da promoção da saúde.

Presidente da Sociedade Brasileira de Terapia Celular e Transplante de Medula Óssea e coordenador do Centro de processamento Celular do Hemoce (Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará), Barroso também atua como pesquisador e professor da Universidade Federal do Ceará. 

Com exclusividade ao Entrevista Nota 10, Fernando Barroso destaca a importância da sensibilização da sociedade para a doação de sangue e medula óssea e fala também sobre como a tecnologia e a inovação podem ser grandes aliadas da medicina. Leia na íntegra: 

Entrevista Nota 10 - Dr. Fernando, como aconteceu a escolha pela Medicina? Sempre almejou seguir a carreira?

Fernando Barroso - A escolha foi ao longo dos últimos anos do colégio, interesse por uma profissão que alinhasse a ciência e o humanismo, com intuito de ajudar a melhorar a vida dos meus semelhantes.

Entrevista Nota 10 - No dia a dia, a quais sinais do corpo devemos estar atentos para que se necessário for, procuremos um médico hematologista?

Fernando Barroso - Creio que seja necessário a realização de um hemograma pelo menos de seis em seis meses, mesmo nos assintomáticos, com relação aos sinais, acho que cansaço fácil, surgimento de adenomegalias ou mesmo evidência de sangramento espontâneo e manchas purpúricas na pele (equimoses, petéquias) podem ser úteis.

Entrevista Nota 10 - Na sua avaliação, qual é a importância de que a sociedade seja consciente sobre a importância da doação de sangue e de medula óssea? 

Fernando Barroso - O esclarecimento sobre o assunto é fundamental, e a percepção que todos podemos precisar, nos faz entender a real necessidade de participar. A solidariedade deve ser o caminho neste contexto.

Entrevista Nota 10 - Para que tipos de doença o transplante de medula óssea é indicado? 

Fernando Barroso - Temos dois tipos de transplantes de medula: autólogo, que são indicados nos linfomas, mielomas e de células germinativas e o alogênico, quando precisamos de células de outra pessoa, para as leucemias ou falências da medula óssea. 

Entrevista Nota 10 - O que é preciso para ser um doador de medula? 

Fernando Barroso - Estar saudável, ter entre 18 e 35 anos e fazer seu cadastro no Hemoce, onde será coletado uma amostra de aproximadamente 5ml, para realização do seu HLA (antígeno de histocompatibilidade).

Entrevista Nota 10 - Em geral, os pacientes respondem bem ao transplante, com alta chance de sobrevida? 

Fernando Barroso - O transplante é a única opção de cura para algumas doenças, tais como leucemias agudas e mielodisplasia, as respostas tem melhorado com passar do tempo, temos no HUWC em parceria com o Hemoce, resultados que se assemelham aos melhores centros do Brasil e do mundo, fruto da hemoterapia de excelência transfusões deleucotizadas com irradiação gama-câmara - a única do nosso estado e uma equipe médica e multidisciplinar de alto nível - , chegamos a ter 63% de cura em dois anos nas leucemias mielóide agudas no nosso serviço.

Entrevista Nota 10 - No caso do câncer de medula, existem muitos desafios no acesso ao tratamento?

Fernando Barroso - O acesso ainda é um problema, por falta de número de leitos suficientes e por não termos algumas drogas mais modernas, que podem ter melhores resultados. 

Entrevista Nota 10 - Como o Ceará tem aliado tecnologia, inovação e saúde para a realização de importantes tratamentos na área de Hematologia? Há alguma pesquisa recente?

Fernando Barroso -  Existe um esforço conjunto do HUWC [Hospital Universitário Walter Cantídio] /UFC e Hemoce para sempre aprimorar o atendimento nesta área, como perspectiva futura, temos a implantação do “CAR T cell” no Hemoce, o projeto é pioneiro para atendimento de pessoas com leucemias, linfomas e mielomas que não teriam outra opção de cura. Tem o financiamento do Governo do Estado, e a participação direta do Hemoce (Dra. Luciana Carlos) e as Secretarias de Saúde e Ciência e Tecnologia.