sex, 9 setembro 2022 15:42
Lançamento de biografia se transforma em uma grande homenagem a Edson Queiroz
Evento aconteceu no auditório da Universidade de Fortaleza e contou com a presença de familiares, amigos, professores, alunos e líderes políticos e empresariais.
A Fundação Edson Queiroz lançou, na última quinta-feira (08/09), a obra "Edson Queiroz – Uma biografia", de autoria do jornalista, escritor e biógrafo Lira Neto. O livro conta a trajetória do cearense que, com outros empresários, ajudou a lançar as bases do desenvolvimento socioeconômico do Ceará. O lançamento da biografia aconteceu no auditório da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza, onde foi prestada uma grande e justa homenagem póstuma à trajetória pessoal e empresarial de Edson Queiroz. A obra já está à venda nos sites da Amazon e Americanas.
O evento, que lotou o auditório da Unifor e áreas extras montadas com telões, contou com a presença de familiares e autoridades políticas, como a governadora do Ceará, Izolda Cela, o senador Tasso Jereissati, o vice-prefeito de Fortaleza, Élcio Batista, a presidente do Tribunal de Justiça do Ceará, desembargadora Maria Naílde Pinheiro, o ex-governador Lúcio Alcântara e o titular da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Maia Júnior, além de professores, alunos e pesquisadores da Unifor, empresários e intelectuais.
A apresentação do livro foi realizada pela escritora Socorro Acioli, que conversou com Lira Neto sobre os desafios para a produção da biografia e sobre o personagem retratado. O biógrafo contou que o intenso processo de pesquisa durou um ano e meio, e que teve amplo acesso aos acervos empresariais e familiares que documentaram a vida de Edson Queiroz. “Descobri esse personagem e me deparei com a certeza de que uma biografia do Edson Queiroz tinha que mostrar o tino singular que ele tinha para os negócios e ao mesmo tempo a irreverência dele, essa coisa brincalhona, tipicamente cearense”, relata o biógrafo.
O escritor contou, ainda, que buscou ressaltar os traços de personalidade e o comportamento informal do empresário biografado. Segundo ele, os leitores vão conhecer alguns dos segredos de sucesso de Edson Queiroz. “Quem ler o livro vai saber também que uma trajetória bem-sucedida não é feita apenas de vitórias. Houve tropeços e percalços na vida de Edson Queiroz. Ele soube contorná-las, superá-las e transformá-las em aprendizado”, revela Lira Neto.
Edson Queiroz trouxe prosperidade para o Ceará e para o Brasil quando, aos 26 anos, adquiriu uma distribuidora de gás de cozinha em Fortaleza. Em 1959, abriu uma rede de lojas de eletrodomésticos e inaugurou o primeiro terminal oceânico de gás do nordeste. Após 70 anos, a Nacional Gás tornou-se uma das maiores distribuidoras de gás do País. Nos anos seguintes, o empresário adquiriu a Rádio Verdes Mares AM, a Indaiá, fundou a Esmaltec e a Universidade de Fortaleza, a primeira e única particular do Ceará até hoje.
O fundador do Grupo Edson Queiroz esteve à frente dos negócios até 1982. Devido à sua morte precoce, a empresa passou a ser gerida pela esposa, Yolanda Queiroz, e posteriormente pelos filhos e filhas, que foram responsáveis pela prosperidade dos negócios dos pais. Atualmente, o Grupo Edson Queiroz já está na terceira geração.
Família e História
A abertura do evento foi feita por Lenise Queiroz Rocha, presidente da Fundação Edson Queiroz e filha do empresário cearense. Segundo ela, a biografia seria lançada em 2020, mas, diante das dificuldades desses últimos dois anos, em razão da pandemia de Covid-19, o livro “escolheu” a data de seu próprio lançamento..
“Tivemos a sorte de encontrar um cearense brilhante como o Lira Neto com a fluência na narração, conhecimento das nossas raízes para melhor traduzir as peripécias de quem viveu intensamente e partiu apressadamente. Um cometa no céu que ilumina nossas vidas”, revela Lenise.
Ao descrever o pai, a presidente da Fundação relatou que Edson amava muito sua terra [o Ceará] e seus parceiros de trabalho. “Para mim, Edson Queiroz foi sempre inesquecível, e memórias diárias me vêm com muita força ainda nos dias atuais. Mas, me ver após 40 anos de sua partida com uma presença tão viva não me passava pela cabeça”, destaca.
Discurso da presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha
Boa noite!
É extravasando de emoção que me encontro hoje, na presença de tantas pessoas queridas para falar em nome da nossa família e em meu nome no pré-lançamento desse livro que nos fez reviver momentos e sentimentos, e poder aqui agradecer a todos que contribuíram com seus depoimentos a toda a equipe de pesquisa e ao autor Lira Neto que narrou com fluência e muita nitidez momentos, alguns inusitados até para a família.
Para mim, Edson Queiroz foi sempre inesquecível, e memórias diárias me vêm com muita força ainda nos dias atuais. Mas, me ver após 40 anos de sua partida com uma presença tão viva não me passava pela cabeça.
Nós pensávamos em lançar esse livro em 2020, mas, diante das dificuldades desses últimos dois anos, o livro escolheu seu tempo. Hoje Yolanda e Edson, no ano de 1945, uniram-se em matrimônio.
Este ano estamos nos 70 anos do Grupo Edson Queiroz, 50 anos da Fundação Edson Queiroz e há 40 anos do acidente que o levou precocemente aos 57 anos.
Minha admiração por ele (creio que de todos nós da família) cresce a cada dia e intensificada mais ainda com essa biografia.
Meu pai era uma pessoa muito otimista e viveu sua vida intensamente no uso dos talentos e graças que recebeu.
De alma inquieta, não creio que sua mente parava nem quando dormia.
As pilhas de livros decoravam sua cabeceira. Autodidata em muitos saberes, ele persistia para realizar o que idealizava, não media esforços.
Viajava em navios cargueiros, nos barcos frágeis adentro das cidades de mais difícil acesso no Pará e fazia mergulhos no Mucuripe perto do antigo porto aonde costumávamos ir a passeio e ele a trabalho, sempre tirando novas ideias para seu próximo trabalho que realizava com muita paixão.
Um empreendedor como poucos nesse mundão de meu Deus. Era muito espontâneo e descomplicava sempre que podia o fazendo parecer as vezes não se importar com algumas aflições dos colaboradores e da minha mãe.
Mas ele já tinha uma carta na manga ou um coelho na cartola, como mágico que também foi, para resolução. Tipo: o meu nome é solução.
Como sua criatividade era além do esperado ele se colocava nas mais diversas atividades com tremenda facilidade! Era médico, engenheiro, arquiteto, malabarista, bombeiro e eletricista. Tivemos com ele muitos aprendizados apesar de não o termos em casa por muito tempo.
Chegava tarde do escritório e tínhamos o hábito de esperar por ele pra jantar, (por isso ficamos todos noctívagos) dormíamos tarde e acordávamos cedo (hábito que nos acompanha até hoje, pois me vejo por vezes depois da meia noite a falar com minhas irmãs com naturalidade).
Mas, algo muito importante nele era querer o bem de todos.
Um cearense que amava muito a sua terra, seus parceiros de trabalho, (a ponto de falar sempre que um negócio só é bom quando satisfeita ambas as partes) e que cantava com alegria as músicas com “só deixo o meu Cariri no último pau de arara”. E passar esse amor para todos os filhos, que apesar de termos tido oportunidades para morar em outros estados ou países, nos fincamos solidamente aqui como um grupo cearense e procurando trazer para cá o que houver de melhor sempre a exemplo da Fundação Edson Queiroz com a Unifor e suas diversas atividades de responsabilidade social, muitas iniciadas por ele.
Lembro que quando não se falava em creches, ele inaugurou uma para os filhos dos funcionários na fábrica da Francisco Sá.
Muito bom termos essa herança no DNA. Pois é gratificante se envolver com o bem-estar de outros.
Enfim, através dessa obra biográfica do Lira Neto com algumas passagens de sua vida, depoimentos e pesquisas realizadas em publicações e através dos 50 livros de artigos de jornais e revistas que minha mãe colecionava, como se previsse que um dia faríamos uso do seu contínuo e dedicado trabalho, após mais de 40 anos.
Tivemos a sorte de encontrar um cearense brilhante como o autor aqui presente com a fluência na narração, conhecimento das nossas raízes para melhor traduzir as peripécias de quem viveu intensamente e partiu apressadamente. Um cometa no céu que ilumina nossas vidas!
Obrigada!
Sobre o autor
Lira Neto nasceu em Fortaleza, em 1963. Jornalista e escritor, ganhou o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte em 2014 e o Prêmio Jabuti em quatro ocasiões: 2007, 2010, 2013 e 2014. Publicou, entre outros, “Padre Cícero: Poder, fé e guerra no sertão” (2009), vencedor do Jabuti em 2010, a trilogia “Getúlio” (2012-14), cujo segundo volume foi premiado em 2014, “Uma história do samba: As origens” (2017) e “Castello: A marcha para a ditadura”, reeditado em 2019. Recentemente, publicou “Arrancados da Terra” (2021), pela Companhia das Letras, e “A vacina sem revolta” (2022), pela Bella Editora.