Unifor lança “Livro da Vida”, com histórias de idosos acompanhados pelo Núcleo de Atenção Médica Integrada

Unifor lança “Livro da Vida”, com histórias de idosos acompanhados pelo Núcleo de Atenção Médica Integrada

Fruto de estágio final do curso de Psicologia, projeto resgata memórias e dá visibilidade à velhice por meio da arte e da escuta acolhedora


Professora Luara França (ao centro), supervisora da iniciativa, junto às estagiárias de Psicologia Danyelle Matos (à esquerda) e Maria Eduarda Matos (à direita), que participaram da construção do livro (Foto: Arquivo pessoal)
Professora Luara França (ao centro), supervisora da iniciativa, junto às estagiárias de Psicologia Danyelle Matos (à esquerda) e Maria Eduarda Matos (à direita), que participaram da construção do livro (Foto: Arquivo pessoal)

Idosos acompanhados pelo Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) da  Universidade de Fortaleza, instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz, escreveram e ilustraram o “Livro da Vida”, obra que reúne suas memórias e experiências.

A publicação é resultado de um projeto desenvolvido no estágio final do curso de Psicologia, que será apresentado ao público no dia 20 de junho, das 8h30 às 10h, no Núcleo Diálogos, do Espaço Cultural Unifor. A entrada é gratuita.  

Com o apoio das estagiárias Danyelle Matos e Maria Eduarda Matos, sob a supervisão da professora Luara França, os participantes foram incentivados a narrar suas trajetórias de forma livre e criativa. 

A iniciativa teve como foco valorizar a identidade da pessoa idosa, dar voz às suas histórias e enfrentar a invisibilidade frequentemente associada ao envelhecimento.

Um livro feito de lembranças e afetos

A proposta do "Livro da Vida" nasceu a partir de uma pesquisa sobre envelhecimento realizada por Luara França, inspirada tanto por iniciativas semelhantes, como a da Universidade La Salle (RS), quanto por leituras acadêmicas. 

Um dos referenciais foi o livro “Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos”, de Ecléa Bosi, em que a autora afirma: “Na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar, com imagens e ideias de hoje, as experiências do passado. A memória não é sonho, é trabalho” (Bosi, 1979, p. 17).


A construção desse projeto foi inspirada nesse aporte teórico, mas principalmente na ideia de dar visibilidade a pessoa idosa e, por meio de suas memórias, valorizar sua identidade e papel na sociedade” — Luara França, professora do curso de Psicologia da Unifor

Sobre o processo de criação da obra 

O livro surgiu no contexto do Programa de Reabilitação Neurocognitiva do NAMI, que realiza atendimentos de terapia ocupacional e fisioterapia para adultos e idosos com alterações cognitivas decorrentes de condições como AVC e demências.

A primeira etapa foi uma dinâmica em que refletiram sobre o significado da vida. Cada um recebeu materiais para expressar suas memórias em formato livre.

De acordo com Luara, a ideia consistia na criação de quatro capítulos da história de cada pessoa do grupo, baseadas em etapas do desenvolvimento humano, como infância e adolescência. 

“No início da intervenção eram colocadas questões norteadoras sobre a fase que iria ser realizada o processo de criação, eram disponibilizados materiais para que cada um escrevesse a sua história de maneira individual, ou seja, poderiam escrever, desenhar, pintar, trazer fotos, recordações e colar figuras”, comenta.

O impacto positivo e acolhedor

A formanda, Danyelle Matos, uma das estagiárias responsáveis, destaca que o projeto reativou lembranças significativas e proporcionou um reencontro dos participantes com suas próprias trajetórias.

“Por meio do resgate de suas memórias e de compartilhar essas histórias, as pessoas se vêem como protagonistas e autores de suas próprias trajetórias, concedendo assim um lugar social, um deslocamento de posição da invisibilidade que é tratada a pessoa idosa. Historiar sua caminhada e dividi-la com alguém se torna prazeroso”, reflete.

Ela conta ainda que o projeto foi conduzido com sensibilidade e liberdade criativa, como uma verdadeira obra de arte.


A gente orientava sobre as fases da vida e pedia para que eles mostrassem, escrevessem o que vinha à mente quando lembravam da adolescência, infância, comidas favoritas, brincadeiras etc. Assim, eles ressignificaram as memórias, lembrando da identidade deles e tirando a invisibilidade que a velhice traz” —  Danyelle Matos, formanda do curso de Psicologia da Unifor

Serviço

Lançamento do “Livro da Vida”
Data: 20 de junho
Horário: 8h30 às 10h
Local: Núcleo Diálogos, do Espaço Cultural Unifor
Entrada gratuita