qui, 4 março 2021 17:41
Elmo 2.0: capacete criado no Ceará ganha adaptações que melhoram o monitoramento de pacientes
Os testes de aperfeiçoamento serão feitos com apoio de pesquisadores das diversas instituições públicas e privadas envolvidas no projeto.
O capacete de respiração assistida Elmo ganhará adaptações. O “Elmo 2.0” trata-se de uma nova etapa do equipamento desenvolvido no Ceará para reduzir casos de intubação por Covid-19. A inovação presente no capacete consiste em um sistema de monitoramento e alerta do equipamento, em que a equipe médica e o paciente terão acesso a vários dados referentes ao funcionamento do capacete, como temperatura interna, ruído, concentração de oxigênio e alertas de vazamento, além de melhoria no bem-estar do paciente.
O equipamento foi idealizado em abril de 2020, quando a pandemia do novo coronavírus já levantava números alarmantes no Brasil, em uma força tarefa público-privada de combate à crise sanitária que uniu uma força-tarefa com a participação de pesquisadores, especialistas e técnicos de instituições públicas e privadas: Secretaria da Saúde do Estado, Escola de Saúde Pública do Ceará, Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, Universidade Federal do Ceará (UFC), Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/CE) e Esmaltec, empresa do Grupo Edson Queiroz.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, Ricardo Cavalcante, ressalta que a FIEC participou ativamente do desenvolvimento, criação e produção dos protótipos do Elmo no Instituto Senai. Ele destaca que o Sesi e Senai entraram com recursos financeiros e capital humano, com destaque para os técnicos do Senai. “Foi construído um laboratório dentro do Senai da Jacarecanga para os testes clínicos e de usabilidade, e também para os treinamentos iniciais para o uso do equipamento. O Elmo tem ajudado a salvar milhares de vidas, e isso nos enche de orgulho”, complementa.
Elmo 2.0
O projeto do Elmo 2.0, que está sendo desenvolvido com a participação de todos que compõem a força-tarefa. leva em consideração aspectos como usabilidade e experiência do usuário. Para isso, os pesquisadores têm apoio de dois equipamentos da Unifor: o Laboratório de Estudos do Usuário e da Qualidade de Uso do Sistema (LUQS) e o Laboratório de Engenharia do Conhecimento (LEC). O LEQ, inclusive, possui profissionais na área de inteligência artificial e aprendizado de máquina, que proporcionam a criação de algoritmos que “aprendem” como o usuário está reagindo, informando melhor sobre condições de alarme e atenção para a equipe médica.
O professor Herbert da Rocha, um dos coordenadores do Laboratório de Pesquisa e Inovação em Cidades (Lapin) da Unifor, atuou diretamente na concepção do Elmo e é responsável pela parte de desenvolvimento de produtos e estudos de usabilidade. Herbert explica que, em muitos casos, os pacientes que são tratados com o capacete, precisam utilizá-lo por dias. Por isso, os pesquisadores viram a necessidade de otimização de alguns dos materiais presentes no produto.
“A usabilidade do produto pela equipe médica, colocação, retirada e operação do equipamento, também está sendo foco de nossa equipe nesta etapa, uma vez que obtivemos diretamente vários dados relacionados ao uso do produto pela equipe médica da linha de frente de combate ao Covid-19”, diz. O pesquisador ainda destaca que a incorporação de sensores e alertas ao produto também visa trazer mais conforto psicológico ao paciente.
Daniel Chagas, professor do curso de Ciências da Computação da Unifor e também coordenador do Lapin, participou do desenvolvimento do Elmo 2.0, atuando na parte de interação humano-computador e experiência do usuário. Ele explica que alarmes de envasamento e ruptura poderão ser detectados e exibidos para que as equipes médicas possam fazer uma avaliação do atual estado do paciente.
Daniel Chagas também destaca que será instalado um sensor que monitora a frequência e volume de respiração do paciente. Com esses dados, é possível entender a evolução do agravo respiratório que o paciente tem devido ao coronavírus, além de auxiliar a equipe médica a monitorar o estado de todos os equipamentos em uso.
Também será possível fazer um download desses dados para que os desenvolvedores do capacete tenham um histórico de todo o período em que o paciente fez uso do Elmo. Dessa forma, eles podem aprimorar cada vez mais as informações de como o capacete pode auxiliar o paciente, além de usufruírem de um maior volume de dados de pesquisa nas ações de combate ao coronavírus.
O projeto tem data de conclusão prevista somente para o segundo semestre de 2021. “O Elmo 2.0 visa implementar melhorias no Elmo 1.0, que já existe e está sendo usado de forma eficaz. O 2.0 pretende tornar o equipamento um produto mais adequado para uma realidade ‘pós-Covid’, uma vez que ele pode ser usado para o tratamento de diversas doenças respiratórias”, conclui Herbert.
Elmo 1.0
O equipamento envolve toda a cabeça do paciente e é fixado no pescoço em uma base que veda a passagem de ar. Com a aplicação de oxigênio e ar comprimido, o Elmo gera uma pressão positiva (em relação à pressão atmosférica) que ajuda pacientes com dificuldade de oxigenação. Dessa forma, ele é indicado para o tratamento de pacientes com quadro clínico moderado, mas também auxilia casos que começam a evoluir para gravidade, de modo a evitar também, a intubação do paciente.
Feito com silicone e PVC, o equipamento barateia o tratamento da Covid-19. O capacete também proporciona que o gás carbônico não seja expelido no ambiente, garantindo a segurança dos profissionais de saúde
Da criação ao processo industrial do Elmo levou menos de um ano. Além de atuar na etapa de pesquisa e desenho do equipamento, a Unifor tem papel estratégico na fase de transferência de tecnologia, viabilizando a articulação com a iniciativa privada.
Saiba mais em: projetoelmo.com.