Pesquisa Unifor: Estudo desenvolvido no Nubex é premiado em congresso internacional

qua, 11 setembro 2024 14:25

Pesquisa Unifor: Estudo desenvolvido no Nubex é premiado em congresso internacional

Leonardo Macêdo Filho, egresso do curso de Medicina e um dos autores da pesquisa, vai representar a equipe em evento em Houston, no Texas


O reconhecimento pelo trabalho indica a contribuição do Nubex para o desenvolvimento de pesquisas de ponta (Ilustração: Getty Images)
O reconhecimento pelo trabalho indica a contribuição do Nubex para o desenvolvimento de pesquisas de ponta (Ilustração: Getty Images)

A produção científica da Universidade de Fortaleza, mantida pela Fundação Edson Queiroz, tem ganhado cada vez mais reconhecimento internacional por sua qualidade e relevância. Um exemplo recente disso foi um trabalho desenvolvido por pesquisadores do Núcleo de Biologia Experimental (Nubex) que conquistou o prêmio Natus Resident/Fellow Award for Traumatic Brain Injury (Neurotrauma and Critical Care), concedido pelo Congress of Neurological Surgeons (CNS).

Essa premiação destaca as contribuições da equipe na área de lesão cerebral traumática, com ênfase em neurotrauma e cuidados críticos, reforçando a importância de suas pesquisas para avanços no tratamento e cuidado de pacientes com essas condições. 

O reconhecimento veio pelo resumo da pesquisa “A Rat Model of Second Impact Syndrome in Diffuse Traumatic Brain Injury: Evidence of Facial Pain, Neurological and Other Behavioral Alterations, and Immunological and Histopathological Tissue Changes”, ainda a ser publicada. 

O estudo foi desenvolvido com apoio do Edital de Equipes e do Programa de Bolsas de Iniciação Científica da Vice-Reitoria de Pesquisa (VRP), da Unifor. Participaram do trabalho os seguintes pesquisadores do Nubex: Leonardo de Macêdo Filho, Ana Carolina Aragão, Vito Thayson dos Santos, Denise Alencar, Juliana Melo, Denise Oliveira e Adriana Rolim.

Representando a Unifor

Com a premiação, o pesquisador Leonardo de Macêdo Filho, egresso do curso de Medicina da Unifor, foi convidado a apresentar o resumo do estudo no próximo dia 2 de outubro, durante a Sessão de Ciência ao Amanhecer e Resumos de Última Hora – Sessão de Neurotrauma e Cuidados Críticos 2. A apresentação em nome da equipe ocorrerá no Encontro Anual do CNS de 2024, na cidade de Houston, no Texas.

O médico, que hoje trabalha no departamento de neurocirurgia da Universidade Estadual da Pensilvânia, destaca a importância de receber essa premiação ao comentar que tal reconhecimento eleva a Unifor aos topos dos grandes centros de saúde e pesquisa do mundo.


“Receber um prêmio pelo projeto é uma validação importante, demonstrando que a comunidade científica, representada por um comitê de grandes profissionais internacionais, reconheceu e apreciou o trabalho realizado, honrando tanto o projeto quanto seus autores. Para o público em geral, esse reconhecimento também serve como uma validação, especialmente para pacientes e familiares que convivem ou conviveram com essa condição”Leonardo de Macêdo Filho, médico e pesquisador de pós-doutorado na Universidade Estadual da Pensilvânia

Além dos pesquisadores do Nubex, o estudo contou com a colaboração de diversos especialistas de diferentes instituições do Brasil e do mundo. São eles:

  • Lucca de Pontes, do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Ceará (UFC);
  • Roberto César Lima Júnior e Lívia Maria Nobre, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFC;
  • Emiliano Sanchez-Garavito, da Mayo Clinic em Jacksonville, Flórida (EUA);
  • Hanna Wilding e Debarati Bhanja, do Departamento de Neurocirurgia da Penn State Health Milton S. Hershey Medical Center;
  • Nathan Shlobin, da Feinberg School of Medicine;
  • Barry Sessle, do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Odontologia e da Temerty Faculty of Medicine;
  • Gregory Hawryluk, do Departamento de Neurocirurgia da Cleveland Clinic, em Ohio (EUA).

Sobre a pesquisa 

O estudo elaborado no Nubex busca caracterizar as alterações pós-traumáticas nas funções neurológicas e comportamentais, mediadores inflamatórios plasmáticos e características histopatológicas do sistema nervoso central (SNC) em um modelo animal da Síndrome do Segundo Impacto (SIS)

A pesquisa utilizou ratos fêmeas da linhagem Wistar, que foram divididos em grupos para receber um, dois ou nenhum impacto no crânio em diferentes intervalos de tempo, com o objetivo de simular lesão cerebral traumática (TBI) e SIS. Foram realizadas avaliações de sensibilidade mecânica facial, testes neurológicos e comportamentais em momentos distintos para analisar as alterações pós-traumáticas.


Conhecedor de princípios éticos e morais de bem estar animal, o Biotério de Produção do Núcleo de Biologia Experimental é associado ao Rebioterio (Foto: Ares Soares)

Além disso, mediadores inflamatórios no plasma foram medidos por meio de kits ELISA, e a resposta inflamatória no sistema nervoso central foi avaliada por exames histopatológicos de seções de tecido cerebral coradas com hematoxilina-eosina. Para a análise estatística dos dados, os testes de Mann-Whitney-U e Kruskal-Wallis foram empregados.

Resultados da pesquisa

Os resultados do estudo indicaram que os ratos submetidos a um ou dois impactos no crânio apresentaram redução na sensibilidade mecânica facial em comparação aos animais do grupo controle, além de déficits significativos em avaliações neurológicas e comportamentais. Apesar disso, não foram observadas diferenças nas concentrações de mediadores inflamatórios como IL-6 e TNF-α entre os grupos com impacto e o grupo controle não exposto. 

Já os grupos que sofreram dois impactos, com intervalos de 14 dias, apresentaram uma diminuição na concentração de TNF-α, enquanto um aumento nos níveis de IL-6 foi identificado nos grupos que receberam dois impactos com intervalos de 24 horas, 3 e 7 dias. A resposta inflamatória no sistema nervoso central foi mais acentuada nos grupos que sofreram dois impactos em intervalos menores.

As conclusões do estudo sugerem que a Síndrome do Segundo Impacto (SIS) e a lesão cerebral traumática (TBI) induzem alterações significativas nas funções neurológicas e comportamentais, além de desencadearem respostas inflamatórias no sistema nervoso central.

Essas descobertas contribuem para uma compreensão mais detalhada das consequências dessas condições, fornecendo uma base para futuras pesquisas sobre os mecanismos que governam o SIS e abrindo portas para o desenvolvimento de possíveis intervenções terapêuticas.


A pesquisa em ratos auxilia o estudo de condições que também afetam seres humanos (Foto: Getty Images)

Leonardo comenta que a ideia do projeto foi demonstrar que as citocinas inflamatórias estão diretamente relacionadas a déficits neurocomportamentais, especialmente no que diz respeito à dor após o trauma. Ele explica que, na síndrome do segundo impacto, esse fenômeno neuroinflamatório é ainda mais intenso, resultando em efeitos neurocomportamentais e dor orofacial mais severos, quando comparados a animais que sofreram um ou nenhum impacto. 

“Com a análise das citocinas inflamatórias e da histologia dos cérebros dos animais, podemos direcionar tratamentos mais específicos e, assim, tentar aplicar essas abordagens terapêuticas em pacientes que sofrem dessas condições clínicas”, salienta o médico. 

Engajamento do Nubex 

O estudo premiado foi conduzido integralmente no Núcleo de Biologia Experimental (Nubex), centro de excelência em pesquisa da Unifor dedicado à graduação e pós-graduação. O setor é reconhecido por promover o desenvolvimento de projetos inovadores em diversos setores, como saúde, alimentos, fármacos e educação. Suas pesquisas se destacam pela abordagem multidisciplinar, com foco nas áreas de ciências biológicas e ciências da vida.  

Esse reconhecimento de agora indica a contribuição do Núcleo para o desenvolvimento de pesquisas de ponta, com acesso a tecnologias de última geração, suporte intelectual e um ambiente que fomenta a troca de ideias entre pesquisadores de diferentes áreas. “O prêmio é um reflexo da cultura de excelência que permeia o Nubex, onde inovação e rigor científico são pilares fundamentais”, enfatiza Adriana Rolim, coordenadora de Pesquisa da Unifor e autora do artigo.


“O Nubex tem desempenhado um papel fundamental no apoio e incentivo a trabalhos de alto impacto, como o que foi premiado. Esse suporte se manifesta de várias formas, como a infraestrutura de qualidade, o ambiente colaborativo e o apoio da Vice-Reitoria de Pesquisa da Unifor. Esse ambiente de apoio é crucial para que trabalhos de alto impacto sejam não apenas possíveis, mas também destacados e reconhecidos internacionalmente”Adriana Rolim, coordenadora de Pesquisa da Unifor e autora do artigo

Além disso, a conquista tem grande potencial para inspirar e motivar outros pesquisadores e estudantes do Núcleo. A premiação demonstra que, apesar dos desafios, é viável realizar pesquisas de relevância internacional. Esse reconhecimento pode encorajar outros a se aprofundarem em seus projetos e buscarem a produção de pesquisas de impacto. 

“A vitória pode contribuir para fortalecer a cultura de colaboração no Nubex, onde o sucesso de um pesquisador ou de uma equipe é visto como uma conquista de todo o grupo. Esse ambiente de apoio mútuo pode favorecer a criação de trabalhos de alto impacto, beneficiando o coletivo e incentivando a produção acadêmica de qualidade”, reforça Adriana.