sex, 3 julho 2020 14:39
Professora da Unifor tem artigo publicado em revista internacional
Desenvolvido pela docente do curso de Medicina, Fernanda Maia, o estudo busca auxiliar no tratamento de pacientes diagnosticados com AVC isquêmico.
Fernanda Martins Maia Carvalho, professora pertencente ao Programa de Mestrado em Ciências Médicas da Universidade de Fortaleza, teve o artigo “Thrombectomy for Stroke in the Public Health Care System of Brazil” publicado na revista americana New England Journal of Medicine (NEJM), revista de alto fator de impacto e uma das mais prestigiadas publicações da área médica.
O estudo teve como objetivo a pesquisa de um tratamento para pacientes que foram diagnosticados com AVC isquêmico extenso, doença causada pela falta de sangue em uma parte do cérebro por conta da obstrução de uma grande artéria. Em casos como estes, os pacientes podem ficar com sequelas graves e possuem grandes chances de vir a óbito por causa da doença. A pesquisa confirmou a segurança e eficácia da trombectomia mecânica, procedimento que remove o coágulo da obstrução por meio de um cateter, em casos em que o tratamento foi realizado nas primeiras oito horas após o início dos sintomas.
O tratamento foi comparado ao que é feito hoje em dia em pacientes com AVC isquêmico, que consiste na administração de uma medicação para dissolver o coágulo, o que só pode ser feito nas primeiras quatro horas e trinta minutos após o início do quadro. No procedimento de trombectomia, é usado um stent cerebral, um pequeno tubo que é colocado dentro de uma artéria, com o objetivo de mantê-la aberta, evitando a diminuição sanguínea do fluxo por entupimento. Fernanda explica que pacientes que foram submetidos à trombectomia mecânica tiveram uma chance maior de se recuperar, sem déficits ou, pelo menos, com déficits mínimos em relação a pacientes que não fizeram esse tipo de tratamento.
O estudo Resilient foi desenhado para investigar a segurança e eficácia da trombectomia em pacientes que possuem AVC isquêmico no Sistema Único de Saúde (SUS) e é financiado pelo Ministério da Saúde. Uma vez que seus achados confirmaram a eficácia dessa técnica nesses pacientes, aumentando a probabilidade de ficarem sem sequelas e de permanecerem independentes em suas atividades, outros estudos já estão sendo executados para comprovar o sucesso dessa técnica em pacientes com oclusão de outras artérias ou com maior tempo de ocorrência do AVC. O impacto dessa intervenção é relevante, principalmente para a população mais socialmente vulnerável, que foi alvo da pesquisa.
“Em termos de retorno para a comunidade, é um estudo de extrema importância, principalmente por ter sido motivado por um questionamento das nossas agências regulatórias em relação à necessidade de comprovar que aqui no Brasil esse procedimento, que possui um custo elevado e de alta complexidade, vale a pena ser feito em nosso sistema de saúde”, conclui Fernanda Maia.