ter, 9 julho 2024 15:30
O impacto da Terapia Ocupacional na saúde das pessoas idosas
Abordagens inovadoras e humanizadas ampliam a qualidade de vida na terceira idade
O envelhecimento da população brasileira tem trazido novos desafios e oportunidades para a área da saúde. A Terapia Ocupacional tem se destacado como uma das profissões chave para garantir a qualidade de vida das pessoas idosas, abordando de forma abrangente e individualizada as necessidades dessa população.
Com a crescente demanda por cuidados especializados, terapeutas ocupacionais têm ampliado suas áreas de atuação, oferecendo suporte crucial tanto para pessoas idosas saudáveis quanto para aqueles que convivem com doenças crônicas.
+ O próspero campo da Terapia Ocupacional
Áreas de intervenção
Phelipe Cabral, terapeuta ocupacional com vasta experiência no cuidado domiciliar e no tratamento de demência e especialista em Gerontologia pela Universidade de Fortaleza — instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz —, destaca que a Terapia Ocupacional abrange diversas áreas do conhecimento e de intervenção, sempre considerando as individualidades e necessidades de cada pessoa.
"Na saúde da pessoa idosa, podemos compreender a atuação do profissional na esfera do desempenho ocupacional, capacitando a pessoa para a execução das atividades no cotidiano e potencializando suas habilidades remanescentes", explica Phelipe. Ele menciona, entre outras áreas, a reabilitação física, a intervenção cognitiva, a tecnologia assistiva e a supervisão e orientação para familiares e cuidadores.
Phelipe Cabral é presidente da Associação Brasileira de Alzheimer - Regional Ceará (ABRAz - CE) e vice-presidente da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz Nacional) (Foto: Arquivo pessoal)
Os terapeutas ocupacionais trabalham diretamente no treino das atividades da vida diária (AVD), tanto no ambiente domiciliar quanto em consultórios. Essas atividades incluem desde o autocuidado básico, como higiene pessoal e alimentação, até atividades mais complexas, como gerenciamento do ambiente e participação em atividades sociais e de lazer.
Processo de avaliação
A avaliação inicial de uma pessoa idosa é um passo fundamental para o planejamento terapêutico. Segundo Phelipe, "o contato inicial requer o conhecimento do paciente que será acompanhado, envolvendo a história e o contexto geral da sua vida". A avaliação é realizada de forma abrangente, utilizando instrumentos validados que analisam aspectos físicos, cognitivos, perceptivos e ambientais. O objetivo é obter indicadores reais para estabelecer metas terapêuticas que visem a autonomia e a independência.
O processo de avaliação é contínuo e adaptável às necessidades do paciente. "A formação e o fortalecimento do vínculo entre a pessoa idosa e o terapeuta ocupacional são fundamentais para o desenvolvimento da prática clínica", afirma Phelipe. Esse vínculo permite ajustes necessários no decorrer do acompanhamento, garantindo que a intervenção seja sempre eficaz e centrada no indivíduo.
Benefícios para pessoas idosas com doenças crônicas
Pessoas idosas que vivem com doenças crônicas, como a demência, encontram na Terapia Ocupacional uma abordagem terapêutica diferenciada. Phelipe destaca que a intervenção precoce nas áreas cognitiva, motora e comportamental pode retardar a progressão da doença, mantendo a capacidade funcional do paciente por mais tempo. "Isso permite a preservação da sua rotina, das relações familiares e sociais, proporcionando uma melhor qualidade de vida ao longo de todas as fases da doença", enfatiza.
A Terapia Ocupacional se diferencia por seu olhar integral sobre o paciente. Os profissionais da área, como estudioso do envelhecimento e da ocupação humana, compreendem os aspectos normais e patológicos do envelhecimento, gerenciando de forma positiva os cuidados no dia a dia e trabalhando em conjunto com toda a equipe de saúde na reabilitação da pessoa.
Desafios e superações
Trabalhar com a população idosa apresenta desafios significativos, como a necessidade de engajamento da família no plano de cuidados. Phelipe Cabral aponta que "é fundamental estabelecer uma comunicação assertiva, realizar uma abordagem educativa e oferecer apoio emocional tanto à pessoa idosa quanto aos seus familiares e cuidadores". Superar esses desafios é crucial para garantir uma abordagem terapêutica eficaz e melhorar a qualidade de vida não só do paciente, mas de toda a família.
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