seg, 14 novembro 2022 18:16
Como otimizar os estudos?
Alunos e professores dão dicas de como planejar os estudos para gerir melhor o tempo, ser produtivo e otimizar o aprendizado
Será que simplesmente mergulhar nos livros por horas e horas a fio é mesmo a melhor maneira de garantir um bom desempenho nos estudos? Cada vez mais, a ciência indica aos estudantes que usem estratégias para gerir melhor o tempo, serem mais produtivos e, assim, otimizar o aprendizado.
Na missão de planejar os estudos, vale tudo: de técnicas para aprender ao uso de aplicativos e ferramentas que podem nos ajudar a organizar um cronograma e fixar melhor os conteúdos. Atenta a esta questão, a Universidade de Fortaleza, vinculada à Fundação Edson Queiroz, oferece uma série de ações para apoiar seus alunos a estudarem com estratégia. E eles garantem: isso muda a vida.
Use aplicativos para gerir o tempo e faça notas para fixar o conteúdo
Logo que começou a cursar Moda na Unifor, Thayná de Medeiros percebeu que precisaria coordenar bem o tempo para dar conta das disciplinas teóricas, dos aprendizados práticos e do estágio que queria fazer na área.
A estudante já havia enfrentado um forte esgotamento mental quando cursou Direito em sua cidade natal, Maceió. Na Unifor, decidiu então não repetir o cotidiano adoecedor de antes: era hora de organizar melhor sua rotina para dar conta de tudo. Hoje no terceiro semestre, ela acredita que conseguiu alcançar um equilíbrio. “A gente já começa com sete disciplinas, então tem que ter organização”, conta.
A primeira coisa que Thayná fez foi abrir a agenda e ver quais horários já estavam ocupados com as aulas da graduação, além da monitoria e do estágio. Isso lhe dá noção do “tempo livre” para os estudos. O segundo passo foi classificar as matérias em três níveis de dificuldade. Em seguida, foi só distribuir o conteúdo das disciplinas na agenda, equilibrando a necessidade de maior esforço a ser utilizado em cada.
Para encaixar tudo isso na programação, a estudante escolheu usar o aplicativo Notion, uma espécie de planner que ela pode consultar e alterar a qualquer momento por meio do celular. Outra estratégia de Thayná para otimizar o aprendizado é tomar muitas notas dos conteúdos em pequenos cards coloridos.
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“Pra mim, ter uma relação saudável com os estudos foi muito importante. Aprendi a dosar as coisas. Você tem que estudar, tem que ter muito foco. Mas também tem que saber que é importante ter o momento de parar, respirar e descansar” – Thayná de Medeiros, aluna de graduação em Moda da Unifor
Aproveite os programas da Unifor para estudar com estratégia
Quem nunca chegou ao final do semestre com a sensação de que não está dando conta das disciplinas, pensando em trancar alguma delas ou até paralisar o curso por um tempo? Mas, calma! A Unifor também oferece ferramentas para ajudar quem está se sentindo meio esgotado a se organizar e sair do “aperreio”.
Esta é uma das tarefas abraçadas por Gleiva Rios, professora do curso de Administração que atua também no Programa de Apoio ao Estudante (PAE) do Centro de Ciências da Comunicação e Gestão (CCG). “O discente às vezes chega aqui pensando em trancar disciplinas, e aí vemos que muitas vezes se trata de uma questão comportamental. Ele não conseguia se organizar”, explica.
No PAE, Gleiva conta que o aluno pode passar por uma mentoria individual. O primeiro passo é fazer uma espécie de diagnóstico. Quais os hábitos de estudo e a rotina dele? Há muitos compromissos familiares? Identificados os gaps, a professora conta que ajuda o estudante a montar uma nova rotina. Depois, ele deve retornar para um acompanhamento de como o plano de estudo está sendo posto em prática.
“A maioria demora um mês para mudar de hábito e ver melhorias, mas às vezes acontece de uma semana para outra. Temos que levar em consideração as particularidades do aluno, mas é fundamental termos técnicas que ajudem a organizar a vida acadêmica e o bem-estar dos estudantes” – Gleiva Rios, professora e membro Programa de Apoio ao Estudante do Centro de Ciências da Comunicação e Gestão (CCG).
Para além da mentoria individual, a professora conta que outras ações são realizadas para ajudar alunos e turmas, como, por exemplo, a capacitação sobre gestão de tempo, um recurso valioso para otimizar os estudos.
O PAE está presente nas mais diversas áreas da universidade, não somente no CCG. Seu objetivo é integrar o aluno à vida e à rotina universitária e profissional, propondo estratégias para o seu êxito. Quer organizar melhor seus estudos e tempo? Preparar seu currículo? Conhecer sobre a monitoria? Um momento de escuta? Ingressar no mercado? Procure o PAE na diretoria do seu Centro de Ciências!
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Descubra o que funciona melhor para você: de livros e tecnologias aos podcasts
A estudante Cirlliany Martins, que cursa o quarto semestre de Odontologia, conta que sempre gostou de estudar e foi organizada com sua rotina. Mas, quando entrou na Universidade, percebeu que o que funcionava para ela durante todo o colegial já não era suficiente. Ela precisou adaptar suas técnicas de estudo para melhorar seu rendimento.
Se até então fazer resumos dos conteúdos e exercícios funcionavam no cursinho, na vida acadêmica já não parecia algo proveitoso. A estudante então começou a pensar em novas formas para fixar o conteúdo.
Passou a anotar o que era possível durante as aulas, como os pontos principais que os professores falavam. Ao chegar em casa após o período na Universidade, ela gosta de recorrer aos livros indicados para fixar o conteúdo. “Sinto que lá tenho um leque maior de informações”, conta.
Segundo Cirlliany, para ter técnicas de estudos proveitosas, o estudante deve se conhecer e perceber o que funciona para ele: leitura, escuta de podcasts, flashcards para as provas práticas etc. Outra coisa que a aluna indica e que não dá para deixar de lado: vida social e exercício físico! Ela acredita que quebrar a rotina também é importante para render bem nos momentos de estudo.
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“A dica principal que dou é conhecer seu processo. Como rendo melhor? Ouvindo um podcast ou lendo um livro? Fixo melhor quando escrevo ou quando ensino a outra pessoa? Por exemplo, eu adoro ensinar e aprendo muito quando ensino. Na monitoria, eu tenho uma troca muito boa” – Cirlliany Martins, aluna do curso de Odontologia
Experimente novos métodos de estudo
Para diminuir o abismo que existe entre ação e comportamento, é necessário tomar algumas decisões conscientes. E como toda negociação pode ser percebida como uma batalha, mesmo que seja entre você e sua disciplina, aqui vão algumas ideias para otimizar e planejar os estudos. Elas vêm da administradora, psicóloga e professora do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Hercília Correia, diretamente da sala de aula.
De forma metodológica, aponta, se você é uma pessoa muito visual, utilizar a plataforma Kanban para indicar o andamento das atividades – de forma física ou digital (Notion ou Trello) – pode ser uma estratégia. Ela serve para planejar e acompanhar as tarefas utilizando as categorias Fazer/Fazendo/Feito ou simplesmente acompanhando pelo o uso do “Notas” e/ou lembretes de um celular.
Mas, se o objetivo de aprendizagem for de memorização, de leitura e de concentração, a técnica “O Pomodoro” pode ajudar com pequenos intervalos de tempo de produtividade absoluta, seguido de momentos de relaxamento e descanso.
Nessa ideia, o uso de mapas mentais, com diagramas de frases pontuais, cores e tópicos, ou o uso da Técnica Feynman – que consiste em realizar anotações de todas as explicações de fenômenos estudados para entendê-los de forma simplificada – podem ajudar a evitar a distração ou tendência à procrastinação.
Quando suas habilidades melhoram e você pratica a autodisciplina, dá para perceber que já sabe o caminho. Isso porque você foi responsável pelo seu processo, e repeti-lo pode ser mais fácil e propício a um bom desempenho.
“Cada pessoa tem sua própria forma de aprender algo ou de absorver novas informações. Mas aprender metodologias que ajudam a gerir tempo e agregam nos resultados, preservando a cognição de cada ser, pode ser uma opção para o desenvolvimento pessoal, emocional e profissional” – Hercília Correia, administradora, psicóloga e professora do CCS
Hercília lembra que a gestão do tempo durante a graduação necessita de autodisciplina para o desenvolvimento de habilidades de estudo e comportamentos de autocuidado. “O cotidiano acadêmico é percebido pela maioria dos alunos como algo intenso e causador de dificuldades psicológicas. Para tanto, refletir sobre alternativas de enfrentamento do estresse e soluções de aprendizagens com colegas, professores e coordenadores é um caminho muito promissor”, sugere.
Na sala de aula, ela conta que busca agregar algumas estratégias didáticas para auxiliar seus estudantes. Um exemplo disso é o estímulo ao uso do plano de ensino para orientação e planejamento da disciplina, além do envio de torpedo semanal informando unidade e assunto da semana.
Ela também costuma usar formulários sem identificação para averiguar se os objetivos de aprendizagem foram alcançados e analisa os resultados com os estudantes. Feedbacks sobre a jornada dos alunos também são feitos por Hercília.
Treino repetitivo, qualidade do sono e planejamento semanal são dicas valiosas
É importante lembrar que o aprendizado é mais complexo do que simplesmente memorizar alguma coisa. Trata-se de mudar o comportamento para resolver problemas do ambiente. É quando desenvolvemos competências para solucionar adversidades do dia a dia. Para chegar lá, precisamos nos expor à experiência e aos conteúdos, armazená-los e ter a capacidade de resgatá-los.
Uma das técnicas da neurociência nesta jornada é o treino repetitivo, afirma o professor de Neurociências e Fisiologia da Unifor, Ygor Eloy. “A gente aprende muito repetindo porque assim fortalecemos sinapses neurais”, explica. Para ele, criar resumos pode ser efetivo, desde que o aluno coloque no papel o que lembra do tema.
Ygor Eloy, professor de Neurociências e Fisiologia da Unifor (Foto: Arquivo pessoal)
Outra dica de Eloy é criar mapas mentais para evocar a memória. “Essas duas estratégias – fazer um resumo que não seja copiando e a criação de mapas mentais – são bem interessantes”, aponta.
O docente também sugere que o aluno exercite sua atenção executiva: permanecer atento ao que está lendo e se concentrando em anotar apenas o que vê de grande importância. Afinal, anotar coisas desnecessárias também é uma distração.
Associar o conteúdo a expectativas positivas e emoções positivas também ajudam no processo de aprendizado. “Conseguimos aprender mais e melhor quando temos uma expectativa positiva do que está sendo lido e quando temos emoções positivas ligadas a isso”, revela.
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Eloy também destaca que o sono restaurador é muito negligenciado nas universidades, embora seja um ponto fundamental para o armazenamento de memória. “Não posso garantir um bom aprendizado se tenho um sono ruim”, explica. Exercícios físicos também são cruciais para nos ajudar a aprender mais e melhor.
Do ponto de vista da psicologia do comportamento, o professor ressalta que os estudantes devem criar hábitos saudáveis e produtivos para otimizar seus estudos. É preciso pensar sobre a rotina e ver se ela está trazendo de fato bons resultados.
Não deixe de seguir dicas como planejar a agenda no dia anterior para organizar melhor o tempo, além de organizar a alimentação e o sono para não bagunçar os relógios biológicos que interferem no aprendizado. “O que temos que saber fazer é uma boa gestão da nossa atenção, do nosso foco e da nossa energia”, finaliza Eloy.