seg, 30 setembro 2024 12:19
CSE Informa: A ética no processo de produção e publicação científica
Entenda quais são os cuidados necessários tomar nos trabalhos acadêmicos para evitar conflitos éticos ao publicá-los
Por: Aliria Aiara Duarte
Conselho Superior de Editoração (CSE)
A pesquisa e a publicação científica são processos que trazem inovações, registros e relatos, visando o aprimoramento e avanço da sociedade. É por meio desses trabalhos e etapas que conseguimos ter acesso a diversos tipos de conhecimentos.
No entanto, esse saber não pode ser acessado e passado adiante de forma irresponsável. Por isso, a ética na pesquisa é um fator de suma importância, capaz de garantir que essas informações sejam relevantes e seguras, transformando evidências científicas em transferência de conhecimento comprovado.
Mas como é possível trabalhar com ética e integridade na publicação de artigos científicos e, consequentemente, transmitir um conteúdo valoroso e seguro? Inicialmente, há a necessidade de deixar muito claros alguns critérios que os autores devem seguir, como:
- Contextualização da situação da pesquisa (Onde ela ocorreu? Quem é o público?);
- Curadoria de dados reais, evitando a produção de dados, números ou entrevistas falsas;
- Não utilização de plágios ou autoplágios;
- Pesquisa com consentimento livre e esclarecido;
- Metodologia clara e com referências bibliográficas;
- Cuidados no uso de Inteligência Artificial (IA) em artigos (a IA deve ser uma ferramenta de auxílio e não uma substituição na produção sumária do conteúdo).
Uma segunda etapa trata-se da avaliação do artigo, para que não haja conflitos de interesses, tais como:
- Orientadores avaliando artigos de orientandos;
- Avaliadores avaliando artigo de pessoas próximas ou parentes;
- Interesses financeiros por determinado resultado da pesquisa.
Como saber o que é “certo” ou “errado”?
Atualmente, existem algumas formas de se detectar problemas de ética e integridade em produções científicas. No caso da autoria, as plataformas das revistas acadêmicas já possuem programas que conseguem detectar o uso de IA no conteúdo do artigo.
Por outro lado, quando se trata de relações pessoais, a situação é mais delicada. Cabe ao avaliador, por exemplo, sinalizar se pode ou não continuar na banca de avaliação em casos onde tenha relação direta com o autor do artigo. Nessa situação, chegar a um resultado 100% “correto” depende muito da consciência de quem está avaliando sobre sua impossibilidade de continuar o processo.
O que acontece quando é descoberto algo “errado”?
Varia em cada circunstância, pois a decisão é tomada após avaliação criteriosa com o corpo editorial de cada revista, na busca por evidências de casos antiéticos. Assim, dependendo da gravidade do erro, o periódico pode optar por correção no artigo ou retratação dos autores.
Quem analisa e julga algum problema ético?
As plataformas das revistas, bem como universidades, costumam dispor de um Comitê de Ética, que fiscaliza os procedimentos das publicações, quem está no corpo editorial, quem avalia etc. Esse setor busca se atualizar de todas as normas e diretrizes decididas pela Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC), instituição que tem como um de seus objetivos o zelo pelo padrão da forma e conteúdo das publicações técnico-científicas no país.
Além de regras, programas de detecção de plágio ou uso demasiado de IA, a ética profissional e a consciência de um trabalho digno e bem-feito sempre serão pontos valorosos no processo de editoração e devem ser enfatizados e incentivados no mundo acadêmico.
ABEC e Unifor
Por meio do Conselho Superior de Editoração (CSE), a Universidade de Fortaleza atua em parceria com a ABEC ao oferecer serviços como revisões de artigos produzidos em eventos da Associação. Em retorno, a instituição de ensino superior mantida pela Fundação Edson Queiroz é agraciada com formações e cursos para desenvolvimento de professores, editores científicos e equipe do CSE.
A Associação Brasileira de Editores Científicos é parceira da Universidade de Fortaleza (Imagem: Divulgação)
A professora Dra. Juliana Pinto, gestora do CSE, também faz parte do time da ABEC desde 2020. Em abril deste ano, passou a integrar o Conselho Fiscal da Associação Brasileira de Editores Científicos, onde atuará pelos próximos quatro anos. Segundo a docente, são muitos os benefícios dessa parceria, como uma visibilidade maior para o Nordeste e para Fortaleza. Ela afirma que isso “traz sempre um olhar para nós, para a Unifor”.