Seg, 10 Julho 2023 19:16

Os engenheiros que produzem empreendedorismo

Curso de Engenharia de Produção da Unifor forma profissionais aptos a criar e administrar o próprio negócio, ofertando aprendizado prático e estrutura de ponta para dar asas à criatividade

Era para ser apenas um trabalho universitário. Yan Robert começou a rabiscar um plano de negócios de uma pizzaria como atividade da disciplina de Administração e Empreendedorismo. Estava animado com o curso de Engenharia de Produção da Universidade de Fortaleza — instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz — e tinha muita vontade de empreender porque sentia ser uma atividade diferente, dinâmica e repleta de desafios.

Confiante no projeto que havia desenvolvido e nos conhecimentos adquiridos na Unifor, ele decidiu pegar os 15 mil reais que tinha disponíveis para tirar a Holy Pizza do papel em 2020, em plena pandemia.

Comprou um forno e duas máquinas simples para estruturar a loja, que inicialmente funcionaria apenas por delivery. “Começou como uma microempresa e, no projeto inicial, o tempo de vida duraria só até 2023, pois o intuito era apenas colocar em prática os conhecimentos adquiridos no curso”, conta.

Mas o que nasceu para ser uma espécie de laboratório prosperou. Yan começou com apenas um pizzaiolo e um entregador contratados. Com o tempo, foi modificando e melhorando o produto e aumentando a equipe e as lojas. No ano previsto para o negócio acabar, ele contabiliza três lojas, 30 funcionários e se prepara para funcionar também como rodízio.

“O principal desafio de uma empresa é estar sempre melhorando, inovando, buscando uma melhor estruturação”, explica, citando como exemplos o ganho de tempo, a melhoria de equipamentos e a organização interna da equipe. Ele conta que os aprendizados no curso de Engenharia de Produção da Unifor foram fundamentais não apenas para criar a empresa, mas para conseguir essa melhor estruturação.

Além disso, os conhecimentos da graduação — como o entendimento amplo de gestão e de finanças — lhe deram as ferramentas necessárias para identificar os limites máximos de produção e conseguir fazer um estudo rápido com o objetivo de aumentar a capacidade sem perder a qualidade do produto, aproveitando assim as janelas de crescimento. 

“O aluno sai totalmente capaz de gerenciar qualquer empresa, inclusive o próprio empreendimento, minimizando riscos e tendo maior possibilidade de sucesso”, afirma Yan.

76% dos estudantes brasileiros têm condições prévias para empreender 

Assim como Yan, são muitos os brasileiros que sonham empreender. Há quem queira uma vida sem patrão, quem sonhe em criar algo novo e até quem deseje mudar realidades sociais com um empreendimento. O Monitor Global de Empreendedorismo do Sebrae mostra que seis em cada dez brasileiros querem criar seu próprio negócio.

E não falta aptidão dos estudantes para realizar este sonho, segundo o mapa do empreendedorismo na educação superior do país. A pesquisa, divulgada em maio deste ano pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), revela que 76% dos estudantes de graduação se encaixam em ao menos uma de três condições prévias para o empreendedorismo, categorizadas nos verbos ser, fazer e sonhar.

Conforme o estudo, eles se dividem entre quatro perfis que podem fazer a diferença:

• Os mais tradicionais, aqueles que sonham em abrir o próprio negócio e viver sem patrão, correspondem a 24%;
• Outros 17% são de criadores, que desejam criar coisas que ainda não existem;
• Já os idealistas, que desejam abraçar as motivações sociais, são 31% dos jovens pesquisados;
• Por fim, há 28% de jovens agilizados, que querem fazer sua ideia sair do papel.

Todos confluem para o mesmo objetivo: empreender, transformar ideias em oportunidades de negócios. Mas pesquisadores lembram que a tarefa não é exclusiva aos empreendedores natos, já que o conhecimento necessário para realizar negócios de sucesso pode (e deve) ser ensinado e aprendido na universidade.

Engenheiro de produção, um profissional ímpar para o empreendedorismo

Se antes a ideia de empreender era vista como uma oportunidade única e autofinanciada, agora os jovens abraçam financiamentos coletivos, usam a internet para viabilizar suas empresas e estão dispostos a falhar e tentar outra vez, mostra o estudo. O fato é que essa rede digital abriu portas para a criação de novos negócios e mudou o perfil dos novos empreendedores. 

É neste contexto que o engenheiro de produção tem aparecido cada vez mais como um profissional ímpar para a criação de novos negócios. A “menos tecnológica” das engenharias é também um dos mais promissores caminhos para quem sonha empreender, já que oferece uma formação mais abrangente, que inclui conhecimentos de gestão, finanças, controle de qualidade, cadeia de suprimentos, engenharia de produtos etc.

O profissional da área consegue enxergar os problemas industriais e de gestão de forma global, além de conhecer as tecnologias necessárias para oferecer soluções e otimizar processos, mecanismos fundamentais para que o negócio prospere.

Professor do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT) e assessor do curso de Engenharia de Produção da Unifor, João Marcelo Carneiro pontua que o empreendedorismo é uma importante atividade econômica para o país.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sebrae (2021), o Brasil registrou uma elevada quantidade de abertura de pequenas empresas. Foram quase quatro milhões de novos empreendimentos, 80% deles como Microempreendedor Individual (MEI).

“Mesmo com todos os desafios econômicos do país, o empreendedorismo está em alta no mercado e a cada dia ganha mais adeptos. Isso porque investidores buscam novos desafios e buscam melhorar os seus rendimentos, seja com um e-commerce, um pet shop de bairro ou com uma empresa de grande porte”, acrescenta.

Se há uma maré positiva neste momento com grupos de investidores e políticas públicas de incentivo, João Marcelo lembra que alcançar o sucesso não é fácil: “É preciso conhecer o mercado e entender a dor dos clientes para conseguir oferecer o melhor produto e serviço”.

+ 9 elementos para estruturar o seu modelo de negócio

Empreender para gerar impacto positivo na sociedade

Alinhada às exigências do mercado, a Unifor tem se preocupado em garantir o conhecimento necessário para que seus alunos obtenham sucesso na jornada empreendedora. Foi lá que a estudante de Engenharia de Produção Victória Fontenele viu despertar o seu interesse em montar o próprio negócio.

“Desde o início [do curso], tive a oportunidade de participar de algumas palestras e workshops relacionados ao empreendedorismo. A partir daí, nasceu o desejo de construir algo que gere impacto positivo na sociedade e que me permita aplicar o que venho aprendendo na Universidade”, conta.

Foi assim que ela criou — juntamente com o irmão, que é engenheiro eletricista pela Unifor — a empresa Sarev Soluções, que atua nos segmentos de infraestrutura, climatização, elétrica, telecomunicações e segurança eletrônica, oferecendo soluções em engenharia para projetos, instalações e manutenção.

Ao identificarem oportunidades em engenharia e manutenção, principalmente no atendimento personalizado ao cliente, eles se aprofundaram no segmento e criaram o planejamento estratégico para iniciar a operação, que hoje se espalha por Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. “E temos expectativa de abranger os demais estados do Nordeste”, anuncia a estudante.

Com uma jornada empreendedora relativamente nova, Victoria diz que um dos seus principais desafios é a gestão de tempo. Outro, é a tomada de decisão de forma assertiva. “Hoje sou responsável por decisões que afetam o rumo do negócio, então toda decisão precisa ser analisada com cautela. Isso demanda conhecimento de mercado e clareza dos objetivos da empresa”, explica.

Mas ela se sente segura para superar as adversidades por conta do que aprendeu na graduação, onde muito se fala sobre otimização de processos e análise de dados. “Isso é seriamente necessário na minha rotina. Desde a identificação de gargalos e redução de desperdícios até o uso de ferramentas estatísticas, tudo é aplicado de forma a suportar a necessidade da empresa”, explica.

Para dar um exemplo prático: graças à ferramenta de matriz de risco de fornecedores que aprendeu a manejar na Universidade, Victoria consegue avaliar e mapear as vantagens e desvantagens de cada fornecedor, se antecipando a possíveis riscos.

Conhecimento para melhorar processos e aumentar lucros

Maximiliano Oliveira estava focado em buscar formas para otimizar a empresa da família, uma loja automotiva que já atuava há três décadas no mercado cearense com serviços que vão desde a troca de escapamentos à performance para ganho de desempenho de veículos. Ele entrou na graduação em Engenharia de Produção para aprender como melhorar o tempo das atividades, mantendo a eficiência e potencializando os lucros.

Os conhecimentos adquiridos no curso, que Maximiliano concluiu neste semestre, foram cruciais para que o novo empresário e gestor mudasse alguns processos na empresa. Desde então, passou a comprar algumas peças — antes fabricadas por eles — de fornecedores, o que reduziu o tempo de serviço e aumentou o rendimento.

Também implantou novas máquinas, como a troca do antigo maçarico a gás usado para fazer cortes por uma serra sabre. Com isso, conseguiu economizar insumos como oxigênio e otimizar recursos. “Meu pai até relutou no início com as mudanças, mas acabou aceitando as adequações”, conta ele, que hoje gerencia o empreendimento.

Maximiliano ainda tem aplicado técnicas de gestão de estoques, tema do seu trabalho de conclusão de curso na Unifor. Nele, estruturou melhor mini estoques com as peças de maior saída para economizar o tempo de busca do funcionário.

Um curso que ajuda a formar empreendedores

A matriz curricular do curso de Engenharia de Produção da Unifor traz elementos importantes para agregar nas habilidades necessárias aos novos empreendedores por meio de disciplinas como:

• Estratégia Empresarial,
• Ergonomia e Segurança do Trabalho,
• Análise Estatística,
• Gestão Financeira,
• Engenharia da Qualidade,
• Ferramentas de Gestão,
• Logística e Cadeia de Suprimentos,
• Engenharia do Produto,
• Liderança e Gestão de Pessoas,
• Gestão Estratégica de Serviços.

O professor João Marcelo explica que esses conteúdos deixam o engenheiro de produção apto a gerir seu empreendimento de forma assertiva. O estudante sai com a capacidade de identificar e avaliar oportunidades, desenvolver um plano de negócios, determinar e captar os recursos necessários e gerenciar a empresa criada.

Já as atividades de extensão buscam criar atividades práticas que estejam relacionadas às disciplinas cursadas para conectar os alunos e a sociedade. Isso não só aproxima a teoria da prática, mas, segundo João Marcelo, eleva o senso crítico e a capacidade de resolver problemas, além de ampliar a criatividade, requisitos indispensáveis para quem quer empreender.

“A matriz curricular do curso de Engenharia de Produção é muito diversificada e possui disciplinas voltadas para a gestão, como as que têm foco na melhoria do processo produtivo, e isso possibilita ao aluno uma experiência muito rica para o empreendedorismo”, resume.

+ Conheça a Engenharia de Produção

Um escritório para fomentar a cultura empreendedora desde a universidade

Quem estuda na Unifor ainda conta com o Escritório de Gestão, Empreendedorismo e Sustentabilidade (EGES), que foi desenvolvido para atuar no fomento da cultura empreendedora na Universidade e oferecer atendimentos personalizados para viabilizar novos negócios.

“Atendemos alunos, ex-alunos e funcionários que estão querendo empreender ou que já empreendem, mas que querem rever algum aspecto ou redesenhar o modelo de negócios”, explica Renata Torquato, professora de empreendedorismo e coordenadora do EGES. Os projetos auxiliam todas as etapas da jornada empreendedora, além de promoverem cursos e premiações. 

O escritório atende a comunidade acadêmica, incluindo estudantes da Engenharia de Produção, que dispõe de um amplo mercado para empreender — como as áreas de gestão da produção, gestão da qualidade, gestão econômica, gestão de produtos, pesquisas operacionais, gestão ambiental, gestão do conhecimento organizacional, educação e engenharia de produção, entre outros.

Renata destaca que existe uma demanda que está aumentando nessas áreas de atuação do engenheiro da produção, e o curso da Unifor traz a melhor formação para esse profissional que planeja projetar, implantar, melhorar e manter os sistemas produtivos com uma abordagem sistêmica.

Apoio para um negócio que leva produtos para além do Brasil

Esse apoio da Universidade foi fundamental para que Ananias Mendes levasse adiante o seu projeto empreendedor. Quando começou a cursar Engenharia de Produção na Unifor, ele decidiu deixar para trás a vida de funcionário e montar o próprio negócio.

“A Pinho nasceu em um momento um pouco improvável”, conta. O mundo vivia o lockdown imposto pela pandemia do novo coronavírus, e ele e sua família começaram a pensar em formas de importar peças de lingerie para revender em Fortaleza.

“Então meu pai me sugeriu fazer as peças junto com a minha mãe. E como já tinha um primo que fabricava aqui em Fortaleza, fomos falar com ele e recebemos todo o suporte e apoio”, lembra. A empresa hoje conta com mais de 20 colaboradores e suas peças estão presentes em quase todos os estados do Brasil, além de cidades da África e da Venezuela.

Para o egresso, um dos maiores desafios da jornada de empreendedor é a constante necessidade de inovação. “O mercado muda muito rápido, o gosto dos consumidores muda também com muita velocidade”, diz. Por isso, é preciso ter capacidade de visualizar as tendências e se adaptar às mudanças.

Além disso, o aprendizado da graduação é fundamental no cotidiano como gestor: “Os conhecimentos do curso me acompanham diariamente, desde o desenvolvimento de novas peças, até o pós venda. Uso bastante as ferramentas aprendidas na Universidade, como construção da ficha de composição de custos, funil de vendas, elaboração de layouts de produção, organização do estoque de acordo com a curva ABC, entre várias outras”.